O jogo do “Campo dos Sonhos” foi um sucesso, o que traz novos desafios à MLB | Semana MLB
O Semana MLB é um post em forma de newsletter sobre os principais temas (e a programação de TV) da MLB. Toda sexta uma nova edição
Tudo foi perfeito, mais perfeito que um jogo eliminando todos os rebatedores enfrentados*. O estádio no meio da fazenda, Kevin Costner vagando pelo campo e admirando aquilo como se fosse um espectador a mais, os jogadores de Chicago White Sox e New York Yankees saindo do meio do milharal e o final apoteótico com duas viradas na última entrada. O jogo em que a MLB celebrou o filme “Campo dos Sonhos” (1989) entregou até mais do que se poderia imaginar.
O resultado dessa aposta foi espetacular. A repercussão nos Estados Unidos foi muito boa, reforçando o apelo cultural e emocional do beisebol diante do americano comum (sobretudo na relação pai-filho) e gerando enorme retorno na TV: 5,9 milhões de pessoas, maior audiência de um jogo de temporada regular desde 2005.
Ficou evidente que criar eventos especiais no meio da longa temporada regular da MLB pode criar impulsos pontuais de audiência e fazer com que muita gente veja o beisebol com outros olhos. Não à toa, antes mesmo do arremesso inicial a MLB já havia confirmado que o evento no Campo dos Sonhos será repetido em 2022. Ótimo, não havia como ser diferente.
No entanto, isso cria um desafio à liga: eventos são imperdíveis enquanto forem únicos. Quando se tornam lugar-comum, perdem a aura e, por mais que até mantenham alguns atrativos, não terão o mesmo impacto. Por isso, a MLB precisa pensar em como aproveitar ao máximo esses jogos especiais, sem que isso se torne comum, descartável.
Primeiro, é importante considerar que nem todo jogo terá um encaixe tão perfeito quanto o do “Campo dos Sonhos”. Alguns terão apelo maior para a TV, outros para os torcedores locais. Todos são válidos, desde que não se crie falsas expectativas sobre cada um deles. Além disso, é possível ter uma relação de diversos eventos, variando de uma temporada para outra e sempre evitando a banalização.
Por isso, aqui vão algumas ideias de eventos que a MLB poderia trabalhar para criar momentos especiais ao longo das temporadas. Alguns já foram realizados, mas poderiam se tornar periódicos.
Omaha (Nebraska): Cidade onde é disputado todo ano a College World Series, os playoffs nacionais do beisebol universitário. O TD Ameritrade é um estádio pronto para um jogo da MLB, que poderia abrigar um jogo anual das grandes ligas para marcar o início da CWS.
Campo dos Sonhos, Dyersville (Iowa): Recebeu um jogo extremamente bem sucedido neste ano e já está confirmado que receberá outro em 2022. Talvez se torne um evento anual, mas isso o tornaria banal. Entrar no calendário com alguma periodicidade, uma vez a cada dois ou quatro anos seria melhor.
Pequenos estádios históricos: Dá para tornar isso em evento periódico, revezando com o Campo dos Sonhos. Realizar partidas únicas em estádios que marcaram a história do esporte. Exemplos: Labatt Memorial Park, em London (Canadá), estádio de beisebol mais antigo do mundo, Rockwood Field, em Birmingham (Alabama), estádio de beisebol mais antigo dos EUA, Jackie Robinson Ballpark, em Daytona (Flórida), estádio que recebeu a primeira partida -- no caso, de pré-temporada -- da MLB com jogador negro.
Williamsport (Pensilvânia): A cidade recebe a Little League World Series (Mundial infantil de beisebol) e foi palco de partidas da MLB nos últimos anos, sempre na semana da LLWS. A liga parou com o evento por causa da pandemia, mas deveria retomar assim que possível.
Cooperstown (Nova York): A pequena cidade no interior de Nova York é sede do Hall da Fama do beisebol. O estádio local recebeu partidas da MLB entre 1940 e 2008, sempre na semana de introdução de uma nova classe de imortais. No entanto, eram jogos amistosos, de pouco apelo. O Hall of Fame Game deveria voltar, com um evento anual e valendo pela temporada regular. Uma celebração das figuras que construíram a grandeza do beisebol.
Montreal e Providence: Desde que a MLB foi criada, apenas uma cidade já teve franquia e hoje está fora da liga: Montreal. A maior cidade da província de Quebec tem recebido partidas de pré-temporada do Toronto Blue Jays, mas um jogo oficial teria um papel simbólico de as grandes ligas mostrarem que continuam com um pé na cidade. Providence poderia entrar no pacote pelo Providence Grays, equipe fundadora da Liga Nacional (quando não existia a Liga Americana e a MLB) que teve sucesso nos primórdios do beisebol profissional, conquistando dois títulos na década de 1880.
Louisville (Kentucky): Louisville não tem equipe na MLB, mas é a cidade com mais tradição na produção de bastões de beisebol. Partidas na cidade poderiam ser eventos em celebração ao equipamento mais importante de uma partida de beisebol. Mas só faria sentido se não fosse tão constante. Uma vez a cada quatro anos, por exemplo.
Base militar: A MLB realizou um jogo no Fort Bragg, principal instalação militar dos Estados Unidos, em 2016. A repercussão foi muito boa, mas o evento não se repetiu. A liga poderia reavivar esse jogo, eventualmente até mudando de complexos.
Mercados internacionais: A MLB já realizou partidas de temporada regular em Japão, Inglaterra, México, Porto Rico e Austrália. Os planos são de manter esses eventos, mas não custa colocar aqui na lista para reforçar a importância deles. E é possível explorar novos países, como Coreia do Sul, Taiwan, China, República Dominicana, Países Baixos e Itália.
