Time feminino de handebol de areia tenta trocar biquíni por shorts, sofre ameaça de W.O e homens postam foto de sunga para apoiar

Bianca Daga, do espnW.com.br

Time de handebol protesta contra o uso de sunquíni
Time de handebol protesta contra o uso de sunquíni Reprodução/Facebook

Regras desiguais para homens e mulheres. Nenhuma novidade. E mais um caso em que, em vez de se calar, ‘elas’ resolveram protestar. A equipe de handebol de areia CopaBeach/CEPRAEA, do Rio de Janeiro, foi ameaçada de perder por W.O. em uma partida disputada no último domingo porque as atletas se recusaram a jogar somente de sunquíni - um biquíni maior -, colocando shorts por baixo.

Foi assim durante todo o primeiro turno do campeonato estadual, sem objeções. Mas a história mudou. O regulamento da Federação Internacional exige o uso de sunquíni; no entanto, não faz nenhuma referência à proibição de usar shorts por baixo. Soma-se a isso – e esse é o principal argumento – o fato de o uniforme oficial dos homens, pela regra, ser bermuda longa e camiseta regata, e não sunga.


"Nós jogamos as três etapas do primeiro turno com short e top. Outras equipes também o fizeram, e algumas até usaram blusa ao invés de top. E então, na primeira etapa do segundo turno, fomos avisadas que não poderíamos jogar de short. Nos apresentamos para o jogo com o sunquíni por cima do short e o representante do departamento de arbitragem impediu nossa entrada na quadra, dizendo que se não nos trocássemos perderíamos por WO", contou ao espnW a armadora central Carolina Carneiro Peixinho.

A proibição foi feita no momento do jogo, pelo departamento de arbitragem da Federação de Handebol do Estado do Rio de Janeiro. As jogadoras decidiram entrar em quadra sem os shorts para evitar a derrota, mas no mesmo dia decidiram se manifestar, na tentativa de mudar a situação para as etapas seguintes do campeonato e, também, outros torneios.

“Contra o machismo no esporte: o time feminino de handebol de praia CopaBeach/CEPRAEA foi impedido de jogar no campeonato estadual com short por baixo do sunquíni. Fomos ameaçadas de levar W.O caso não jogássemos somente de sunquíni. Nosso amor pelo esporte não pode ser esmagado por regras machistas e desiguais. Nós repudiamos a obrigatoriedade do uso do sunquíni. Cada equipe deve ter o direito de escolher”, escreveu a atleta Gabriela Peixinho em sua página no Facebook.

Na última quarta-feira, a equipe masculina saiu em defesa das colegas de clube. A página do CopaBeach no Facebook postou uma foto dos jogadores de sunga, acompanhada de um texto: “Nós, o time masculino do CEPRAEA, apoiamos nossas mulheres na discussão sobre o uso obrigatório do sunquíni como uniforme de jogo. Direitos e deveres iguais para homens e mulheres. #VamosFalardaRegra4 #NaoéSóPeloSunquini #SouAtletaNaoObjeto #MeuCorpoMinhasRegras.”


"Nossa ideia é levar nosso pleito às instâncias estadual, nacional e internacional para que a gente consiga abolir essa regra, que fere princípios constitucionais de igualdade de gênero e o direito das mulheres decidirem pelo seu próprio corpo, além de negar o caráter inclusivo do esporte. Por isso, estamos preparando um documento para entregar à Federação do Estado do Rio e à Confederação Brasileira para abrimos a pauta de discussão com todos que se interessarem", completou Carolina.

Essa não é a primeira vez que mulheres do handebol de areia se revoltam contra o uso obrigatório do sunquíni. Em 2014, a Associação Basca de Handebol apresentou uma reclamação oficial à Federação Europeia da modalidade contra punições que a Federação Espanhola ameaçava aplicar sobre atletas que haviam sido “denunciadas” por cobrirem demais o corpo durante um torneio. 

A Federação de Handebol do Estado do Rio de Janeiro expôs seu lado:

No Final de semana em questão 26 e 27/08/2017), foi ministrada a Padronização Arbitral do quadro de Arbitragem de Handebol de Areia desta instituição pelos Srs. Silvio Lago e Luis Filipe Caldas. Árbitros Internacionais de Handebol de Areia e de renomes internacionais e, este último, além de Diretor de Arbitragem para o Handebol de Areia da Confederação Brasileira de Handebol – CBHb é Diretor de Árbitros da Federação Panamericana de Handebol de Areia e, além disso, é também Diretor Técnico da IHF – International Handball Federation, Entidade Mor do Esporte.

A Padronização feita para a Arbitragem do Rio de Janeiro foi dentro dos moldes internacionais, padronizando todos os árbitros dentro das determinações impostas pela Entidade Mor para o bom andamento do Esporte, pois no Momento que a CBHb – Confederação Brasileira de Handebol é filiada a IHF – Federação Internacional e a FHERJ, por estar filiada a CBHb, tem que seguir as regras e normativas estipuladas pela Entidade Mor. Isso não há flexibilização.

