A inevitável demissão de Mancini indica novos rumos para o Vitória
Desde o dia 18 de fevereiro, quando o Vitória deixou o campo mais cedo em virtude de cinco expulsões no clássico Ba-Vi, o técnico Vagner Mancini e o rubro-negro baiano caminharam para lados opostos. Enquanto o Vitória tentava recuperar sua imagem no cenário nacional – já que o episódio no Barradão, aos olhos da opinião pública, foi classificado como vergonhoso –, Mancini fazia crescer uma antipatia jamais vista em sua carreira de altos e baixos. A estratégia foi péssima para os dois.
Mais de cinco meses se passaram, e o Vitória foi quem mais perdeu com o episódio. O time não adquiriu identidade tática, passou a viver momentos de instabilidade técnica e emocional dentro de campo, e o resultado foi a perda do título estadual dentro do Barradão. Semanas depois, tropeço na Copa do Nordeste para o Sampaio Corrêa, e eliminação na Copa do Brasil para o Corinthians.
Mesmo com todos os indícios de que a equipe perdeu o rumo, Vagner Mancini esteve prestigiado. Neste período, procurou refúgio num trabalho pragmático, buscando resultados para trazer paz ao ambiente. Em paralelo, os desempenhos do Vitória não convenciam – salve um jogo ou outro, como aquele em que o rubro-negro segurou o próprio Corinthians no Barradão, com um comemorado 0 a 0 pela Copa do Brasil. Acusado de ter mandado o zagueiro Bruno Bispo tomar o segundo cartão amarelo naquele famigerado Ba-Vi e, consequentemente, provocado o fim precoce do confronto, Mancini adotou uma postura reativa no seu discurso. Chegou a declarar que seus jogadores não cumprimentariam os atletas do Bahia em clássicos. “Se o árbitro vier, ou alguém da federação, do governo, ou da Nasa pedir para que meus atletas se perfilem no centro do campo, eu não vou permitir”, declarou o comandante, passando por cima de uma atitude que é institucional – caberia à diretoria do Vitória tomar tal decisão. Fez pergunta a si próprio em coletiva. Anunciou cirurgia de jogador, e foi desmentido pelo próprio médico do clube.
A diretoria rubro-negra, diga-se de passagem, ficou do lado do treinador após o Ba-Vi de 18 de fevereiro. O presidente Ricardo David chegou a dizer que “o Vitória está devendo um bom time ao Mancini”, praticamente assumindo sozinho a culpa pelo fracasso do time nos quatro primeiros meses do ano. O treinador reclamou, e com razão, da demora em contratar jogadores para reforçar o time. Durante o período de Copa do Mundo, oito novos atletas chegaram. Apenas Arouca garantiu titularidade absoluta, enquanto os outros ainda são uma incógnita.
A quarta passagem de Vagner Mancini pelo Vitória, porém, teve bons momentos. No Brasileirão do ano passado, o treinador conseguiu recuperar uma equipe que estava virtualmente rebaixada. Fez um segundo turno digno de briga por Libertadores. Apesar do sofrimento na última rodada, quando perdeu para o Flamengo no Barradão, mas escapou do rebaixamento graças à derrota do Coritiba para a Chapecoense, o trabalho de recuperação foi bem sucedido. Mancini, agora, deixa o rubro-negro em situação parecida com a que encontrou o clube há um ano: brigando contra a degola na Série A de 2018.
No fim das contas, a demissão de Vagner Mancini não é absurda. O aproveitamento de 51% em 67 jogos nos últimos 12 meses dá a exata noção do trabalho do técnico neste período. Sua saída, porém, não significa a solução para os muitos problemas do Vitória. Problemas técnicos, táticos, financeiros e de imagem. Uma imagem que precisará ser recuperada o mais rápido possível – assim como a de seu ex-treinador.
Fonte: Elton Serra, blogueiro do ESPN.com.br
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