Entenda por que a transação de Neymar mudará o futebol mundial
222 milhões de euros era, até outro dia, um valor maluco daqueles que os clubes colocavam como multa em caso de rescisão de contrato apenas para ter a certeza de que ninguém lhes “roubaria” um craque.
Não é mais, como vimos nesta semana, ainda que tal valor só possa ser pago por clubes cuja origem do dinheiro é, para dizer o mínimo, duvidosa.
Disse Jürgen Klopp, técnico do Liverpool, a respeito da ida de Neymar ao PSG: “Existem apenas dois clubes que podem pagar um valor como este, e eles são PSG e Manchester City” (dois clubes que, lembremos, já foram multados em 2014 por descumprir as regras do Fair Play Financeiro da Uefa).
Tenha ou não razão Klopp, sejam ou não apenas este dois os clubes capazes de torrar tanto dinheiro, o fato é que a Uefa parece ter percebido a necessidade de mudar as regras do Fair Play Financeiro, instituído em 2011 com o objetivo básico de evitar que os clubes gastem um dinheiro que não têm, prática que conhecemos tão bem por aqui.
O Fair Play financeiro atual pode não ser perfeito, mas reduziu consideravelmente, na média, as dívidas dos clubes europeus. Seus benefícios e resultados são inegáveis, como demonstra o especialista no tema Giovanni Armanini em entrevista a Leonardo Bertozzi em seu blog.
Entretanto, a Uefa e seu presidente, o esloveno Aleksander Ceferin, chegaram à conclusão que é preciso fazer mais. Não apenas com a investigação específica do caso Neymar, conforme antecipou o diretor-executivo de Fair Play Financeiro e sustentabilidade da entidade, Andrea Traverso.
Concluiu-se que é preciso mudar as regras, ampliá-las, e a negociação de Neymar deixou tudo ainda mais evidente. Sua transação não apenas deve acelerar a adoção das novas medidas, como pode torná-las ainda mais rígidas.
Entenda abaixo quais são as principais medidas que já estão sendo discutidas e que a Uefa pode aplicar em breve para alterar não só a lógica do mercado no futebol europeu, mas também a maneira como os clubes mais abastados precisarão planejar seus elencos.
Imposto sobre altos gastos
A exemplo do que ocorreu no futebol chinês, a Uefa estuda cobrar um percentual de imposto sobre salários e/ou transações de jogadores que superarem certos limites. Esse dinheiro seria distribuído entre clubes, ligas nacionais e competições da Uefa.
Teto salarial
A ideia é limitar o valor que um clube pode gastar com salários. É hoje improvável que se defina um teto para jogadores, e mais provável a limitação de um valor máximo para a folha salarial – que poderia ter também limites de jogadores por faixa salarial.
Teto de gastos por janela
Neste caso, os clubes teriam um valor máximo para gastar numa janela de mercado (ou nas duas, de verão e inverno, somadas). Exemplo: se o teto fosse 222 milhões de euros, o PSG poderia contratar Neymar e ninguém mais nesta temporada.
Regulamentação de empréstimos
A principal meta é evitar que os empréstimos sirvam apenas para amortizar os valores de vendas em vários anos: virou comum clubes emprestarem jogadores com obrigação de compra depois. Limitar a idade de atletas emprestados é uma ideia.
Fonte: Gian Oddi
Entenda por que a transação de Neymar mudará o futebol mundial
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