Eu (Ivaney Mascarenhas de Castro), além de Diretor de Arbitragem do Estado do Rio de Janeiro, sou Delegado da IHF, e enquanto ainda Diretor de Arbitragem responsável pelo andamento de todos os Jogos tenho por obrigação se fazer valer as regras do Esporte para o seu bom andamento.

No Dia em questão (27/08), durante a 1ª Etapa do Segundo Turno do Circuito Carioca de Handebol de Areia – 2017, o Dirigente da Equipe do Copabeach/Cepraea, Sr, Romulo, cerca de 40 a 50 minutos antes da partida, veio até a mim perguntar se as atletas poderiam jogar com o short por debaixo do sunquíni. Eu informei que não, pois está na regra que não pode e é determinação de que nada pode estar por debaixo do uniforme: SEJA MASCULINO OU FEMININO!. Ele ainda questionou se mesmo sendo todos da mesma cor não poderia. Eu informei que NADA pode aparecer para fora do Uniforme de Jogo. Se elas colocassem o short e escondesse por debaixo do sunquíni não haveria problema, mas no momento que passasse a aparecer, teria de esconder novamente ou sair do jogo para retirar o short. Ele entendeu o exposto e se retirou.

Momentos antes de seu Jogo, a sua equipe estava perfilada para adentrar a quadra e continuavam com o short por debaixo do sunquíni. Eu me dirigi ao Dirigente e falei sobre o Short. Não me dirigi as Atletas até porque isso é uma Responsabilidade do Dirigente e não do Atleta. Comuniquei-o sobre o short e ele simplesmente me disse: “Já falei com elas”. Elas retrucaram e aí então o Sr. Luis Filipe Caldas, informou que, caso não usassem o uniforme corretamente não teria o jogo e seria declarado WxO, fazendo com que o Copabeach/Cepraea perdesse o jogo. Elas fizeram o que recomenda a regra e em sinal de protesto foram a mídia abrir as discussões que atualmente ocorrem.

O que eu gostaria de ressaltar que, tanto essa regra, com qualquer outra regra a que regem o Esporte, são regras Internacionais e não regras locais. A Equipe Copabeach/Cepraea, participa de Circuitos Nacionais, aonde é inquestionável o uso do uniforme, como também é obrigatório ter um segundo um segundo uniforme.

Ao participarem do Circuito Nacional toda e qualquer equipe tem que seguir os padrões da CBHb, que por ventura são os padrões colocados pela IHF e que são os mesmos colocados por esta Federação, sem tirar e nem por, ou seja, esta Federação não faz nada além de exigir que as equipes se adequem as regras vigentes.

A Regra 4:8 dispõe:

“Todos os jogadores de quadra de uma equipe devem usar uniformes idênticos. As combinações de cores e desenhos para as duas equipes devem ser claramente distinguíveis uma da outra.

O uniforme do jogador do sexo masculino no Handebol de Areia consiste em camisa regata, short e eventuais acessórios. O uniforme do jogador do sexo feminino de Handebol de Areia consiste em tops e biquíni e eventuais acessórios. ”

E ainda assim nos Apêndices da Referida Regra (pag.94), ainda há um apêndice exclusivo para uniforme aonde menciona-se: “(...)Não são permitidos a utilização de camisas ou camisetas sob a parte superior (camisetas regatas ou tops). Além disso, qualquer calça térmica deve ter a mesma cor da respectiva parte do uniforme. ”

Em anexo encontra-se o modelo de uniforme que consta na regra e que todas as equipes femininas tem de se adequar.

O questionamento da Equipe do Copabeach/Cepraea é quanto a Feminilidade do Esporte, ou seja, querem o direito de usar o que melhor lhe convier para prática do Esporte. Só que ninguém em momento algum impôs algo que estivesse fora do contexto, ou impôs algo que não fosse apenas a própria regra vigente, que elas mesmas praticam quando vão para Jogos a níveis Nacionais !!!

Na verdade, o que entendemos é que a Equipe do Copabeach/Cepraea iniciou um movimento Feminista com relação ao Uniforme mas que não compete a esfera local, não compete a esta Federação, até porque querem a flexibilização de uma regra que elas mesmas são obrigadas a cumprir à risca quando vão para os Jogos com outras unidades Federativas.

Esta Federação não está aqui para colocar em pauta a igualdade de direitos entre o Sexo Feminino versus Sexo Masculino, até porque os uniformes se diferem. Não estamos aqui para julgar o que é o certo ou errado quanto a uniformização, até porque há uma comissão internacional dentro da IHF que estão sempre em estudos para melhoria do Esporte, tanto para os Praticantes como também para o público em geral.

Compete a esta Federação seguir as regras vigentes e coloca-las em prática, sempre visando o melhor para o Esporte como também para os seus praticantes, não ferindo as determinações da Entidade Mor.









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