Viagens com avó, blog e corridas de rua: como Sheilla curte seu ano sabático

Bianca Daga, do espnW.com.br

Sheilla aproveita seu período longe das quadras para viajar; voltou há pouco da África
Sheilla aproveita seu período longe das quadras para viajar; voltou há pouco da África Reprodução/Instagram

Sheilla está em ano sábatico desde agosto do ano passado, quando defendeu a seleção brasileira pela última vez, na eliminação nas quartas de final nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. Nesse um ano e três meses, enquanto estuda propostas de clubes para voltar a jogar, a oposto já fez de tudo um pouco: reforma em seu apartamento – um sonho antigo –, viagens com a avó, escolinha de vôlei na Itália, corridas de rua, viagens e até mesmo o lançamento de um blog.

A relação com a avó é praticamente de mãe e filha. Com a rotina corrida dos pais, ela e um dos irmãos foram criados pela dona Therezinha. Hoje com 86 anos e o histórico de dois AVCs e um câncer, a guerreira está naturalmente mais debilitada, mas continua uma ótima companheira de viagem.

“Sempre viajávamos juntas. Ela levava todos os netos para a casa que tinha na praia. Fui até a minha adolescência, quando começou a correria por conta do vôlei. Fazia muito tempo que eu não viajava com ela e em novembro, depois da Olimpíada, fomos para a Bahia, nós e meu irmão. Agora, estamos na minha casa em Camburi (litoral norte de São Paulo) passando uns dias e é uma delícia. Com ela, a rotina é outra. Vemos filme, conversamos. Adoro esse tempo juntas”, contou ao espnW.

Acostumada a viajar com clubes e seleção, acabou não conhecendo, de fato, os países, já que nos poucos dias de folga, preferia descansar. Agora, está tentando recuperar o tempo ‘perdido’. “É uma coisa que me arrependo muito, de ter sido caxias e não passear no tempo livre. Viajar é vida, é conhecer história e cultura. Fui para Miami e acabei de voltar da África do Sul. Pude aprender mais de perto sobre o apartheid e foi incrível.”

BLOGUEIRA

São experiências como essa na África e também dicas de bem estar que Sheilla agora compartilha com seus fãs. A jogadora lançou um blog no mês passado, em que ela mesma escreve sobre saúde, esportes, lazer, alimentação, viagens e carreira. “Estou gostando bastante. As pessoas sempre querem saber sobre mim e decidi ficar mais próxima delas. É gostoso. Mas se não estou com vontade, não escrevo. Não vou inventar nada não. E sei que eu deveria divulgar mais o blog, mas odeio fazer propaganda (risos).”

Como atleta, sempre gostou de se cuidar. Nunca soube cozinhar, até precisar ‘se virar’ quando foi morar na Itália para defender o Pesaro, em 2004. Agora, neste período longe das quadras, tem se arriscado mais na cozinha e até fez um curso de low carb (dietas baixas em carboidratos). Mas não segue um método para se alimentar nem é radical.

“Tenho cozinhado bastante, usando o que aprendi. Faço sempre umta torta com farinha amêndoas. Mas tem uma coisa que sempre falo: brigadeiro é brigadeiro. Aqueles ‘brigadeiros funcionais’ são outra coisa; aí, você chama de bolinha de chocolate, mas não chamda de brigadeiro. Senão, vai derrubar as expectativas (risos).”

LUGAR PARA CHAMAR DE SEU

E Sheilla também aproveitou para realizar um sonho antigo: ter um lugar para chamar de seu, com a sua cara. “Por conta do vôlei, sempre morei cada hora em um canto. Já tinha meu apartamento em Belo Horizonte (MG), mas nunca mexi nele. E agora consegui. Foram seis meses de reforma. Quebrei parede, coloquei tudo abaixo. Fiz cozinha americana, closet, banheira, escritório com fotos minhas jogando, camisas penduradas... ficou pronto em junho.” - filho ainda não tem, mas chegaram dois novos integrantes para a família: a cadela Canela, em março, e o cachoro Monstrinho, há dois meses.

Outro projeto que colocou em prática foi abrir uma escolinha de vôlei para a formação de atletas na Itália, a ‘Sheila and Friends’. O projeto atende crianças de 5 a 12 anos, com atividade lúdicas, e a técnica é uma amiga sua. As duas têm o sonho de fazer uma espécie de ‘franquia’ da escola no Brasil. Mas ainda está longe de virar realidade. “Tenho medo de mexer com projeto social aqui. Então, não posso dizer que vou fazer mesmo.

CORRIDAS DE RUA

Sempre ligada ao esporte, mesmo em ano sabático, Sheilla também se arriscou em outra praia: disputou três corridas de rua de 5km nos últimos meses, conseguindo derrubar seu tempo de 29 para 27 minutos. “Falaram que eu fui bem. Mas não me preparei não. Não gosto de correr. Só me divirto na hora pelo desafio de me superar, ver o relógio apitando porque melhorei a marca. Gosto desse lado. Mas fico feliz quando acaba (risos).”

A oposto tem mantido a forma física e a rotina de treinos, intensificada nos últimos meses. Ficou um ano sem nem pegar na bola, fazendo só musculação. E em agosto, começou a pegar mais firme nas atividades e voltou a treinar com bola. Mas seu retorno às quadras ainda está indefinido. A única certeza – ou quase certeza – é de que Sheilla vai jogar em algum clube no Brasil.

“Até tive propostas interessantes fora do País, mas estou curtindo minha vó e não quero sair. Só se for muito irrecusável, mas estou evitando. E no Brasil, por enquanto, nenhuma proposta me atraiu. Então, provavelmente não vou voltar a jogar nesta temporada, como eu queria. Continuo sem previsão.”

O último clube de Sheilla foi o Vakifbank, da Turquia (2014 a 2016). Sua trajetória na seleção brasileira durou 14 anos, em que acumulou títulos em Jogos Olímpicos, Campeonatos Mundiais e Grand Prix. O adeus veio no ano passado, mas com a sensação de missão cumprida de quem conquistou duas medalhas de ouro em Olimpíada, o bicampeonato em Pequim-2008 e Londres-2012.

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