Mengão em cacos
O Flamengo se prepara para pegar o Bahia, em Salvador, escangalhado, dentro e fora de campo. A derrota nas semifinais da Copa do Brasil para o Corinthians, inferior tecnicamente, mas muito superior em espírito, foi uma nova machadada na autoestima rubro-negra. Mesmo com tantos bons e caros jogadores, o time não embala. A gestão que tem Eduardo Bandeira de Mello em seus últimos meses como presidente se mostra bem-sucedida do ponto de vista administrativo, mas em campo, a atividade-fim do clube, é um fracasso. Bandeira pode entender de finanças, mas de futebol, como o presidente Leco, do São Paulo, e tantos outros, pouco sabe.
Depois das eliminações na Libertadores e na Copa do Brasil, resta o Brasileirão, onde apenas três pontos separam o clube da Gávea, na quarta posição, do líder São Paulo – embora, pelo buraco em que se meteu o Flamengo, essa distância pareça maior.
Na manhã desta sexta-feira, veio a notícia que todos esperavam, curta e grossa. Em nota oficial, o clube anunciou que Maurício Barbieri não é mais técnico do Flamengo. Quem comanda os treinos e provavelmente o time no confronto contra o Bahia é Maurício Souza, o auxiliar. Barbieri, que chegou para fazer parte da comissão técnica e foi alçado à condição de treinador sem estar totalmente preparado, deve seguir seu caminho. Como Osmar Loss no Corinthians, não há como voltar atrás na carreira, tampouco ficar no clube.
O que todos se perguntam é: quem virá para ocupar o cargo de técnico do clube de maior torcida do Brasil? Será apenas até o fim do ano? Especula-se que Dorival Júnior seja o nome mais forte. Seria ele a encerrar o ciclo de Bandeira na presidência, justo Dorival, que foi também seu primeiro treinador, em 2013. Levir Culpi e Vanderlei Luxemburgo são outros nomes cogitados. Eu pergunto ao rubro-negro: algum empolga? A mim, não. Desses, Dorival parece mesmo o melhor para o momento, mas é pouco. O Flamengo precisa encontrar alguém com mais identidade com o clube, que mostre paixão em cada palavra, olhar, celebração. Dorival é de outra seara. Mas esse sujeito existe? Não sei. Isso também é uma falha dos clubes brasileiros. Vivo dizendo que falta “categoria de base” para técnicos. Eles precisam ser gestados dentro do clube, a partir de um plano de carreira e com claros critérios de identidade, valores, história.
Falta no Flamengo também alguém que dê suporte ao treinador. Desde a saída de Rodrigo Caetano (que, dado o deserto de ideias em nosso futebol, se destaca na função de Diretor Executivo, assim como Alexandre Mattos, do Palmeiras, e agora Raí e Lugano, no São Paulo), o clube vive um vácuo nessa função. Carlos Noval assumiu o cargo, mas não disse a que veio. Sem esse suporte, o treinador fica muito exposto, e o desgaste é inevitável. Para encerrar, um dado que diz muito sobre a maneira como os clubes brasileiros são administrados: neste século, o Flamengo trocou de treinador 40 vezes, recorde nacional.
Fonte: Maurício Barros
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