A Copa América da pressão

Gustavo Hofman
Gustavo Hofman

Tite tem alguns problemas para resolver nos próximos dias
Tite tem alguns problemas para resolver nos próximos dias Lucas Figueiredo/CBF

Desde que Tite assumiu o comando da seleção brasileira, em junho de 2016, este é o momento mais crítico do time.

A lua de mel da equipe com o treinador e do treinador com a torcida durou até a Copa do Mundo. A eliminação para a Bélgica, nas quartas de final, gerou ruptura entre torcedores e a seleção novamente. Não no mesmo nível do período de Dunga à frente do time, por exemplo, mas em situação de muita pressão.

O Brasil é a melhor equipe da Copa América. Tem um elenco muito forte, estrelas do futebol internacional, trabalho consolidado do técnico e joga em casa. Não há como se esconder do favoritismo.

Na coletiva de convocação, Tite afirmou mais de uma vez que quer que o Brasil "jogue bonito". Eu, particularmente, evito essa frase porque implica em algo muito genérico. Prefiro "jogar bem", que na prática é executar sua proposta de jogo, dominar o adversário a partir dela.

O torcedor brasileiro que estará nos estádio vai exigir isso da seleção brasileira. Vitórias fáceis, tranquilas, de preferência com goleadas contra Bolívia, Venezuela e Peru. Esse é o perfil de quem pagou pelos caros ingressos da competição.

Há ainda a questão Neymar a ser resolvida, que colabora crucialmente para o desânimo do torcedor com a seleção. Tite optou por prorrogar o problema. Evitou divulgar sua decisão sobre o melhor jogador do time em relação à indisciplina e deixou a definição para a apresentação do atacante do PSG em Teresópolis.

Escolher Neymar como capitão da seleção foi uma estratégia errada de Tite e sua comissão técnica após a Copa do Mundo. Neymar não é e jamais será um líder. Encaixa-se no perfil de líder técnico, definido pelo próprio Tite, mas não tem condições de usar a braçadeira do time como exemplo para os demais. Ainda mais depois do que aconteceu na final da Copa da França.

Manter Neymar como capitão do time será o maior erro da carreira de Tite, e a solução é muito óbvia e natural: Daniel Alves. Usaria a braçadeira na Copa da Rússia se não tivesse sido cortado; Será titular na Copa América; É amigo próximo de Neymar. Daniel como capitão restabelece o comando de Tite, repreende Neymar e devolve crédito ao time.

Além disso, Thiago Silva pode ser um problema também. Segundo Fábio Mahseredjian, preparador físico da seleção, o zagueiro do PSG se apresentará na próxima semana já em condições de trabalho com bola. Fez uma artroscopia no joelho há duas semanas e não chegará em boas condições físicas se comparado aos demais - e essa é uma avaliação lógica, que qualquer leigo pode fazer.

Philippe Coutinho chega em baixa, assim como Casemiro que naufragou com os companheiros de Real Madrid. Miranda foi reserva na maior parte da temporada da Internazionale. Paquetá também se envolveu em caso de indisciplina, lembrado até mesmo por Tite na convocação. Fora a situação de Edu Gaspar, que vai se despedir da seleção para trabalhar no Arsenal, e Sylvinho, que já se despediu para assumir o Lyon - ambas situações não foram oficializadas.

No final das contas, temos um cenário de enorme pressão sobre a seleção e, consequentemente, sobre Tite. Os próximos dias já serão cruciais para lidar com tudo isso.

Fonte: Gustavo Hofman, de Teresópolis-RJ

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