A nova divisão sobre o VAR: dois times atacando o mesmo gol
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A atuação do VAR em “lances interpretativos” x “lances objetivos” tornou-se, desde o último sábado, o principal enfoque da discussão sobre o uso da ferramenta no Brasil.
Não surpreende. Nos países onde o árbitro de vídeo foi implementado antes, como Alemanha, Itália e Portugal, a discussão também imperou desde o início: QUANDO e QUANTO o árbitro de campo deve utilizar a ferramenta foi o principal ponto de debate desde os primeiros jogos com a novidade.
Há quem, recorrendo àquilo que supostamente “está escrito na regra”, defenda o uso constante do VAR durante uma partida. Para esses, todo lance passível de revisão que gere um mínimo de dúvida deveria ser revisado, se necessário, pelo próprio árbitro, para que ele possa tomar a melhor decisão possível com todos os recursos disponíveis.
Há quem, pelo contrário, considere que a utilização do monitor por parte do árbitro de campo deva ser evitada o tanto quanto for possível para evitar aquilo que antes mesmo da implementação do VAR era apontado por seus detratores como uma perda significativa para o futebol: o prejuízo na dinâmica do jogo.
São duas linhas compreensíveis de raciocínio, ambas com seus prós e contras.
Particularmente, prefiro a segunda. Menos porque o fato de a regra falar em “erro claro e óbvio” me parece excluir os tais “lances interpretativos” e mais porque, embora sempre tenha sido e continue sendo um defensor contumaz do VAR, concordo que a dinâmica do jogo precisa ser preservada ao máximo.
Somam-se a esses outros dois fatores: primeiro, se o VAR chegou para reduzir as polêmicas de arbitragem, utilizá-lo em casos nos quais sua intervenção potencializará a discussão por conta da mudança de decisão não faz sentido; e por fim, o fato de países com VAR há mais tempo optarem pela segunda linha (a Espanha talvez seja o exemplo mais claro) não pode ser desconsiderado. É preciso aprender com os erros dos outros.
É claro que há e sempre haverá casos pontuais, como por exemplo aqueles em que o árbitro não vê, dentro de campo, um lance considerado “interpretativo”. Nesse caso, é mais do que justo que o responsável pela decisão tenha acesso às imagens disponíveis para, aí sim, interpretar e resolver o que marcar.
O lado que adotamos nessa discussão, contudo, é hoje o menos relevante. Importa bem mais a qualidade das argumentações e a capacidade de reconhecê-las, mesmo que contrárias à sua ideia inicial.
Porque seja qual for sua preferência, a de utilização mais constante do monitor em campo ou seu acionamento apenas em casos específicos, é preciso entender que a partir de agora o esforço de todos precisa ser pela evolução do VAR, para ajustar a ferramenta e não para eliminá-la. Combater o VAR, hoje, é mais ou menos como combater a existência das vacinas.
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Fonte: Gian Oddi
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