As preocupantes e controversas saídas de Sport e Náutico da Liga do Nordeste
“Pagamos para jogar a Copa do Nordeste”. Com esta frase, o presidente do Sport, Arnaldo Barros, sintetizou a saída do clube da Liga de Clubes do Nordeste, responsável pela organização da competição. Ao lado do Náutico, o rubro-negro pernambucano anunciou sua desfiliação e não disputará o Nordestão a partir de 2018.
A decisão de dois dos grandes clubes da região aparenta, também, ter um tom político. O presidente da Federação Pernambucana, Evandro Carvalho, afirmou que o modelo de disputa da Copa do Nordeste não atende o interesse dos seus filiados, nem da FPF. O curioso é que as cotas pagas aos clubes no estadual são menores que as recebidas pelos integrantes do Nordestão – além disso, o Sport, por exemplo, faturou muito mais com bilheteria na competição regional: R$ 1,1 milhão contra aproximadamente R$ 850 mil no Campeonato Pernambucano. Carvalho, inclusive, participou da coletiva ao lado os presidentes do Leão e do Timbu.
O intrigante, também, é que o único argumento concreto dos clubes para a saída da Liga do Nordeste é a divisão das cotas de TV. Durante todo o discurso de Arnaldo Barros, o que se ouviu foram ideias vazias. Não há um projeto para se criar uma liga independente, nem uma ideia do que se fazer com o “tempo livre”, já que a Copa do Nordeste sai do calendário do Sport. O intuito foi apenas o de comunicar o desligamento do grupo. Ao invés de buscar o fortalecimento da competição, a decisão foi de romper com a Liga – a atitude mais extrema possível, por mais que o presidente rubro-negro tenha afirmado que buscou diálogo.
Sport e Náutico fazem parte do grupo de fundadores da Liga do Nordeste, composto por mais 14 clubes. Desde a sua fundação, em 2000, o Leão da Ilha foi campeão em 2015 e vice em 2001 e 2016. O Timbu foi terceiro em 2001 e 2002, e já estava fora da próxima edição, justamente por ter fracassado no Campeonato Pernambucano. O Sport também já teve seu ex-presidente, Luciano Bivar, como vice-presidente da Liga.
Os outros fundadores da Liga do Nordeste, com exceção do Santa Cruz, não se manifestaram oficialmente. O clube coral irá reunir seu Conselho Deliberativo para tomar uma decisão.
Qualquer clube de futebol tem direito de defender suas ideias. É justo e lícito. Porém, fica claro que existe certa hipocrisia no discurso de muitos. Os grandes clubes do Nordeste, ao longo dos anos, têm reclamado da disparidade entre os valores das cotas de TV pagas aos clubes da Série A, mas querem aplicar este mesmo abismo no Nordestão. Com a mudança da fórmula de disputa do torneio, que agora privilegia os mais bem rankeados na lista anual da CBF, os clubes menores perderão cada vez mais espaço, estancando o crescimento do futebol na região.
A expectativa é saber se os posicionamentos de Sport e Náutico serão mantidos, ou a Liga do Nordeste irá contornar a situação. Enquanto isso, a região observa mais uma rachadura numa ideia que trouxe esperanças de dias melhores para o futebol nordestino.
Fonte: Elton Serra, blogueiro do ESPN.com.br
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