Descobridor de Alexis Sánchez leva Vizeu para a Itália e fala sobre os brasileiros e o mercado europeu
Silvio Lescovich já levou da América do Sul para a Europa uma série de jogadores, casos de Germán Denis, David Pizarro, Cristián Zapata, Mauricio Pinilla, Juan Guillermo Cuadrado, Mauricio Isla, Franco Vázquez, Roberto Pereyra, Alexis Sánchez e outros. Mas até poucas semanas não havia negociado um brasileiro com o futebol europeu. Felipe Vizeu, vendido à Udinese pelo Flamengo, foi o primeiro. O blog conversou com o agente de 69 anos, que fala sobre como o principal mercado da bola vê as diferenças entre os atletas nascidos no Brasil e em países vizinhos.
Silvio Lescovich - Eu era ex-jogador da base do River Plate, mas não me profissionalizei, então tive a chance de instalar uma fábrica têxtil no Chile, onde fiquei. Mas o negócio não prosperou e comecei a procurar jogadores. Em 1998, descobri o David Pizarro (chileno que defendia o Santiago Wanderers), e em 1999 levei-o para a Udinese, um clube da família Pozzo. Também peguei argentinos como Roberto Sosa e Jiménez. Mas fui tentando no mercado chileno pelos valores mais baixos de seus jogadores. Então eu trouxe de Mendoza, Argentina, para o Audax Italiano, do Chile, o Franco di Santo, que mais tarde levei para o Chelsea. Em 2003 o Mauricio Pinilla saiu da Universidad de Chile para a Internazionale de Milão.
Qual dos mais importantes que você levou para a Europa?
Descobri aos 16 anos, em Tocopilla, uma pequena cidade no norte do Chile (nota do blog: a 1.530 quilômetros de Santiago e a menos de 500 quilômetros da fronteira com a Bolívia), Alexis Sánchez, que vendemos para a Udinese. Também levei à Europa Mauricio Isla, Matías Campos Toro, Charles Aránguiz, entre outros.
Qual é a nacionalidade sul-americana mais bem aceita na Europa, não só pela qualidade técnica, mas pelo comportamento e profissionalismo?
Os argentinos, pela sua capacidade de adaptação e forte convicção, o que os torna taticamente ideais para os treinadores.
Há resistência aos jogadores brasileiros devido ao fato de que muitos deles vão para o exterior e depois de alguns meses, dada a dificuldade de se adaptar, insistem em retornar ao futebol brasileiro, mesmo emprestados?
É difícil de generalizar. Houve alguns casos de jogadores famosos que tiveram dificuldade em se adaptar. Mas já fui informado por jogadores argentinos que em geral eles têm um relacionamento muito bom com seus companheiros de equipe brasileiros. Eu acredito que a questão climática também tem influência.
Em geral, como o jogador brasileiro é visto na Europa, em comparação ao atleta argentino ou uruguaio?
Se os valores são semelhantes, o brasileiro é visto como um grande investimento.
Os clubes brasileiros não costumam observar bem o mercado no continente, embora tenham mais condições financeiras do que a maioria dos vizinhos. Jogadores como Dybala e James Rodrigues não eram conhecidos aqui até serem negociados com clubes de Portugal e Itália. Por que isso acontece?
Com todo o devido respeito, acho que eles precisam de observadores como eu. Pessoalmente, planejo dedicar 90% do meu tempo para trazer jogadores brasileiros para a Itália, Inglaterra e Espanha.
Como você imagina que o mercado sul-americano será no futuro, agora que o Brasil passou a contratar mais estrangeiros na América do Sul?
Tudo está relacionado à observação para contratação. Por exemplo, na Argentina, não é apenas o Boca Juniors e o River Plate, há clubes muito menores onde há grandes jogadores a preços acessíveis. Também na Colômbia e no Uruguai. A questão está em se mover na hora certa e, claro, ter contatos. Além disso, nas ligas da América do Sul ocorre um outro fenômeno, uma vez que os torneios estão sendo preenchidos com jogadores consagrados que retornam da Europa.
Qual a diferença de Felipe Vizeu para outros jogadores brasileiros, já que ele é o primeiro nascido no Brasil que está levando ao futebol europeu?
Estou muito feliz por ter levado Felipe Vizeu para a Udinese, acho que será muito bom. Tem apenas 20 anos, ótimo físico e condições técnicas que, claro, devem ser melhoradas. E outro ponto importante: pode ser muito forte na cabeça.
Em que ele precisará amadurecer para ser um jogador de sucesso. Itália?
Necessita se adaptar à parte tática e ser um jogador de área, ele não vai precisar voltar 30 metros para procurar a bola.
Siga no Instagram: @maurocezar000
Fonte: Mauro Cezar Pereira, jornalista da ESPN
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