Aos 11 anos, ela quase morreu por coma alcoólico; mas o esporte a tornou vice-campeã mundial

Bianca Daga, do espnW.com.br

Aline Silva foi vice-campeã mundial no Uzbequistão, em 2014
Aline Silva foi vice-campeã mundial no Uzbequistão, em 2014 Divulgação CBLA

Primeira atleta do Brasil a conquistar medalha em um Campeonato Mundial de luta olímpica – a prata, no Uzbequistão-2014 –, Aline Silva poderia ter seguido caminhos bem diferentes na vida. Só começou a praticar esporte depois de quase morrer por ter bebido demais. O que mais assusta é que isso aconteceu quando ela tinha apenas 11 anos.

Criada sozinha pela mãe desde que o pai as deixou quando ainda era bebê, Aline aproveitava que dona Lídia trabalhava até de madrugada para ficar na rua bebendo. O momento assustador foi, contraditoriamente, o ponto de virada para o que viria de mais positivo.

“Entrei em coma alcoólico e quase morri. Minha mãe me achou na rua e me levou para o hospital. Ficou desesperada, preocupada, pensando no que poderia fazer. Foi então que me tirou da escola pública e me matriculou na particular, e eu comecei a fazer judô. Minha família nos julgava, e dizia que eu não tinha mais jeito. Mas o esporte mudou meu comportamento e minhas amizades”, contou ao espnW.

As dificuldades não pararam por aí. Quando já tinha trocado o judô pela luta olímpica, Aline foi convidada para treinar em Curitiba (PR), mas o projeto não deu certo. “Precisei trabalhar com várias coisas. Vendia lanche e alfajor e fui segurança em boates.”

Sem condições físicas e de saúde, perdeu a seletiva para a Olimpíada de Pequim-2008 e não conseguiu classificação para Londres-2012. A paulista já havia cursado três anos e meio de educação física, mas foi então que decidiu fazer um curso tecnólogo em estética e cosmetologia e abriu um clínica dentro de uma academia. Mas foi por pouco tempo, porque logo voltou ao esporte.

A história de Aline Silva, maior nome da luta olímpica no Brasil: 'eu bebia muito e entrei em coma aos 11 anos'

Agora, Aline pretende usar a estética de um novo jeito. A brasileira foi convidada para participar do Center for Sport, Peace and Society (Esporte, Paz e Sociedade), projeto da Universidade do Tennessee que tem como objetivo usar o esporte como ferramenta para mudar vidas. Aline está nos Estados Unidos, traçando seu plano de ação, e sua linha de trabalho será o empoderamento feminino.

“A autoestima está diretamente ligada ao empoderamento das mulheres. Quero usar a estética dessa forma. E vou ensinar esporte também. Por isso, pretendo terminar a faculdade de educação física. Voltando ao Brasil, vou colocar em prática. Quero devolver ao mundo a mágica que o esporte me deu e ajudar outros jovens.”

Aline Silva vai disputar uma competição em Colorado e, na sequência, passará um período em Nova Iorque, treinando com o ucraniano Valentin Kalika, técnico da norte-americana Helen Maroulis, ouro na Rio-2016. Em casa, a brasileira caiu nas quartas de final. Seu objetivo é disputar os Jogos Olímpicos de Tóquio-2020 e, depois, se aposentar.

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