Mais que um teto salarial, a MLB precisa de um piso | Semana MLB
O Semana MLB é um post em forma de newsletter sobre os principais temas (e a programação de TV) da MLB. Toda sexta uma nova edição
Los Angeles Dodgers e New York Yankees entraram na temporada 2021 como os principais favoritos na Liga Nacional e na Liga Americana. São equipes cheias de estrelas, o que se percebe pela folha salarial de, pela ordem, US$ 267 e 203 milhões no início do ano.
Enquanto isso, Pittsburgh Pirates e Baltimore Orioles sabidamente andariam pelo fundo da tabela, com elencos com vários desconhecidos e folha salarial de US$ 54 e 53 milhões.
Olhando os números, fica evidente a discrepância econômica entre os times. E como uma franquia com muito dinheiro pode se impor economicamente sobre as demais. E aí surge sempre a pergunta: “Por que não fazem um teto salarial como na NFL e na NBA para equilibrar as coisas?”
Questionamento natural, mas não é disso que a MLB precisa.
No futebol americano e no basquete, é praticamente impossível se montar um time com chance de título sem ter alguns grandes jogadores. Por mais que uma equipe trabalhe o jogo coletivo e tenha boas sacadas de mercado, inevitavelmente precisará de alguns jogadores muito acima da média para avançar nos playoffs. E, por mais que alguns recém-draftados podem ser bons e baratos, o time como um todo não poderá depender apenas disso.
No beisebol, nem sempre é assim. Da mesma forma como as diferenças de Dodgers / Yankees para Orioles / Pirates dão a sensação de conexão direta entre desempenho e folha salarial, o Tampa Bay Rays tem a terceira melhor campanha de toda a MLB (melhor que a dos Yankees, inclusive) com a 26ª folha salarial, quase um quarto do que os Dodgers gastam em salários. Em 2017, o Houston Astros bateu os Dodgers na World Series com uma folha salarial de quase metade (sim, eu sei que houve trapaça, mas é inegável que os times eram igualmente competitivos).
Esse fenômeno cria um problema para os jogadores. Franquias notoriamente ricas e que atuam em mercados de muita cobrança de torcida e imprensa são pressionadas a gastar muito em salários, e fazem isso. No entanto, equipes em mercados menores não têm incentivo para investir tanto em estrelas. Afinal, dá para ser competitivo gastando pouco, desde que se invista bem em análise de desempenho. Nem todo time tem “vaga” para um atleta de salário altíssimo.
Isso não significa que as franquias de mercados menores não têm dinheiro. Ainda que a MLB tenha muito mais desigualdade econômica que a NFL e a NBA, a divisão de receita é igualitária em diversas áreas, o que garante a qualquer franquia um faturamento mínimo seguro. O que a liga precisa fazer, então, é que esses times invistam esse dinheiro para melhorar seus elencos.
O enorme sucesso da gestão do Tampa Bay acaba tendo esse efeito negativo. Ela prova que é possível ser competitivo gastando pouco, mas nem todo mundo tem a mesma competência dos Rays. Além disso, várias franquias podem se iludir em projetos de reconstrução quando, no fundo, não estão se preocupando muito com isso. Pirates e Marlins são exemplos de equipes que não têm pudor em ficar mais de década sem dar sinal de competitividade, negociando os bons jogadores assim que se destacam.
Por isso, mais que um teto salarial que limite o gasto de Yankees, Dodgers, Boston Red Sox ou New York Mets, a MLB precisa de um piso, estabelecer um mínimo obrigatório que as franquias terão de gastar. Porque, por mais que alguma monte um time barato e bom (como os Rays), contratar dois ou três jogadores de nome -- de salários mais altos -- ajuda a mobilizar o público e melhorar a audiência. Além disso, serve de garantia para que as equipes baratas e ruins não sejam tão ruins assim.
Claro, os donos de franquias menores não vão gostar da ideia de terem de gastar mais dinheiro, o que acaba diminuindo sua própria margem de lucro. Por isso, a MLB lançou uma proposta interessante nesta semana: a “luxury tax” (taxa de luxo, espécie de multa que os clubes mais ricos pagam quando sua folha salarial passar de determinado patamar) seria repassada para as menores complementarem suas folhas salariais. No caso, quem passar de US$ 180 milhões pagaria uma multa para ajudar a folha salarial de quem ficasse abaixo de US$ 100 milhões.
Considerando as folhas salariais do início da temporada 2021, Dodgers, Yankees, Mets, Astros, Philadelphia Phillies, Red Sox e Los Angeles Angels passaram de US$ 180 milhões. E Milwaukee Brewers, Texas Rangers, Arizona Diamondbacks, Oakland Athletics, Detroit Tigers, Kansas City Royals, Seattle Mariners, Rays, Marlins, Pirates, Orioles e Cleveland Indians ficaram abaixo de US$ 100 milhões.
