Um campeão com goleiro, o novo 'Rei de Copas', e o maior dos vices com vilões, que não jogam no gol
O título do Cruzeiro na Copa do Brasil é pra lá de indiscutível. Antes de superar o Flamengo na decisão, passou por Grêmio, Palmeiras, Chapecoense, São Paulo, Murici, Volta Redonda e São Francisco. Oito adversários, cinco de primeira divisão, quatro deles que disputaram a Libertadores deste ano.
Teve momentos complicados, correu riscos diante do São Paulo e permitiu ao Palmeiras virar, no placar agregado, um 3 a 0 construído no campo do adversário. Mas reagiu e buscou a classificação. Despachou o Grêmio, favorito para muitos, e enfim os rubro-negros diante de sua torcida.
Mano Menezes volta a ganhar um título após oito anos, a mesma Copa do Brasil que ergueu pelo Corinthians e 2009. Ao seu estilo, pragmático até demais em alguns momentos, mas inegavelmente bem sucedido no torneio, remédio para os males causados em outras competições.
O Cruzeiro teve goleiro. E dos bons. Nos dois jogos. Fábio fez a diferença, como fizera na semifinal diante dos gremistas. Fechou o gol no Maracanã e disse presente no Mineirão quando chamado. Além de pegar de maneira sensacional o pênalti batido por Diego, decisivo, que valeu o título.
Mano e os cruzeirenses sabiam que numa disputa de penalidades máximas teriam ampla vantagem. Com bola rolando, jogavam praticamente por um empate diante do retrospecto assustador de Alex Muralha, o arqueiro que estava do outro lado.
Se no jogo de ida o jovem Thiago falhou clamorosamente e De Arrascaeta empatou, na volta Muralha falhou em saídas de gol, uma em cada tempo, e errou o canto em quatro das cinco cobranças celestes. Na que acertou, de Diego Barbosa, não teve chance, a bola entrou lá no alto.
Diego, o mais badalado e um dos mais caros do elenco rubro-negro, perdeu o penal decisivo, como desperdiçara diante do Palmeiras pelo Campeonato Brasileiro. Ali foram dois pontos pelo caminho e a chance de se aproximar dos primeiros lugares. Desta vez custou o título. Seu desempenho, mais uma vez, foi sofrível.
Muralha não é o vilão, mas apenas um goleiro limitado tecnicamente, que comete falhas seguidas, não transmite segurança e tem imensa dificuldade com pênaltis. Desde o Figueirense foram 31 cobranças, ele defendeu apenas uma e nas 11 mais recentes errou o canto em nada menos do que nove.
Sim, o arqueiro Alex não passa sequer perto de fazer uma defesa quando o adversário parte para a bola na marca fatal. E não melhorou, mesmo após semanas de treinamento específico. O erro maior não é dele, mas de quem não buscou alguém mais qualificado antes, após a queda na Libertadores.
As pobres opções rubro-negras na decisão, um goleiro fraco em má fase e outro inexperiente, foram resultado de graves erros de avaliação. E também na condução do departamento de futebol, encabeçado pelo presidente e vice (acumula os cargos), Eduardo Bandeira de Mello.
O Flamengo fracassou na Libertadores, mostrou deficiências de seu elenco, inclusive na meta. Não houve uma avaliação profunda das razões daquela precoce desclassificação, mal testaram Thiago, tampouco buscaram logo outro goleiro. Jogadores mais fracos foram mantidos e o principal dirigente disse que "protege" os criticados, quando deveriam discutir se deveriam ficar.
Ora, os mais criticados são os que jogam mal e, consequentemente, prejudicam o Flamengo. Não por desejarem isso, mas por não terem qualidade o bastante num cenário de maior cobrança devido ao investimento e melhor nível técnico do elenco.
Num ambiente pouco competitivo, de acomodação, os fracassos se somam: eliminação precoce na Libertadores, 18 pontos atrás do líder ao final do turno na Série A, eliminação na Primeira Liga para um time da segunda divisão e agora o vice da Copa do Brasil. E campeão carioca, sim. Mas tanto dinheiro e só isso?
Para Diego aparentemente sim. Em recente entrevista o craque do time disse que a temporada era boa e que a equipe ganhou o Estadual de forma invicta. Verdade. O experiente jogador mostrava ali uma clara falta de sintonia entre o que pensa e se espera do Flamengo, onde é estrela. A falta de fome por vitórias é clara.
Diego vem jogando mal, muito mal. Atuações que teriam repercussão maior não fosse o gol que eliminou o Botafogo, em mais uma partida fraca do camisa 35. Ele é um dos vilões, não pela batida que parou na grande defesa de Fábio, mas pelo fraco futebol, por não chamar o jogo, por não decidir como deveria.
Isso tudo não é coincidência, azar, é em alguns casos incompetência. Eduardo Bandeira de Mello é um homem honesto e tem seus predicados, já deu sua contribuição na presidência e tem mais 15 meses de mandato, mas não ajuda à frente do futebol. Deveria, num gesto de grandeza, se afastar do departamento, para que seja 100% profissional, com metas e cobranças, sem "proteção".
Já o Cruzeiro, que até então somara fracassos em outros certames em 2017, foi pragmático e competitivo. A sequência de triunfos contra rivais de peso na Copa do Brasil confirma isso. E tinha goleiro. Tem goleiros, no plural, Fábio e Rafael. São cinco conquistas. Duas em cima do Flamengo, o maior vice — quatro vezes.
É o novo Rei de Copas!
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Fonte: Mauro Cezar Pereira, blogueiro do ESPN.com.br
Um campeão com goleiro, o novo 'Rei de Copas', e o maior dos vices com vilões, que não jogam no gol
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