Sem Jô, Corinthians põe eficácia na sucessão de centroavantes à prova

Gazeta Press
Kazim é uma das alternativas após a saída de Jô
Kazim é uma das alternativas após a saída de Jô Daniel Augusto Jr/Ag Corinthians

A venda de Jô, melhor jogador do último Campeonato Brasileiro, ao japonês Nagoya Grampus abriu uma carência considerável no elenco do Corinthians. O clube, no entanto, tem mostrado que é capaz de encontrar soluções em série para o comando do seu ataque nos últimos anos. Ronaldo, Liedson, Guerrero e Vagner Love são os exemplos recentes de sucesso.

Contratado no final de 2008, o astro Ronaldo foi justamente o primeiro centroavante em quem o Corinthians apostou após cair para a Série B do Campeonato Brasileiro. Antes dele, o time havia atuado na segunda divisão nacional sem um atacante de referência, já que o argentino Herrera tinha liberdade para se movimentar bastante ao lado do prata da casa Dentinho.

Em final de carreira e bastante fora de forma, Ronaldo precisou de um semestre para superar a desconfiança de alguns. O melhor jogador do mundo em 1996, 1997 e 2002 liderou o Corinthians nas conquistas do Campeonato Paulista e da Copa do Brasil. A partir de então, contudo, perdeu a disposição para lidar com as lesões recorrentes e com o excesso de peso. Aposentou-se após a inesperada eliminação na pré-Libertadores de 2011, diante do modesto Tolima, com 35 gols em 69 jogos no currículo como corintiano.

Júnior Dutra desponta como substituto de Jô

Para a vaga de Ronaldo, que tinha o contestado Souza como reserva, o Corinthians trouxe mais um veterano, mas com o qual já tinha identificação. Campeão paulista em 2003 antes de se naturalizar português em quase uma década de serviços prestados ao Sporting, Liedson voltou para ajudar a recuperar aquele elenco marcado pela derrota para o Tolima. Conseguiu.

Ainda em 2011, Liedson foi a referência ofensiva do Corinthians que encerrou a temporada com o título do Campeonato Brasileiro. O renomado Adriano, com a carreira prejudicada por problemas fora de campo, chegou a ser apresentado como mais uma alternativa para a vaga aberta por Ronaldo – e, jogando pouco, contribuiu com o gol da vitória por 2 a 1 sobre o Atlético-MG na reta final da campanha vitoriosa.

Em 2012, já frágil fisicamente e convivendo com contusões, Liedson ainda teve participação na Copa Libertadores da América que acabou com o jejum do Corinthians no torneio continental antes de rumar ao Flamengo. Para o Mundial de Clubes, a diretoria precisaria ir de novo ao mercado em busca de um centroavante.

O nome da vez foi Paolo Guerrero. Com um estilo de jogo aguerrido, que cai facilmente no gosto dos corintianos, o peruano anotou dois dos gols mais importantes da história do clube em dezembro, no Japão. Foi ele quem usou a cabeça para sacramentar as vitórias por 1 a 0 sobre o Al Ahly, do Egito, e o Chelsea, da Inglaterra, assegurando o último título mundial de um time não europeu.

Guerrero, porém, abalou a idolatria que os torcedores nutriam por ele ao quebrar a reiterada promessa de só defender o Corinthians no futebol brasileiro. Ao final do seu contrato, em 2015, com o clube já enfrentando grave crise financeira, o peruano foi atraído por uma proposta mais vantajosa e transferiu-se para o Flamengo.

Sem Guerrero, esperava-se que o Corinthians tivesse muitas dificuldades ofensivas na temporada. Ainda mais porque Vagner Love, primeira contratação anunciada pelo presidente Roberto de Andrade, era alvo da impaciência da torcida quando atuava em Itaquera. Foi até afastado para se reabilitar tecnicamente, enquanto o seu substituto, Luciano, começava a empolgar com gols.

Com Luciano lesionado com gravidade, Love teve a oportunidade de mostrar o seu valor. E não decepcionou. O centroavante revelado pelo rival Palmeiras terminou 2015 como campeão brasileiro e vice-artilheiro da competição, computando 14 gols, atrás apenas dos 20 de Ricardo Oliveira, então no Santos.

Tal qual o amigo Jô, Love foi embora após a conquista nacional. Ele fez parte do desmanche sofrido pelo plantel do técnico Tite e seguiu para o Monaco, da França, que o perderia para o Alanyaspor, da Turquia, ainda em 2016. Neste mesmo ano, ao ver que Gustavo, vindo do Criciúma, não rendia como centroavante, o Corinthians foi atrás do seu último atleta bem-sucedido na função.

Rodado, Jô retornou ao Corinthians sem a pompa que tinha em outros tempos, depois de ser reserva de Fred na vexatória campanha da Seleção Brasileira na Copa do Mundo de 2014 e ficar esquecido no chinês Jiangsu Suning. Já no Campeonato Paulista, entretanto, marcou gols em todos os rivais corintianos e festejou o título. No Brasileiro, tornou-se o primeiro artilheiro do clube na competição, com os mesmos 18 gols de Henrique Dourado, do Fluminense.

Jô afirmou que pretendia permanecer no Corinthians para a disputa da próxima Libertadores, mas ele e o clube não resistiram à proposta vultuosa (de aproximadamente R$ 43 milhões) do Nagoya Grampus por sua venda. A quantia foi suficiente para a diretoria decidir colocar outra vez à prova a sua eficácia na sucessão de centroavantes.

As atuais alternativas a Jô não chegam a entusiasmar a torcida. Carismático, o inglês naturalizado turco Kazim foi o reserva imediato do centroavante em 2017 e enfrentou contestações. Já o prata da casa Carlinhos é considerado ainda imaturo para assumir o posto de referência do ataque, o que havia feito a diretoria agir antes mesmo da negociação com o Nagoya Grampus.

Júnior Dutra, que estava no rebaixado Avaí, foi o primeiro reforço confirmado pelo Corinthians para 2018. O colombiano Santiago Tréllez é outro alvo para o ataque, mas a sua vinda esbarra na intransigência do Vitória e no fato de o clube paulista agora desejar alguém mais renomado para o lugar de Jô – um centroavante com potencial para se aproximar do sucesso que Ronaldo, Liedson, Guerrero e Vagner Love fizeram.

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