A ideia é engenhosa, porque incentiva a competitividade dos pequenos a partir de um mecanismo que já existe. Trata-se ainda de uma proposta, e ainda não há informações como isso seria implementado. Por isso, não dá para cravar se vai ser aceito, nem se a proposta é realmente boa em seus detalhes.
Mas a MLB ao menos vai no ponto principal. A questão não é o teto salarial, é o piso.
PLAYOFFS!
O ESPN App está transmitindo a Liga Mexicana de Beisebol, que chega a seus playoffs. Os brasileiros Paulo Orlando (Águila de Veracruz) e Leonardo Reginatto (Rieleros de Aguascalientes) ainda estão na disputa. Confira a programação completa toda sexta no Semana MLB.
PERSONAGEM DA SEMANA
Tyler Gilbert era um reliever encostado nas ligas menores de Phillies e Dodgers. Com o cancelamento dessas ligas menores pela pandemia em 2020, ele até trabalhou como eletricista ao lado do pai para pagar as contas. Um treino para uma nova carreira, já que não havia muitos sinais de que ele acabaria tendo uma oportunidade no beisebol.
Pois os Diamondbacks viram potencial para Gilbert se ele fizesse uma transição para a rotação. Acabou chamado para o elenco principal no início do mês e fez três jogos saindo do bullpen.
Para o jogo da última sexta (13), o Arizona estaria sem abridor por causa de uma lesão e um caso de covid. Gilbert foi avisado que seria o titular contra o poderoso ataque do San Diego Padres. O arremessador ainda conseguiu chamou seu pai, com quem trabalhava de eletricista há um ano, para ver de perto sua estreia como abridor.
Gilbert arremessou um no-hitter, o quarto na história de um arremessador em sua estreia como titular. O primeiro desde 1953.
VÍDEO DA SEMANA
Chris Bassitt, dos A’s, leva uma bolada na cabeça após rebatida de Brian Goodwin, do Chicago White Sox. A cena assusta, mas o arremessador sofreu “apenas” uma fratura no rosto (“apenas” porque há sempre o temor de um traumatismo craniano ou lesão nos olhos em casos como esse).
O QUE VEM POR AÍ
Dodgers e Padres começaram o ano com ares de favoritos para a Liga Nacional Oeste, com pinta de que decidiriam quem seria o campeão da divisão e quem iria para o wildcard. Pois os dois chegam às semanas finais da temporada regular precisando muito de vitórias. Os Dodgers, para ultrapassarem o surpreendente rival San Francisco Giants na liderança da divisão. Os Padres, para conseguirem uma vaga no sufoco para o wildcard, já que o Cincinnati Reds está ameaçando roubar essa posição. O Fox Sports transmite os confrontos de terça e quarta.
E, NO PRÓXIMO SUNDAY NIGHT
Angels e Indians não lutam por muita coisa na temporada. Isso poderia indicar um Sunday Night Baseball esvaziado, mas o jogo será disputado em Williamsport (Pensilvânia) como o duelo festivo da Little League World Series. Com Shohei Ohtani caminhando forte para a que talvez seja a melhor temporada de um jogador na história da MLB, uma eventual grande atuação do astro japonês ganha o bônus da reação da criançada do Mundial escolar sub-12.
PROGRAMAÇÃO: MLB NOS CANAIS DISNEY
Sexta, 20/ago
20h - Chicago White Sox x Tampa Bay Rays (ESPN App)
Domingo, 22/ago
20h - Los Angeles Angels x Cleveland Indians (ESPN)
Segunda, 23/ago
22h30 - Seattle Mariners x Oakland Athletics (Fox Sports)
Terça, 24/ago
23h - Los Angeles Dodgers x San Diego Padres (Fox Sports)
Quarta, 25/ago
23h - Los Angeles Dodgers x San Diego Padres (Fox Sports)
Sexta, 27/ago
20h - Boston Red Sox x Cleveland Indians (ESPN 2)
MAIS BEISEBOL NO ESPN APP
Sexta, 20/ago
21h30 - LMB (playoffs): Toros de Tijuana x Acereros de Monclova
Sábado, 21/ago
21h30 - LMB (playoffs): Toros de Tijuana x Acereros de Monclova
Domingo, 22/ago
21h - LMB (playoffs): Toros de Tijuana x Acereros de Monclova
Terça, 24/ago
23h - LMB (playoffs): Acereros de Monclova x Toros de Tijuana
Quarta, 25/ago
21h - LMB (playoffs): Acereros de Monclova x Toros de Tijuana
Sexta, 27/ago
21h - LMB (playoffs): Jogo a definir
Obs.: Horários de Brasília. Grades sujeitas a alteração
Mais que um teto salarial, a MLB precisa de um piso | Semana MLB
COMENTÁRIOS
Use a Conta do Facebook para adicionar um comentário no Facebook Termos de usoe Politica de Privacidade. Seu nome no Facebook, foto e outras informações que você tornou públicas no Facebook aparecerão em seu cometário e poderão ser usadas em uma das plataformas da ESPN. Saiba Mais.