Itália no tudo-ou-nada da repescagem. O que fazer para evitar o pior
Não adianta negar. Desde o sorteio dos grupos das eliminatórias da Copa do Mundo de 2018 que colocou Espanha e Itália no mesmo grupo, jogar a repescagem era uma realidade possível para os italianos. A eliminação espanhola na Euro 2016, numa obra-prima de Antonio Conte, não foi suficiente para criar uma falsa ideia de que a Itália ganhou terreno diante de um modelo de jogo estabelecido e afirmado na Espanha há mais de uma década.
Os 3 a 0 do Santiago Bernabéu foram um duro e necessário choque de realidade. As magias de Isco ficam para a história - e Julen Lopetegui foi muito competente em repetir o que Vicente del Bosque já havia feito na final da Euro 2012, quando a Espanha fez 4 a 0 em outro recital.
Na decisão de Kiev, um time repleto de meio-campistas e sem uma referência na área. Na ocasião, jogaram Busquets, Xabi Alonso, Xavi, Fàbregas, Iniesta e David Silva.
Cinco anos depois, três peças daquele sexteto se repetiam (Busquets, Iniesta e Silva), com Koke, Asensio e Isco completando o grupo.
Neste cenário, Giampiero Ventura optou pela pior estratégia possível. Abriu mão de homens no meio-campo e insistiu em um 4-2-4 que deixava Verratti e De Rossi sempre perdidos no meio de um mar de camisas vermelhas. Até a véspera, trabalhava com uma formação com cinco defensores, mas mudou de ideia ao perder Chiellini por lesão. No momento desta mudança, jogou fora também suas chances de complicar os espanhóis.
Podemos entender que, de qualquer maneira, nunca seria surpresa a Espanha em primeiro na chave, com a Itália em segundo. Durante muitos anos, os azzurri ignoraram o funcionamento do ranking da Fifa, levando amistosos pouco a sério e perdendo algumas chances de ganhar posições. Como esquecer que, em 2013, bastava vencer a Armênia para ser cabeça-de-chave da Copa do Mundo, e o empate por 2 a 2 acabou empurrando a equipe para um grupo com Uruguai, Inglaterra e Costa Rica?
Por este mesmo ranking, é fundamental vencer os jogos restantes para ter a garantia de um sorteio menos pesado na repescagem (evitar uma Suíça ou Portugal, por exemplo). Macedônia e Albânia são rivais acessíveis para isso. Mas também serão oportunidades para que Ventura reveja algumas de suas convicções. Na vitória por 1 a 0 sobre Israel, ficou evidente que o modelo penaliza alguns dos jogadores mais importantes do elenco.
O 4-2-4 é um desenho com o qual os principais atletas da Itália não convivem em seus clubes. Já falamos sobre Verratti, habituado a uma trinca de meio no PSG, mas o exemplo mais claro talvez seja Insigne. No Napoli, o talentoso atacante é aproveitado pela esquerda de um 4-3-3, baseado em muita posse de bola e presença constante no campo ofensivo. No sistema de Ventura, muitas vezes recebe a bola distante de zonas de perigo e tem dificuldades para chegar à área.
A dupla de ataque formada por Belotti e Immobile já chegou a trabalhar junta com o próprio Ventura no Torino, mas hoje ambos são atacantes isolados em seus clubes. O entendimento tem sido difícil, e um deles provavelmente terá de ser sacrificado - provavelmente Immobile, embora tenha sido dele o gol salvador contra Israel, num jogo em que a torcida de Reggio Emilia chegou a vaiar o time.
Ventura tem o mérito de já ter conseguido reduzir a média de idade de um time que chegou à Euro envelhecido. Existe um bom movimento nas categorias de base da Itália, com as seleções sub-20 e sub-21 vindo de boas campanhas recentes, e há otimismo sobre o amadurecimento de uma boa geração. Neste cenário, projeta-se a maturidade da seleção entre 2020 e 2022. Mas para que 2018 seja uma etapa importante de crescimento, é preciso estar lá.
Fonte: Leonardo Bertozzi
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