O maior contrato de free agent da história dos EUA parece ruim para os dois lados
Torcedores, jornalistas, jogadores e dirigentes esperavam esses números há meses, e eles vieram bem grandes: US$ 330 milhões por 13 anos. De acordo com a imprensa norte-americana, esses são os valores que Bryce Harper receberá para defender o Philadelphia Phillies a partir deste ano. Em montante total, trata-se do maior contrato de um agente livre da história dos esportes americanos, ultrapassando os US$ 300 milhões que Manny Machado acertou com o San Diego Padres semana passada. E, ainda assim, fica a sensação que foi um acordo ruim.
Ainda não foram divulgados detalhes do acordo, apenas o valor total, o tempo do vínculo e que não há opção de o clube encerrá-lo antes do tempo. Harper, 25 anos, receberá uma média de US$ 25,4 milhões por temporada, mas é bem provável que o valor ano a ano varie bastante. Uma variação que pode mudar um pouco a forma de ver o contrato, mas algumas coisas já chamam a atenção negativamente.
Para Harper
Tudo bem, saber que ganhará US$ 330 milhões em salários e terá emprego até 2032 deve ser um cenário bastante confortável. Eu adoraria viver com essa certeza. Dá para calcular a prestação da casa, comprar uma coisinha mais cara no mercado, pegar um hotel mais confortável na próxima viagem de férias. Nada a reclamar. Mas tudo indica que o jogador achava que poderia receber mais.
No final da temporada passada, o Washington Nationals fez uma oferta para renovar o contrato de Harper: US$ 300 milhões por dez anos, US$ 30 por ano. O jogador rejeitou, preferindo entrar de vez no mercado para ouvir propostas de outros clubes. Por uma questão óbvia, seu empresário -- Scott Boras, o mais poderoso do beisebol -- jamais aceitaria qualquer proposta inferior a essa dos Nationals, seria simbolicamente uma derrota para Harper e um atestado de incompetência do agente.
As negociações foram bem silenciosas, não houve vazamento dos valores oferecidos por cada pretendente até sair a notícia do acerto final. No entanto, é bem discutível se a proposta vencedora era realmente melhor que a apresentada pelos Nationals no final do ano passado. O valor final é superior em US$ 30 milhões, mas inclui três anos a mais de vínculo. Até 2029, Harper receberá US$ 5 milhões a menos por temporada do que ganharia em Washington. Isso só compensa se, entre 2030 e 32 (quando ele terá de 37 a 39 anos), o jogador imagina que não consiga mais de US$ 10 milhões/ano.
Ficou a sensação de que Harper não recebeu ofertas perto de US$ 35 milhões por ano, como provavelmente ele e Boras imaginavam, e fechou em um acordo que, devido a seu longo prazo de validade, soa melhor que US$ 300 milhões/10 anos. Mas é bem discutível se realmente é melhor.
Para os Phillies
São 13 anos de comprometimento com um atleta. Até 2032 o Philadelphia Phillies terá de destinar alguns milhões a Bryce Harper. O talento do defensor externo é enorme, mas o prazo é bastante longo e muita coisa errada pode acontecer até lá: contusões, problemas de vestiários, problemas com a torcida, problemas pessoais, queda de desempenho pela idade...
O risco é evidente e os últimos anos desse contrato podem ser um martírio. Basta ver o que o Los Angeles Angels estão enfrentando com Albert Pujols e o Detroit Tigers com Miguel Cabrera.
Estender o prazo e reduzir o valor por ano (ainda é preciso ver qual é o salário a cada temporada) pode sacrificar um pouco menos a folha salarial -- na comparação com um acordo que desse de US$ 30 a 35 milhões anuais, como Boras e Harper talvez imaginassem -- e deixar espaço para a contratação de algum outro grande jogador em breve. O alvo seria óbvio: Mike Trout, o melhor jogador do mundo fica sem contrato ao final de 2019 e cresceu como torcedor dos Phillies.
De qualquer modo, a sensação imediata é que os Phillies levaram um grande jogador, mas o contrato é bastante arriscado e pode trazer muitos dissabores na segunda metade da próxima década.
Fonte: Ubiratan Leal
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