Micale, o 'estudioso', tira nota baixa e fracassa no Atlético do presidente cada vez mais atrapalhado
Rogério Micale tem sua trajetória no futebol escrita nas divisões de base. Foi parar na CBF e, com a demissão de Dunga, ficou encarregado de comandar a seleção brasileira nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro em 2016.
Foi sofrível o desempenho nos primeiros cotejos diante de adversários risíveis. Com um grupo de jovens, mas experientes e integrantes de elencos profissionais, o treinador ainda tinha Neymar à disposição. Era imperativo mostrar mais.
Enfim o time se ajeitou, sofreu para bater a Alemanha C na final, ficou com o ouro olímpico, mas não convenceu. Perdeu o emprego meses depois, quando o Brasil (5º entre seis seleções no sul-americano) não se classificou para o Mundial Sub-20.
Mesmo assim, não demorou a reaparecer o Atlético no caminho de Micale. Desta vez não para treinar a base, mas o time profissional. Foram apenas 13 pelejas e a demissão após a derrota (mais uma) em casa: Vitória 3 a 1.
Lá atrás, pelo perfil "estudioso", Micale arrebatou a simpatia de padre da mídia antes mesmo dos Jogos Olímpicos. Houve quem apostasse forte no treinador, que simplesmente não fez por merecer tal apoio, quase incondicional em alguns casos.
Futebol é muito mais do que a tática e o estudo, por mais que sejam vitais. Apenas não bastam. É preciso liderança, capacidade para administrar egos, tirar da preguiça os acomodados e carisma a ponto de dar segurança a meninos.
Independentemente disso, o Galo de Micale é frágil. O "estudo" não resolveu. No segundo turno do Campeonato Brasileiro, só Abel Braga (Fluminense), Renato "Gaúcho" Portaluppi (Grêmio), Marcelo Oliveira (Coritiba) e Vanderlei Luxemburgo (Sport) têm resultados piores do que os do ex-atleticano.
Os dois gols do Vitória no Horto a partir de lançamentos do goleiro escancararam uma equipe exposta. Um Galo que mais assustou nos chutes de Otero do que em jogadas que mostrem um trabalho em andamento. É um time desorganizado.
Sim, foi pouco tempo para Micale ajustar tudo, mas ele poderia (e deveria) mostrar evolução, progressos, um caminho. Não conseguiu. Já havia sido fraco o desempenho nos empates com Palmeiras, apenas cruzando na área, mesmo atuando em casa contra dez homens e depois nove; e Avaí, no Sul.
Não fosse o gol no final sobre a Ponte Preta, em Campinas, o Atlético estaria sem vencer há cinco partidas. Em casa não ganha desde a estreia no returno, contra um Flamengo que acabara de mandar seu técnico embora.
Roger Machado caiu com 44% de aproveitamento no Brasileiro, seu sucessor cravou 36%. Mas quem seria o principal culpado? Enquanto o caro elenco coleciona vexames, quem contrata e dispensa o faz como se não fosse sua responsabilidade o ano absolutamente pífio do Galo.
Nos últimos dias a torcida ficou inebriada com a perspectiva de um estádio. Algo obviamente discutível, pelo investimento e numa avaliação sobre a real necessidade. Mas raros querem refletir a respeito. Por instantes esquecem o time. Enquanto isso, o presidente segue atrapalhado à frente do futebol.
Trocar o treinador não será a solução, caso siga a mesma mentalidade. Até porque foi Daniel Nepomuceno quem buscou Micale e no ano passado Marcelo Oliveira, dispensado entre o primeiro e o segundo jogos finais da Copa do Brasil. Escolhas estranhas de quem não entende o futebol.
O vídeo acima mostra como faltam predicados futebolísticos ao cartola. Ele age como se cobranças públicas fossem o bastante. Claro que em qualquer ambiente profissional são cobradas metas, resultados, mas como fazer para chegar até eles?
Pior, o presidente sequer tem o perfil "estudioso" para arrebatar apoio de alguns setores da imprensa esportiva, como ocorreu com Rogério Micale. Ainda mais depois de despacha-lo. Se é que o treinador ainda tem prestígio com quem nele apostava. Há motivos? É possível que alguém ainda os veja.
Siga no Instagram: @maurocezar000
Fonte: Mauro Cezar Pereira, blogueiro do ESPN.com.br
Micale, o 'estudioso', tira nota baixa e fracassa no Atlético do presidente cada vez mais atrapalhado
COMENTÁRIOS
Use a Conta do Facebook para adicionar um comentário no Facebook Termos de usoe Politica de Privacidade. Seu nome no Facebook, foto e outras informações que você tornou públicas no Facebook aparecerão em seu cometário e poderão ser usadas em uma das plataformas da ESPN. Saiba Mais.