Os critérios do Bahia para a escolha de Enderson Moreira
O Bahia resolveu manter a estratégia na escolha do seu novo treinador, e Enderson Moreira comandará o time até o final da temporada, com uma cláusula de renovação de contrato por mais um ano. Uma escolha que não surpreende, e que mostra que a ideia era justamente provocar um “choque” no vestiário.
A diretoria tricolor, durante o processo de identificação do perfil do novo treinador, percebeu que o trabalho de Guto Ferreira não foi tão ruim. Como já havia escrito neste blog, o desempenho (e, consequentemente, os resultados) fora de casa pesou para a sua demissão. No entanto, a estrutura tática e a forma do time atuar, buscando o jogo apoiado e a posse de bola no campo ofensivo, deram uma identidade que o Bahia não tinha há anos. Enderson Moreira se encaixa perfeitamente nos requisitos.
Assim como Guto, Enderson é um treinador experiente, mas que ainda pode ser incluído na categoria dos “emergentes”. Quando teve oportunidades em grandes clubes, não conseguiu corresponder à altura. Encontrou no América-MG a chance de recomeçar um bom trabalho e ser lembrado pelas camisas mais pesadas – assim como Guto fez ao acertar com a Chapecoense, em 2015. Quase dois anos e 111 partidas depois, Enderson melhorou a sua imagem no mercado e despertou o interesse do Bahia.
Dinheiro pesou
Na sexta-feira passada, Enderson Moreira declarou que só sairia do América se a diretoria do clube mineiro quisesse. Disse estar focado no objetivo do Coelho, que é a permanência na Série A, e reforçou sua vontade de terminar o trabalho. Até aparecer o presidente do Bahia, Guilherme Bellintani, com uma proposta que balançou o treinador. Agora, terá que explicar o porquê de deixar um projeto consolidado para encarar um novo desafio na carreira, indo na contramão do que pregou há poucas horas.
Obviamente que o projeto de dirigir um time que está na segunda fase da Copa Sul-Americana, nas semifinais da Copa do Nordeste e muito próximo de carimbar vaga nas quartas da Copa do Brasil pesou. Com boas opções no elenco, a possibilidade de sair da zona de rebaixamento e fazer uma boa campanha no Brasileirão também tem influência direta na escolha. Comandar um clube de massa e projetar sua visibilidade em nível nacional ajuda, também. Porém, as questões financeiras foram preponderantes para a decisão de deixar o América-MG.
A proposta do Bahia, além de garantir um aumento salarial significativo para Enderson (praticamente duas vezes mais do que ele recebia no Coelho), abraçou também seus companheiros de comissão técnica. Chegam ao Fazendão o preparador físico Edy Carlos Toporowicz, o auxiliar técnico Luís Fernando Flores e o preparador de goleiros Ailton da Hora.
Métodos de trabalho
Enderson Moreira é um daqueles técnicos que defendem a ideia de que o time precisa ficar com a bola o máximo de tempo possível. Compactação, pressão na perda da bola e uma troca de passes mais rápida foram as maiores preocupações do treinador nos tempos de América-MG. Partindo dessa ideia de jogo, o esquema tático variava: dos já tradicionais 4-1-4-1 e 4-3-3, até o polêmico 3-5-2, formação pouco usada no Brasil. Os esquemas giram em torno da versatilidade dos jogadores, questão importante na hora de tomar a decisão de qual sistema utilizar.
No Campeonato Brasileiro, Enderson não estava conseguindo fazer o América jogar do jeito que ele gosta. Em todos os jogos da atual edição, o Coelho teve menos posse de bola que seus adversários. Contra a Chapecoense, último jogo antes da parada para a Copa do Mundo, o time mineiro terminou com 49% de posse – sua maior marca na Série A deste ano.
Nos jogos fora de casa, grande preocupação da diretoria do Bahia, o América teve média próxima dos 40%. Fruto de um elenco que, ao perceber suas limitações técnicas, passou a jogar de forma reativa. Com isso, o time ganhou estabilidade e faz uma campanha razoável no Brasileirão. Enderson, agora, terá uma equipe capaz de lhe proporcionar o estilo de jogo que gosta.
O Bahia fez uma aposta sem mudar radicalmente o perfil de técnico que tem buscado nos últimos anos. Enderson Moreira, por outro lado, faz a aposta que pode, novamente, elevar seu patamar na prateleira dos treinadores do futebol brasileiro.
Fonte: Elton Serra, blogueiro do ESPN.com.br
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