Última Copa do Brasil vencida pelo Fla teve economia de R$ 6,5 milhões por mês, time de 'caipiras' e ajuda de agente de CR7

Diego Garcia e Vladimir Bianchini, do ESPN.com.br
Chamado de 'caipira', Hernane foi um dos destaques do título do Fla na Copa do Brasil 2013
Chamado de 'caipira', Hernane foi um dos destaques do título do Fla na Copa do Brasil 2013 Getty Images

Cruzeiro e Flamengo decidem nesta quarta-feira quem será o campeão da Copa do Brasil 2017, a partir das 21h45, no Mineirão. E o torcedor rubro-negro é quem tem mais fresca na memória a última conquista da competição, já que o Fla venceu seu último caneco há quatro anos, enquanto os mineiros não triunfam no torneio há 14.

Diretor de futebol flamenguista na época do título da Copa do Brasil de 2013, Paulo Pelaipe conversou com a reportagem e relembrou alguns dos momentos mais marcantes daquela taça, como uma ajuda do empresário de ninguém menos que Cristiano Ronaldo.

"Naquele ano, nós conseguimos vários jogadores de renome sem custo como o Elias, que não estava bem no Sporting de Portugal e teve ajuda do empresário Jorge Mendes (agente do Cristiano Ronaldo) na vinda dele para se recuperar. Vieram também Chicão, Walace e André Santos", relembrou Pelaipe.

"Foi um ano muito duro. Fui contratado em dezembro de 2012 pela diretoria que tinha acabado de assumir o Flamengo. Era o primeiro ano do Eduardo Bandeira de Mello. Foi um trabalho de reconstrução do Flamengo, que estava numa situação financeira difícil", acrescentou o dirigente.

De fato, o momento econômico do Fla na ocasião era terrível. Com uma folha salarial girando em torno de R$ 10 milhões por mês no ano anterior, o clube precisou se reinventar para conseguir chegar aos gastos mensais de apenas R$ 3,5 milhões, segundo números dados pelo próprio Pelaipe.

 "Tinha muito problema com salários atrasados, alguns casos chegavam a até cinco meses. Luvas e direito de imagem também que não haviam sido pagos. A estrutura  do Ninho do Urubu era deficiente, os campos do CT , os alojamentos e setor de recuperação eram muito deficientes", lamentou o então diretor de futebol. "Muitos jogadores que tentamos naquele ano não quiseram ir ao Flamengo. Muito em função dos atrasos de salários. Mesmo assim, Mudamos até o refeitório. Hoje, o CT do Flamengo é um dos três melhores do Brasil", comparou.

Ele explicou ainda o que foi feito para a redução dos gastos, algo crucial para montar um time barato, mas eficiente.

"Abrimos mãos de uma série de jogadores importantes com história dentro do clube como Vagner Love, Liedson e Ibson. Além do treinador  Dorival Junior, mas eles tinham um salário fora da realidade", explicou Paulo Pelaipe.


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"Tivemos que pegar jogadores jovens e apostas do interior de são Paulo no campeonato paulista que se destacaram. Alguns deram certo, outros não. Trouxemos Samir, Paulinho, Hernane Brocador, João Paulo. Tivemos que fazer uma engenharia e ter criatividade. Um clube da grandeza do Flamengo a cobrança é muito forte. Você tira um Vagner Love com toda fama e carisma e coloca o Hernane", continuou.

 Ele lembrou até um termo curioso ao qual aqueles atletas desconhecidos eram conhecidos internamente: "Muitos destes jogadores que vinham do interior de São Paulo eram chamados pelos colegas de Fla de caipiras", divertiu-se, aos risos, o dirigente. "Também conseguimos contratar o Carlos Eduardo, que era disputado com muita intensidade pelo Fluminense. Ele ajudo e fez um gol importante contra o Cruzeiro, mas que não deu aquele retorno esperado", adicionou.

 E, na campanha do título, teve até vitória contra o adversário desta noite, na etapa de oitavas de final: "Davam a gente como eliminados e vencemos o Cruzeiro no final com o gol do Elias. Isso nos deu muita moral".

 Nem só de alegrias viveu a equipe. Pelaipe também citou momento desagradável com a saída do técnico.

"Fomos pegos de surpresa com a saída do Mano Menezes da equipe. Eu não sabia que ele iria sair. Logo depois da derrota por 4 a 2 para o Atlético-PR, ele me chamou para conversar. Falou que ia sair do time e que iria anunciar na entrevista coletiva. Eu disse: Calma! Conversamos por mais de meia hora e eu tentei fazê-lo mudar de ideia. Mas ele estava irredutível e era uma decisão pensada e que tinha tido alguns problemas e que não concordava. Eu havia trabalhado com ele 2 anos e 10 meses no Grêmio. Ele quitou a multa do contrato dele com o Flamengo e foi embora. Foi um momento difícil, mas respeitamos a decisão dele. O Mano tinha sido importante a participação até então com o grupo", relembrou Pelaipe.

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Segundo o dirigente, foi dele a ideia de manter um treinador interno, opção mais viável e também mais inteligente.

"Nisso, assumiu o Jayme que era interino e fazia parte da comissão técnica permanente do clube. Faltavam os dois meses e meio para terminar o ano. Em uma reunião com o conselho gestor eu fiz a sugestão para ele ser efetivado e foi aceita em votação por decisão deles. O Jayme começou como interino e fomos pouco depois enfrentar o Botafogo. Empatamos o primeiro e vencemos o segundo jogo contra eles por 4 a 0 com três gols do Hernane e um do Leo Moura. Ali a equipe encorpou e cresceu. Esses duelos contra Cruzeiro e Botafogo foram fundamentais", citou o diretor de futebol.

Depois de Cruzeiro nas oitavas e Botafogo nas quartas, o Flamengo eliminou o Goiás na semi, o Atlético-PR na decisão e foi campeão. Antes, já havia eliminado ASA, Campinense e Remo. 

"Esse título foi muito importante para consolidar o trabalho desta diretoria do Flamengo. Desde aquela época o clube não atrasa mais salários. Isso foi importante para construir a credibilidade que tem hoje.  A politica de pés no chão e parar de fazer contratações de que depois não poderia pagar começou ali. Tanto é que hoje vem jogadores como Diego Alves, Diego Ribas, Guerrero e Everton Ribeiro para o time. Tudo isso começou lá atrás. Fico feliz de fazer parte do inicio de um projeto, que foi duro, mas que deu resultados", finalizou Pelaipe.

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