Para diretor esportivo do Leverkusen, torcedores respeitarão distanciamento dos estádios no retorno da Bundesliga
Aos 33 anos, em 2015, Simon Rolfes encerrou uma bem sucedida carreira de jogador de futebol. Revelado pelo Werder Bremen, obteve maior destaque com a camisa do Bayer Leverkusen, clube que defendeu por dez anos.
O volante disputou 26 partidas pela seleção alemã e fez parte do grupo vice-campeão da Euro 2008. Aliás, também fez parte de dois vices com o Leverkusen - Bundesliga 2010-11 e DFB Pokal 2008-09.
Quando parou, se dedicou à carreira de comentarista e ao curso de mestrado da Uefa para jogadores. Formou-se com o tema "Academias de futebol na Europa" e desde dezembro de 2018 é o diretor esportivo do Bayer Leverkusen.
Nesta entrevista, ele aborda a atualidade do futebol alemão, com o iminente retorno das atividades, e um pouco da história do clube com jogadores brasileiros e a formação de atletas.
Qual é a sua opinião e a posição do Bayer Leverkusen sobre os planos da DFL de retomar a Bundesliga?
A gente espera conseguir jogar em um futuro próximo, talvez em maio. Esperamos começar a liga novamente e a nossa posição é a mesma da DFL. A nossa consolação aqui na Alemanha é que todos os clubes estão muito unidos e próximos, com a DFL e os políticos, para recomeçar. Vamos fazer o nosso melhor para seguir os médicos e conseguirmos jogar de novo, provavelmente a primeira liga no mundo a recomeçar.
Você acha que já é seguro voltar a jogar futebol em maio?
Acho que sim. Quando vejo as orientações médicas, vejo que elas são muito confiáveis, muito profissionais. A situação aqui na Alemanha, como sociedade, é conseguir reabrir as coisas, passo a passo, são muitas coisas. Eu também tenho três filhos, que costumavam ir para a escola. Se eles usarem esse conceito da Bundesliga, nós ficaríamos muito felizes e não teríamos preocupações com isso.
Acredita que os torcedores respeitarão as decisões e não irão aos arredores dos estádios em dias de jogos?
Acho que sim. Dois meses atrás eu diria não, porque ninguém sabia o tamanho da crise e o impacto na sociedade alemã, na Europa e em outras partes do mundo. Nós sabemos da dificuldade da situação, então acho que os torcedores ficarão em casa e farão o melhor para a gente seguir em frente.
Como estão os treinos do Leverkusen atualmente?
Hoje em dia estamos treinando em grupos de oito jogadores. Começamos em grupos de dois, aumentamos para quatro, cinco e agora estamos em grupos de oito.
Quando a DFL decidir recomeçar a Bundesliga, quanto tempo será necessário para os clubes voltarem a jogar?
Eu acho que o time estará pronto. Com certeza será diferente. Se você perguntar a um técnico, ele com certeza dirá que vai precisar de seis semanas, em todo lugar é a mesma coisa. Em todo lugar a situação de preparação é a mesma, então acho que é um balanço de competitividade. Acho que está tudo bem, porque todo clube está nessa situação de ter uma, duas semanas, dez dias para se preparar. Então para mim essa não está em questão, estamos treinando desde o começo de abril em pequenos grupos. Os jogadores estão em forma, é possível jogar.
O Leverkusen tem uma grande história com jogadores brasileiros. Como é essa relação dos clubes com atletas do Brasil?
Nós temos uma ótima relação e história com os jogadores brasileiros, jogadores fantásticos. Zé Roberto, eu joguei com o Juan, Roque Junior, Renato Augusto… É muito especial a relação que temos com os jogadores. É uma situação única, acho que tivemos 25 jogadores nas últimas décadas jogando pelo Bayer Leverkusen. Tivemos muitos jogadores bem-sucedidos, que fizeram carreiras fantásticas na Europa. Temos um departamento de integração onde falamos espanhol ou português. Se assinamos com um jogador do Brasil, gostamos de conhecer eles como família, investimos tempo e energia de fazer com que eles se sintam em casa, assim como suas famílias. Para os jogadores brasileiros, é importante se sentir familiar no clube. Acho que por isso muitos gostam de jogar aqui.
Após o 7 a 1 da Copa de 2014, no Brasil falamos muito sobre o desenvolvimento de jovens jogadores na Alemanha. No Leverkusen, como funciona esse trabalho?
Nos últimos anos temos focado na técnica. A história dos jogadores é sobre força e experiência coletiva, mas nos últimos 20 anos temos focado na técnica. O nosso intuito é combinar a parte da mentalidade, mas aumentar as habilidades técnicas. Conseguimos ver isso na seleção, que os jogadores são diferentes de 20 anos atrás. Na história do Bayer temos jogadores da América do Sul, muito técnicos. Se temos um grande talento, trazemos ele rapidamente ao time principal. Como foi o caso do Kai Havertz, que treinou aos 17 anos com o time profissional e jogou com 17 anos. Tentamos trazê-los bem jovens para a equipe principal. Na Alemanha, isso é bem especial, porque integra eles no dia a dia profissional.
Para você, como diretor esportivo do clube, será uma missão bem dura manter o Havertz no Leverkusen nas próximas janelas de transferências?
Vamos ver, vamos ver. Com certeza ele é um jogador fantástico, está levando a carreira dele a um nível mundial. Ele tem capacidade de fazer isso, mas gostamos dele jogando pelo Bayer, de vê-lo nos treinos e nos jogos. Vamos ver como vai ser, mas estamos felizes que ele esteja aqui, conosco.
Como competir financeiramente com Bayern, Dortmund e RB Leipzig financeiramente?
Nós não temos a mesma situação financeira dos outros times, então precisamos ter um bom recrutamento, desenvolver os jovens da melhor maneira. Com essa combinação, nós conseguimos competir com eles. Essa é a força do Bayer Leverkusen, não é sobre dinheiro, é sobre gerenciar, recrutar e desenvolver os jogadores. Esse é o nosso foco e tivemos sucesso com isso nos últimos anos.
Antes da paralisação da Bundesliga, houve muitos protestos de torcidas de variados times contra os proprietários de Hoffenheim e RB Leipzig. Qual é a sua opinião sobre esses incidentes?
Eu acho que essa é uma discussão genuína do papel do futebol na sociedade e na nossa situação econômica, de clube para empresas. Os torcedores têm uma visão muito tradicional, e acho que com essa crise, nós, como futebol, precisamos pensar no nosso impacto na sociedade. Eu acho que essa é uma chance de melhorar e pensar um pouco sobre a direção que o futebol está tomando.
Fonte: Gustavo Hofman, em casa
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