São Paulo é líder. E agora?
Jogador por jogador, nome por nome, era para o São Paulo estar brigando pela quinta posição do Campeonato Brasileiro. Isso mesmo, alimentando o sonho de voltar à Libertadores no ano que vem. Em virtude do que passou em 2017, convivendo por alguns meses com a chance real de um devastador rebaixamento, seria uma boa situação.
É um fato que, se Flamengo, Palmeiras, Cruzeiro e Grêmio jogarem tudo o que podem, vencem o São Paulo, e mesmo se este também jogar tudo o que pode. Por isso, é surpreendente que o são-paulino alcance, na 17ª rodada do torneio, a liderança do torneio, apenas um ponto a mais que o rubro-negro carioca.
O clube alcança o topo com uma subida gradual. O primeiro fato positivo foi o afastamento do presidente Leco das decisões do futebol profissional. Raí e Lugano, cada um na sua, são gente do meio e referências de postura e sãopaulinidade. Ricardo Rocha também está lá, mas confesso ter dificuldades para entender o que, de fato, ele faz. Já deu pra ver que, pelo menos, não atrapalha.
A vinda de Diego Aguirre foi a segunda aposta acertada. Há uma passagem secreta no Morumbi que dá direto em Montevidéu. Uruguaios têm história farta no clube paulista. E Aguirre é discreto, tem liderança e pragmatismo. Arrumou a defesa, demonstra que impôs uma isonomia no elenco, evitando privilégios, e faz o time jogar conhecendo seus limites. Uma linha de quatro atrás que é forte, laterais que não vão “na louca”, dois volantes, um meia criativo, um centroavante de presença e dois caras rápidos nos lados. E dá-lhe contra-ataque. A chegada de reforços pontuais, como Éverton, Rojas e Bruno Peres, qualificou o elenco, que agora vai ter que se virar sem Militão, um de seus melhores.
Ainda vivo na Copa Sul-americana, embora em situação difícil, o São Paulo se beneficia também da divisão de seus principais rivais entre Copa do Brasil e Libertadores. Se for eliminado pelo Colón, terá atenção exclusiva ao Brasileiro, que vale muito mais que o torneio continental.
Não haver jogo do Brasileiro esta semana dá ao são-paulino um prazer que há três anos não sentia: ver o time no topo da classificação. Ele olha várias vezes para ver se é verdade. Às vezes, não acredita. E volta a olhar.
É apenas um ponto, quase uma ilusão de ótica. Mas Aguirre deveria imprimir duas tabelas e colar na porta do vestiário do CT. Uma pequena, meio sulfite A4, de um ano atrás, quando o time se posicionou na vice-lanterna na 22ª rodada do Brasileirão do ano passado, após perder para o Palmeiras por 4 x 2. A outra tabela, a atual, em papel A3, com o clube em primeiro.
O time e seus torcedores precisam usar a semana de treinos para acreditar nessa liderança. Há elencos melhores, mas as circunstâncias permitiram que, depois da sequência pós-Copa, o São Paulo se colocasse como candidato ao título. Há várias coisas para aprimorar, o time tem problemas quando está com a posse, conta com jogadores que não conseguem manter a pressão na bola adversária o tempo todo, não consegue garantir partidas tranquilas quando sai na frente. Isso tudo é treino de campo. Outro trabalho é fazer o time acreditar que é possível. Isso é treino de cabeça.
Fonte: Maurício Barros, blogueiro do ESPN.com.br
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