Entenda por que o Brasil não será o primeiro do ranking: amistosos mais atrapalham do que ajudam
Antes do amistoso contra a Colômbia, diversos veículos de comunicação falaram sobre a possibilidade de a Seleção Brasileira assumir a liderança do ranking da Fifa. Seja por erro de cálculo ou falta de familiaridade com o sistema de classificação das seleções, importante na realização de sorteios da Copa do Mundo desde as eliminatórias, cometeram um equívoco.
O ranking da Fifa considera resultados de partidas oficiais e amistosas dos últimos 48 meses (4 anos). Têm peso máximo os últimos 12 meses, enquanto os jogos anteriores vão se depreciando (valem 50%, 30% e 20%, contando do ano mais recente ao mais antigo). Porém, a pontuação final não é uma soma, mas uma média por partida disputada em cada um destes intervalos.
O site da Fifa oferece uma ferramenta para projetar os pontos de acordo com os possíveis resultados das seleções em cada mês.
A pontuação de cada jogo depende de alguns fatores:
1) resultado
3 pontos por vitória
2 pontos por vitória nos pênaltis
1 ponto por empate
1 ponto por derrota nos pênaltis
0 ponto por derrota
2) importância do jogo
Peso 1 por amistoso
Peso 2,5 por eliminatória mundial ou continental
Peso 3 por fase final continental ou Copa das Confederações
Peso 4 por Copa do Mundo
3) força do adversário
Quanto melhor o ranking do adversário no momento da partida, maior o multiplicador. A fórmula é 200-X, sendo X o ranking do adversário. Por exemplo, num jogo contra a quinta colocada no ranking, o multiplicador é 195. As seleções de 150º para baixo multiplicam sempre 50.
4) confederação do adversário
Com base no desempenho das confederações nas últimas três Copas do Mundo, foi atribuído a cada uma um coeficiente: Conmebol 1,00, Uefa 0,995, as demais 0,85.
Estes quatro fatores multiplicados correspondem à pontuação total de cada jogo.
Pegando um exemplo prático. Ao vencer a Colômbia por 2 a 1, em Manaus, pelas eliminatórias da Copa do Mundo, o Brasil totalizou 1477,5 pontos. Multiplicaram-se 3 da vitória, 2,5 da importância do jogo, 197 da força do adversário e 1 da confederação do adversário.
A vitória no amistoso de quarta-feira valeu apenas 582 pontos, resultado da multiplicação de 3 da vitória, 1 da importância do jogo, 194 da força do adversário e 1 da confederação do adversário.
Quando a Fifa publicar sua próxima atualização do ranking, o Brasil terá 1529 pontos - 15 a menos do que em janeiro. O Chile, que participou de um torneio amistoso na China, também verá sua pontuação cair.
Não por acaso, algumas seleções têm evitado fazer amistosos nos doze meses prévios a um sorteio. Foi o que fez o País de Gales antes do sorteio das eliminatórias da Copa de 2018.
No ranking de julho de 2015, usado para determinar os potes do sorteio dos grupos da Uefa, Gales ocupava a décima posição, garantindo assim um lugar entre os cabeças-de-chave.
A Romênia, outra cabeça-de-chave, fez apenas um amistoso (vitória por 2 a 0 sobre a Dinamarca) no último ano antes do sorteio.
A melhor tática para buscar um bom ranking, portanto, é minimizar o número de amistosos, sobretudo aqueles contra seleções inexpressivas. No sorteio dos grupos para a Copa do Mundo de 2014, a Itália ficou fora do grupo dos cabeças-de-chave. Nos doze meses que antecederam o ranking de outubro de 2013, fez seis amistosos, incluindo um contra San Marino (4 a 0) e um contra o Haiti (2 a 2). Resultados que ajudaram a deixar a equipe em nono lugar na classificação.
Uma distorção que precisa ser corrigida, mas, enquanto existe, exige atenção das federações para a elaboração de seus calendários.
Fonte: Leonardo Bertozzi
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