E Raí tendo que lidar com sujeitos como Cueva?
Conversei longamente com Raí em meados do ano passado. Trocamos ideias sobre reputação, credibilidade, ética, essas coisas que andam tão na moda hoje quanto a pochete, a kaiser bock e a lambada. Falamos bastante sobre seus interesses diversos, da Fundação Gol de Letra ao cinema em Pinheiros, dos estudos em Londres ao perfil das empresas que o procuram para campanhas publicitárias. Estava junto seu sócio de longa data, Paulo Velasco. Àquela altura, Raí já fazia parte da equipe do presidente Leco no São Paulo, como membro do Conselho de Administração. Mas, em nosso papo, ele não dava pinta de que entraria ainda mais a fundo na gestão do clube, como viria a fazer em dezembro no cargo de diretor de futebol.
Fico imaginando como deve ser difícil para Raí lidar com indivíduos como o peruano Cueva, que, já não bastasse o atraso de uma semana em sua reapresentação para a temporada 2018, pediu agora para não viajar com o clube para Mirassol, onde o São Paulo busca sua primeira vitória no Campeonato Paulista. Ele tem propostas para sair, entre elas a do Al-Ahli, dos Emirados Árabes Unidos, mas o São Paulo tem dito que não quer negociá-lo neste momento.
Via site oficial do clube, Raí fez um comunicado com teor inadmissível para alguém que, como ele, pautou sua carreira pelo profissionalismo inquestionável. Dá pra sentir o sangue fervendo em cada palavra. “O Cueva nos pediu para não participar do jogo e nós avaliamos que ele não está plenamente comprometido com a agenda do clube neste momento. Assim, decidimos não levá-lo com a delegação para Mirassol. Nós lamentamos essa situação e estamos trabalhando para tê-lo apto física e mentalmente e à disposição para voltar a contribuir com o São Paulo o mais rápido possível. O São Paulo não abre mão do jogador neste momento”.
Para um profissional de qualquer área, ver-se exposto dessa maneira pelo chefe deveria ser uma enorme humilhação. Ser acusado de não estar comprometido com a agenda do clube faria qualquer um repensar seus modos. Mas não sei se Cueva se tocará disso. Duvido. Como declarou Orlando Lavalle, treinador do peruano na base do Universidad San Martín, em recente reportagem do Uol, ele sempre, desde garoto, foi muito mimado. E pela postura de Leco, para quem não adianta querer manter jogador insatisfeito e o melhor é negociar (vide Lucas Pratto), suspeito que o peruano, principal homem de criação do São Paulo após a saída de Hernanes, não vestirá mais a camisa tricolor.
Gerir jogadores de futebol é um inferno. Em geral, salvo exceções, são mal formados culturalmente, têm repertório estreito, sofrem uma influência enorme de familiares e empresários. E, no caso dos melhores, e Cueva está entre eles, são muito ricos, o que complica ainda mais, pois não toleram ser contrariados e ameaçam sair. Raí foi o oposto disso tudo. Imagine o que não lhe dói no fígado, mesmo ganhando bem para tanto, ter que lidar com um sujeito de postura tão abjeta como Christian Cueva.
Fonte: Maurício Barros
E Raí tendo que lidar com sujeitos como Cueva?
COMENTÁRIOS
Use a Conta do Facebook para adicionar um comentário no Facebook Termos de usoe Politica de Privacidade. Seu nome no Facebook, foto e outras informações que você tornou públicas no Facebook aparecerão em seu cometário e poderão ser usadas em uma das plataformas da ESPN. Saiba Mais.