Paris: O beisebol saiu dos Jogos Olímpicos para Paris-2024. A MLB poderia, dentro da agenda de jogos internacionais (item acima), estudar a viabilidade de fazer uma partida na capital francesa. Em 2024 talvez fosse difícil devido à reta final dos preparativos para os Jogos, mas eventualmente para 2023. Seria uma forma de se manter vivo no universo olímpico, pensando já no retorno para Los Angeles-2028 ou Brisbane-2032.
Grandes cidades fora da liga: Las Vegas, Charlotte, Nova Orleans, Vancouver, Salt Lake City, Nashville, Portland, Oklahoma City, Indianápolis, Buffalo… Todas essas cidades têm capacidade de sustentar uma equipe da MLB, mas não têm uma franquia. Realizar partidas em cidades como essas (poderia ser uma por ano, ou com alguma periodicidade) atrairia a atenção de mercados que certamente se consideram candidatos a receber um time no futuro. Além de ótimo retorno do público local, também ajudaria a liga a testar esses públicos.
Ligas Menores: As cidades do item acima têm equipes de ligas menores, mas a ideia aqui é diferente. Não é pegar uma grande cidade que poderia estar na MLB, mas celebrar a importância das ligas menores para a manutenção do beisebol profissional em pequenas cidades por todo o interior dos Estados Unidos. Em 2021, a MLB mudou as regras para as ligas menores, levando ao fechamento ou desfiliação de 40 equipes profissionais. Uma forma de retornar isso seria celebrar as ligas menores, organizando partidas que reforcem o vínculo das comunidades locais com seus times.
* Para ser 100% preciso, nem tudo foi perfeito. Entre as opções gastronômicas disponibilizadas aos torcedores que foram ao estádio, criaram (e serviram ao público) um cachorro quente na torta de maçã. Sim, uma torta de maçã com salsicha e mostarda. Que ideia horrível
PLAYOFFS!
O ESPN App está transmitindo a Liga Mexicana de Beisebol, que chega a seus playoffs. Os brasileiros Paulo Orlando (Águila de Veracruz) e Leonardo Reginatto (Rieleros de Aguascalientes) estão vivos na disputa. Confira a programação completa toda sexta no Semana MLB.
PERSONAGEM DA SEMANA
Nesta quarta, Miguel Cabrera rebateu um home run para o campo oposto na vitória do Detroit Tigers sobre o Baltimore Orioles por 5 a 2. Foi o 499º home run do venezuelano, e seu aproveitamento no bastão de 31,1% na carreira dificilmente cairá para menos de 30% no pouco que resta de sua carreira. Com essas marcas, ele se tornaria o sétimo jogador da história a ter uma carreira com ao menos 500 home runs e 30% de aproveitamento no bastão. Apenas Hank Aaron, Alex Rodríguez, Albert Pujols, Willie Mays, Rafael Palmeiro e Eddie Murray também têm essas marcas. Murray Mays e Aaron estão no Hall da Fama, Palmeiro não está apenas pelo fato de ter se envolvido com doping, Rodríguez ainda não é elegível ao Hall e Pujols está em atividade.
VÍDEO DA SEMANA
A abertura da partida do “Campo dos Sonhos”, claro.
O QUE VEM POR AÍ
Os encontros entre New York Yankees e Boston Red Sox sempre são quentes, mas a série com rodada dupla na terça e um jogo quarta (dias 17 e 18) tem potencial para ser especialmente decisiva. Os Red Sox estão despencando na temporada, enquanto que os Yankees apresentam uma recuperação constante. O confronto direto em Nova York representa uma chance para os Red Sox retomarem o controle de seu destino, da mesma maneira que os Yankees podem ultrapassar ou consolidar a ultrapassagem sobre o rival.
E, NO PRÓXIMO SUNDAY NIGHT
Los Angeles Dodgers e New York Mets chegam à reta final da temporada regular dependendo de cada vitória para diminuir a distância que os separam de San Francisco Giants e Philadelphia Phillies na luta por suas divisões. Ainda mais considerando o dinheiro que gastaram em reforços para esta temporada. Pelo duelo no montinho, a vantagem é dos Dodgers: Max Scherzer contra Carlos Carrasco, que faz apenas seu quarto jogo desde que voltou de grave lesão.
PROGRAMAÇÃO: MLB NOS CANAIS DISNEY
Sexta, 13/ago
20h - Los Angeles Dodgers x New York Mets (ESPN 2)
Domingo, 15/ago
20h - Los Angeles Dodgers x New York Mets (ESPN)
Segunda, 16/ago
21h - Oakland Athletics x Chicago White Sox (Fox Sports)
Terça, 17/ago
22h30 - New York Mets x San Francisco Giants (ESPN App)
Quarta, 18/ago
20h - Boston Red Sox x New York Yankees (ESPN 2)
Sexta, 20/ago
20h - Chicago White Sox x Tampa Bay Rays (ESPN App)
MAIS BEISEBOL NO ESPN APP
Sábado, 14/ago
21h - LMB (playoffs): Jogo a definir
Domingo, 15/ago
19h - LMB (playoffs): Jogo a definir
Terça, 17/ago
21h - LMB (playoffs): Jogo a definir
Quarta, 18/ago
21h - LMB (playoffs): Jogo a definir
Sexta, 20/ago
21 - LMB (playoffs): Jogo a definir
Obs.: Horários de Brasília. Grades sujeitas a alteração
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