O VAR não é páreo para nossos jogadores chiliquentos
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Como ocorreu em qualquer praça onde já foi implementado, o VAR no Brasil precisará atravessar um processo de reconhecimento, evolução e ajustes por parte de árbitros e assistentes, mas também de jogadores, técnicos, imprensa e torcedores.
Foi assim na Itália, Portugal e Alemanha. Está sendo assim na Espanha. Será assim na Inglaterra.
Nesses países, entender quando e quanto o VAR deveria ser utilizado para não prejudicar a dinâmica do jogo era o maior desafio no início; seguiu-se então a meta de agilizar a utilização quando o recurso fosse acionado; tornar o processo todo mais transparente foi outra preocupação; e assim ocorreu e ainda ocorre, semana após semana, numa constante evolução.
No Brasil, porém, o desafio será maior e terá uma significativa dificuldade extra, está claro pelos poucos testes realizados e cujo clássico entre Flamengo e Fluminense, pela semifinal da Taça Rio, é provavelmente o exemplo mais emblemático até aqui.
Por aqui, a maioria esmagadora dos jogadores, com o aval e a cooperação de seus treinadores, não reclama apenas ao sentir-se injustiçada por uma decisão equivocada – o que, convenhamos, seria compreensível.
Aqui a regra é reclamar para enganar. Reclamar para levar vantagem no lance seguinte. Reclama-se pedindo o VAR mesmo sabendo que ele não mostrará o que se deseja. Reclama-se durante a utilização do VAR. Reclama-se depois da utilização do VAR. E tentar enganar as imagens é uma hipótese.
A pressão é a regra. E pressionar o árbitro é mais essencial do que pressionar o adversário.
De tão infundadas, muitas das queixas em campo soam patéticas. Os gritos, peitadas, perdigotos e caras feias em direção ao árbitro ou adversário não são as demonstrações de virilidade que nossos jogadores parecem aprender a reproduzir desde as categorias de base, desde os jogos na esquina de casa. São apenas chiliques. Chiliques de quem não sabe perder, de quem não sabe ganhar, de quem não sabe competir.
A fragilidade e a incontestável incompetência da arbitragem brasileira será certamente utilizada por parte das pessoas para justificar a atitude de atletas e técnicos. A lógica do se-eu-não-reclamo-o-outro-vai-fazê-lo-e-levará-vantagem será evocada por alguns.
E assim seguiremos nesse poço, tentando escalar as paredes com as mãos e jogando cada vez mais terra na própria cabeça.
Algo precisa ser feito.
Se a mudança não vier com medidas preventivas como palestras, explicações e, sobretudo, com a consciência de todos os treinadores num pacto para diminuir esse circo que transforma nossos jogadores em palhaços, que seja na força. Com cartões.
Não seria certamente uma medida popular. Um festival de cartões e expulsões geraria, num primeiro momento, revolta geral e um festival de reclamações por parte de torcedores e, claro, também da imprensa.
Mas entre chiliques de jogadores ou de jornalistas, o segundo caso me parece bem menos nocivo ao futebol.
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Fonte: Gian Oddi
O VAR não é páreo para nossos jogadores chiliquentos
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