Como ela faz falta (também) em um domingo de decisões no futebol
Minha mulher estava longe de ser apaixonada por futebol (falta de interesse que passou em dose muito maior para as nossas filhas). Mas, por minha profissão e pelo meu time de coração, aprendeu a conviver com a bola e nunca o assunto foi um problema.
Por mais de dez anos, viajei muito por causa do futebol. E ela trabalhava com professora (o que amava fazer) e tocava a casa, missão que ficou muito mais difícil quando nossas filhas nasceram. Ela vibrava quando eu fazia um bom trabalho na cobertura de uma da Copa do Mundo, mesmo que isso significasse dois meses longe de casa.
Nos raros finais de semana de folga, ela até fazia força para ficar no sofá comigo vendo pelo menos o jogo do nosso clube. Sabia que eu tinha que fazer aquilo por que era meu trabalho e ela, nessas horas, se divertia fazendo comentários bem sarcásticos sobre jogadores.
Em 2011, chegou o câncer. E o futebol continuou sendo um assunto que nos unia, e não nos separava. As viagens, claro, ficaram mais raras. Mas na Copa de 2014 novamente eu estava viajando, e ela orgulhosa e com uma força que eu nunca seria capaz de ter trabalhando e cuidando dela e das meninas.
Durante todo o tempo que ela enfrentou a doença, posso falar que tivemos muito mais bons momentos do que missões nada fáceis de enfrentar. A recuperação das pesadas sessões de quimioterapia era o momento que eu queria sempre estar ali ao lado dela. E quantas e quantas vezes ela falou para eu trocar o canal do filme que ela estava vendo para um jogo de futebol. E a gente ficava junto torcendo e cornetando jogadores e técnicos.
Em 2018, depois de quatro Copas do Mundo seguidas, eu não estava nos estádios. O câncer se espalhou pelo corpo e tudo ficou muito difícil. Tenho certeza que meus chefes na ESPN me deixariam ficar em casa com ela se eu pedisse. Mas novamente ela me dizia para eu ir trabalhar, que era importante. E eu fui durante todos os dias do Mundial de Rússia.
Há 2 anos, em um 2 de agosto como hoje, ela nos deixou. Neste domingo, vou lembrar de muitas coisas e chorar pela falta imensa que ela faz. E quando ligar a televisão para assistir ao jogo do nosso time em um dia que estou de plantão, vou também recordar como ela faz falta também no futebol para mim.
Fonte: Paulo Cobos, blogueiro do ESPN.com.br
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