O melhor das novas regras do beisebol é que elas existem. Calma que eu explico
A Major League Baseball anunciou ao longo da semana algumas mudanças na regra do jogo. A maior parte busca tornar as partidas mais dinâmicas ou rápidas, atacando o que é apontado como um dos maiores problemas para a modalidade atrair o público jovem. Algumas são positivas, outras são mais perfumaria, mas o principal é: a liga e a associação de jogadores concordaram em implementá-las.
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Primeiro, vamos às novas regras com um rápido comentário:
1) O prazo final para transferências é 31 de julho, não existe mais o período de “waivers” que se extende por agosto
Mudança positiva, pois o período de waiver (em que o time colocava o jogador à disposição dos demais) era pouco claro, criava tensão entre clubes e seu elenco e ainda dava menos força para o fechamento tradicional da janela.
2) Home Run Derby distribuirá prêmio de US$ 2,5 milhões (sendo US$ 1 milhão para o vencedor)
Uma boa forma de atrair jogadores mais midiáticos e importantes para o evento.
3) Redução da quantidade de visitas ao arremessador
Até o ano passado, eram totalmente liberadas. Em 2018, foi criado o limite de seis visitas. Agora caiu para cinco. Não deve ter efeito prático muito grande.
4) Cada arremessador tem de enfrentar um mínimo de três rebatedores
Reduzirá bastante a quantidade de substituições de arremessadores nas entradas finais, mas deve tirar espaço no bullpen para relievers especialistas. Em relação ao ritmo de jogo, é uma medida que soa interessante. Mas deve haver resistência dos jogadores pela perspectiva de alguns perderem seus empregos.
5) Aumento de 25 para 26 jogadores em cada elenco (e redução de 40 para 28 em setembro)
A segunda parte é a mais interessante, pois reduz a distorção criada pelos elencos expandidos no último mês de temporada regular. A primeira parte tem o lado positivo de aumentar a chance de um especialista ser colocado no elenco para situações pontuais (um velocista para roubar bases, por exemplo).
6) Mudança na forma de escolha dos jogadores do All-Star Game
A votação será em duas fases, a decisiva em um dia único. É interessante para aumentar a exposição dos principais jogadores na mídia, torná-los figuras mais nacionais, mas não deve causar tanta diferença do modelo atual.
7) Prêmio para jogadores que participarem do All-Star Game
Deve reduzir a quantidade de jogadores que pedem dispensa do jogo.
8) No All-Star Game, as entradas extras começam com corredor na segunda base
Distorce um pouco o jogo, mas evita que ele se prolongue desnecessariamente.
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Algumas das regras serão implementadas já nesta temporada, como as do All-Star Game. A mais polêmica e impactante, a de limite mínimo de rebatedores por arremessador, não está oficialmente aprovada ainda. No caso dela, o que foi anunciado é que “a associação de jogadores não contestará se a liga decidir implementar essa regra no ano que vem”. E mesmo essa afirmação é bem duvidosa, pois a regra pode tirar o emprego de alguns jogadores, que possivelmente pedirão para a associação intervir.
Mais que as mudanças em si, o importante é que houve aprovação. Associação de jogadores e liga estão com relações muito abaladas nos últimos anos, pois o atual acordo trabalhista se mostrou muito favorável aos donos de franquias. Os jogadores estão muito mais fragilizados na negociação de novos contratos -- basta ver como vários jogadores importantes, como Dallas Keuchel e Craig Kimbrel -- seguem sem contrato a menos de uma semana da abertura da temporada.
Com isso, muitos especulavam que os jogadores poderiam endurecer bastante a negociação do próximo acordo trabalhista, em 2021, e que uma greve era bastante possível. No entanto, o fato de os dois lados terem sentado à mesa e acordarem algumas mudanças, ainda que pontuais, é um bom sinal. O sindicato teve boa vontade com a questão dos arremessadores terem um número mínimo de duelos, a liga teve boa vontade em dar mais prêmios a jogadores.
Isso pode esfriar um pouco os ânimos e criar um clima mais construtivo para as próximas conversas, que tendem a discutir temas mais complexos para ambos os lados. A liga deverá propor algo como a implantação de relógio para os arremessadores e talvez até arbitragem eletrônica para strikes e bolas, os jogadores exigirão um processo de negociação que lhes dê mais força na negociação (ou que antecipem o final do primeiro contrato profissional, normalmente em valor subdimensionado).
Assim, a existência de novas regras, concordadas por todos, é mais importante do que as regras em si. Porque elas indicam que a possibilidade de um grande impasse, eventualmente resultando em uma greve, está mais distante.
Fonte: Ubiratan Leal
O melhor das novas regras do beisebol é que elas existem. Calma que eu explico
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