Bahia e Vitória no Z-4 em semana de clássico. Cenário preocupante, mas sem terra arrasada
Já se passaram sete semanas desde o último Ba-Vi, disputado pela final do Campeonato Baiano, e que encerrou uma sequência de quatro confrontos consecutivos entre tricolores e rubro-negros. No próximo domingo, o sexto clássico da temporada terá um ingrediente bem amargo: os dois estão na zona de rebaixamento da Série A.
É preciso entender o aconteceu neste ínterim. Ambos os times mudaram de treinador (o Vitória por duas vezes, inclusive), contrataram jogadores e sofreram soluções de continuidade. Dois processos duros, mas que funcionaram de maneiras bem diferentes nos dois clubes.
O Vitória, com a eliminação para o Bahia nas semifinais da Copa do Nordeste, acreditou que o planejamento estava mal feito. Contratou Dejan Petkovic como gerente de futebol, demitiu o técnico Argel Fucks e alçou Wesley Carvalho como interino. Sem convicções, mesmo com o título estadual, buscou um novo treinador no mercado e não obteve êxito - Petkovic, então, acumulou funções e o rubro-negro criou a figura do team manager: uma espécie de técnico responsável por todas as áreas do departamento de futebol, desde a captação de novos atletas até a discussão de orçamento com a área financeira.
Com o fracasso nas primeiras rodadas do Brasileirão, o Vitória anunciou a saída do diretor Sinval Vieira, responsável pela montagem do time no início da temporada. Petkovic, então, resolveu dedicar-se exclusivamente ao papel de gestor e foi ao mercado buscar um novo técnico. Alexandre Gallo, numa lista de quase 30 nomes, foi o escolhido pela diretoria. Ao final deste processo, o rubro-negro já acumulava quatro jogos sem vencer e três derrotas consecutivas na Série A.
O Bahia conquistou o título do Nordeste e começou o Campeonato Brasileiro com um 6 a 2 contra o Atlético Paranaense. Em meio a duas derrotas fora de casa, para Vasco e Botafogo, o técnico Guto Ferreira recebeu proposta do Internacional e deixou o tricolor. A diretoria buscou no mercado um perfil parecido com o de "Gordiola", e chegou ao nome de Jorginho, profissional capaz de manter o padrão tático da equipe e não mexer profundamente na estrutura deixada por seu antecessor.
Mesmo com um time organizado, Jorginho convive com algo comum a clubes com orçamento restrito: a falta de boas opções no banco de reservas. Sem Régis, o Bahia perdeu muito de sua critividade; com a ausência de Edson, o time deixou de ter força defensiva no meio-campo, algo destacado durante boa parte da temporada; Renê Júnior, suspenso no último jogo, foi ausência sentida na saída de bola e construção do jogo a partir do campo de defesa. Somam-se as lesões de jogadores como Jackson e Hernane aos problemas, e o técnico tricolor tem uma realidade aproximada do que a Série A lhe oferece.
Com todos as dificuldades já conhecidas, a dupla Ba-Vi, porém, não possui equipes para encabeçar uma zona de rebaixamento. O Vitória tem dois volantes, Willian Farias e Uillian Correia, capazes de dar consistência ao meio-campo, tanto na saída de bola como na marcação; Patric qualifica a transição ofensiva pelos lados; David e Neilton são atacantes rápidos e habilidosos, assim como Kieza, jogador de constante movimentação ofensiva; Cleiton Xavier dá toques de experiência e qualidade, necessários em momentos complicados do jogo; André Lima é um centroavante capaz de decidir jogos, desde que esteja em condições físicas para isso. Falta ao Vitória reencontrar um padrão de jogo e, a partir daí, buscar variações táticas -Alexandre Gallo terá pela primeira vez uma semana inteira para trabalhar. Óbvio que o rubro-negro, com todas as qualidades citadas, não tem o time dos sonhos, capaz de buscar Libertadores ou título, mas pode sofrer menos sufoco.
O padrão tático que Gallo tanto busca já é visível no Bahia. A etapa seguinte é buscar as variações, algo que Jorginho também terá tempo de trabalhar durante a semana. Encontrar alternativas para a falta de bons substitutos é um desafio para o treinador tricolor, que tem um excelente time titular nas mãos.
A semana será dura para tricolores e rubro-negros. É, sem dúvida, o Ba-Vi mais duro do ano, pelo cenário criado por ambos no Campeonato Brasileiro. Porém, de tudo se tira boas lições. Não há terra arrasada: o clássico de domingo pode ser um recomeço para dois times que podem mostrar muito mais do que tem apresentado até agora.
Fonte: Elton Serra, blogueiro do ESPN.com.br
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