Tragédia com avião tirou time feminino da Chapecoense do Brasileiro; nove meses depois, ele renasce

Bianca Daga, do espnW.com.br

Clube tem jogadoras convocadas para as seleções de base
Clube tem jogadoras convocadas para as seleções de base Divulgação/Chapecoense

O acidente que vitimou praticamente toda a delegação da Chapecoense completou nove meses nessa terça-feira. E o futebol feminino do clube catarinense sofreu e ainda sofre sequelas consequentes da reestruturação que se fez necessária. Como todo o aporte financeiro foi direcionado para reconstruir o masculino, as meninas ficaram sem investimento e não puderam disputar o Campeonato Brasileiro deste ano. Agora, tudo está entrando nos trilhos novamente.

“O presidente (Sandro Pallaoro, morto na tragédia) tinha reservado R$ 500 mil para nós no ano de 2017. Fomos convidados para disputar o Brasileiro justamente por conta da boa campanha do masculino na Série A. Mas aí, veio o acidente e não teve como. Entendemos a situação, claro. Mas tem meninas com a gente desde os 11 anos e que estavam se preparando para o nacional. Então, fui dando meu jeito para manter os times. Consegui até junho”, explicou ao espnW Amauri Giordan, coordenador do futebol feminino da Chapecoense.

Os técnicos são cedidos pela prefeitura. Sem ter mais como manter os gastos somente com essa ajuda e correndo o risco de perder atletas para times maiores, o dirigente voltou a conversar com a diretoria do clube. O futebol feminino foi reativado, e agosto foi o primeiro mês, desde a queda do avião da LaMia, que entrou verba. Serão R$ 10 mil mensais, até dezembro.

Futebol feminino da Chapecoense nasceu em 2014
Futebol feminino da Chapecoense nasceu em 2014 Divulgação/Chapecoense

São 45 atletas das categorias sub-15, sub-17 e sub-20, com jogadoras frequentemente convocadas para as seleções brasileiras de base. As atletas da sub-17 e da sub-20 treinam juntas e disputam competições na adulta. O projeto nasceu em 2014, quando o clube de Chapecó foi convidado para disputar o Campeonato Brasileiro e a Copa do Brasil daquele ano.

Além dos R$ 10 mil investidos pela Chapecoense – valor direcionado a comida e aluguel –, hoje, há alguns patrocínios e uma bonificação que as meninas recebem quando conquistam bons resultados, totalizando R$ 35 mil/mês. Mas para crescer, é preciso muito mais. “O ideal é R$ 120 mil. Na verdade, é o valor com o qual garanto que consigo tocar as atividades. Porque um projeto de base no masculino em um clube menor, como o nosso, tem custo de R$ 3 milhões por ano”, disse Giordan.

TIme disputou a Copa do Brasil-2016
TIme disputou a Copa do Brasil-2016 Divulgação/Chapecoense

Mas as expectativas são as melhores possíveis para 2018. Está em andamento um projeto para captar recursos de iniciativa privada. Depende, agora, de aprovação do Ministério do Esporte. A ideia é ter um investimento anual de R$ 1.500.000.

“Senão melhorar, não vou mais conseguir segurar as meninas. Elas têm propostas para receber salário de R$ 2 mil, mas ficam porque se formaram aqui. A diretoria está com muita vontade de fazer acontecer, estão reconhecendo o trabalho e pensando na igualdade de gêneros. Estamos bem felizes. Nosso objetivo é que o feminino seja campeão brasileiro daqui a quatro anos.”

Vice- presidente de futebol da Chapecoense, Nei Roque Mohr, conhecido como Nei Maidana, garante que haverá mais verba disponível para o projeto em 2018. "No ano que vem, será um valor muito acima de R$ 10 mil. O Brasil precisa melhorar sua performance nos campeonatos que disputar, e isso só vai acontecer se o grandes clubes do País derem estrutura de trabalho e atenção especial ao futebol feminino. Com as exigências da CBF (Confederação Brasileiro de Futebol), acreditamos que vamos organizar e conseguir bons resultados em curto prazo."

Meninas vão receber mais investimento em 2018
Meninas vão receber mais investimento em 2018 Divulgação/Chapecoense

O Centro de Treinamento da Chapecoense contra com três campos. Dois deles recebem treinos dos times profissional e sub-20 masculino. O principal tem a mesma grama da Arena Condá e fica basicamente reservado às competições das categorias de base. 

Há, também, um quarto espaço em que as outras quatro categorias do masculino treinam. As meninas fazem suas atividades em vários campos pela cidade de Chapecó, alugados ou emprestados, com estrutura mantida pelo clube catarinense.  A ideia é que, em 2018, com o projeto ganhando força, o feminino treine no CT também.

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