Entrevista: rival do Grêmio na Libertadores, River investe em estudo para reconquistar a América
Semifinalista da Copa Libertadores, o River Plate está investindo no estudo conjunto desenvolvido pelos diferentes níveis de seu futebol, dos garotos mais novos aos profissionais. Oferece curso, aberto, que proporciona diploma de Diretor Esportivo de Futebol profissional e que faz parte desse projeto, com aulas que podem ser online ou ao vivo.
Gustavo Grossi é o Diretor Esportivo e CEO dos Millonarios. A máxima autoridade desde a base do clube e não só coordena, como ministra o curso, que aborda todos os temas que devem ser dominados por um Diretor Esportivo. Ao lado de outros profissionais, as aulas englobam as diversas funções e têm como alvo treinadores, gerentes de futebol, preparadores físicos, jogadores, advogados, jornalistas...
O blog entrevistou o CEO do River Plate para entender o projeto e o quão relevante esse tipo de ação é para o desenvolvimento do clube, que depois de passar pela segunda divisão em 2012 ganhou todos os títulos possíveis no continente. E pode levantar mais uma Libertadores em mais quatro partidas
Qual é o público alvo do curso?
É basicamente destinado a qualquer pessoa que se dedica à gestão de futebol profissional, incluindo um público como gerente de esportes, um jogador com grande experiência, ex-jogadores, treinadores físicos, jornalistas, agentes de jogadores, gestores e todos os profissionais que cercam o desenvolvimento de um clube.
Como pode ser feito por quem mora no Brasil?
Nestes momentos utilizamos a ferramenta do grupo fechado ao vivo do Facebook para a visualização ao vivo ou aula gravada, ao mesmo tempo a tela da Universidade do River Plate.
Quantos brasileiros estão matriculados?
De um total de 160 são 12 brasileiros inscritos até agora. Calculamos vários outros. Entre os estudantes está o Isaias Tinoco, supervisor com vasta experiência no futebol brasileiro (trabalhou por anos no Vasco e no Flamengo) e para todos nós orgulhosos de estar realizando uma troca de conhecimentos entre os dois países.
O curso será levado ao Brasil em 2019?
Devido às características do mesmo acho que é possível acontecer, consideramos que é uma ferramenta a ser levada em conta para aqueles que se dedicam completamente a este esporte e buscam profissionalizar sua paixão. Portanto, a demanda pode ser muito importante e ditar isso no Brasil é um dos nossos objetivos.
Quais são as disciplinas do curso?
Entre outros pontos, Diretor de Esportes, a organização do futebol profissional, marketing esportivo, imprensa e comunicação, secretariado técnico e gerente de futebol profissional.
Qual o perfil dos alunos?
São aqueles que estão interessados em dar um salto de qualidade com base no estudo e conhecimento específico de todas as áreas que compõem o desenvolvimento do futebol na América do Sul.
Quais são as deficiências dos profissionais que atuam no Mundo do Futebol?
Há poucas oportunidades educacionais oferecidas em nosso continente e também não temos os mesmos requisitos e a economia com a qual conta a Europa para formação.
O que é feito na Argentina na gestão esportiva e o que pode ser adotado no Brasil?
O que ambos os países desenvolvem é semelhante no marketing, em parcerias, no jurídico. Em tudo o que envolve a bola fora do campo de jogo. Mas ambos os países podem, sem dúvida, contribuir diretamente para o recrutamento de talentos, a profissionalização das escolas e do método de formação. Sem dúvida, no momento em que os critérios forem unificados e as duas ligas serão fortalecidas e ambos estarão, sem dúvida, entre as cinco melhores do mundo.
E o que é feito na Europa e ainda não adotado na América do Sul na gestão do futebol profissional?
A Europa possui, desde os anos 1990, um modelo educativo diretamente voltado à profissional, à evolução. Definiram como uma política de Estado e as diferenças no investimento e dedicação ao longo das últimas três décadas são enormes. A partir do que acontece lá podemos refletir e concluir que muitos países têm sido capazes de equilibrar em seus desenvolvimentos de futebol. Da mesma forma é sempre bom poder começar como são essas oportunidades.
Qual o custo do curso e quantas horas/aula, aulas presenciais, online, etc.?
O custo nesta primeira oportunidade, por ser seu lançamento e procurando que todos os países do continente pudessem se desenvolver, tinha de ser baixo. Os professores e a universidade não tinham como objetivo o rendimento econômico, mas sim democratizar o conhecimento. Estudantes brasileiros pagam R$ 450 para obter o diploma inteiro em oito aulas, duas horas a cada terça-feira, numa duração total de 16 horas.
O investimento em estudos, em conhecimento, já se reflete na base do River Plate, na revelação de atletas?
O futebol de hoje precisa de jogadores inteligentes, portanto, tudo o que lhes dá a chance de pensar será um salto de qualidade para a formação integral deles.
Poderia citar alguns que já estão entre os profissionais e que surgiram dessas iniciativas acadêmicas do clube?
Do ponto de vista dedutivo, faço parte dos profissionais de futebol que, além de terem sido atletas de base e sem uma carreira profissional em futebol profissional, conseguiram desenvolver projetos em grandes clubes da América, mas a tendência de preparação na Europa é determinante para essas posições dentro desse continente, enquanto na América está chegando lentamente. Jogadores profissionais como Ponzio e Scocco são graduados, fizeram o curso.
Como esses estudos beneficiam vocês no campo hoje?
De acordo com a palavra dos jogadores, este diploma permitiu não apenas compreender e compreender melhor o desenvolvimento do futebol em todas as áreas, mas também conhecer os detalhes do que acontece fora do campo em favor dos jogadores e da equipe técnica na profissionalização de cada clube. E também lhes dá uma maior clareza da profissão que gostariam de ter uma vez terminada a sua carreira como atleta.
Fonte: Mauro Cezar Pereira, jornalista da ESPN
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