A incontinência verbal de Luxemburgo, seus motivos e consequências

Gian Oddi
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Luxemburgo compara movimentação de Luiz Adriano com Evair

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Vanderlei Luxemburgo até que faz um bom início de trabalho com o Palmeiras em 2020. Não por contar com a maior pontuação entre os grandes clubes do Paulista, mas pelo fato de usar a fase inicial do Estadual como ela deve ser usada: para lançar jovens, fazer testes e chegar a conclusões que serão úteis quando a temporada começar para valer.

Os tais testes têm sido bem feitos e, mais importante, vingando ou não, Luxemburgo tem explicado bem as experiências e mudanças que tem feito. Tem falado dos jogos, do que ocorre em campo. Basta, por exemplo, buscar suas recentes entrevistas sobre os posicionamentos de Luiz Adriano, Zé Rafael, William e Felipe Melo para constatar.

Se tem falado bem sobre as qualidades e defeitos do seu time, se tem um bom elenco em mãos, se conta com uma estrutura que há tempos não contava para tentar se recolocar como um dos principais técnicos do país (algo que ele não é há mais de uma década), é difícil compreender os motivos de sua verborragia a respeito de temas que fogem do seu trabalho atual.

Toda vez que abre a boca para discutir o indiscutível, como tirar os méritos do excelente trabalho de Jorge Sampaoli pelo Santos, afirmar que o futebol de hoje é igualzinho ao de duas décadas atrás ou equiparar o nível do Campeonato Brasileiro com o da Champions League, Luxemburgo reforça a ideia de técnico ultrapassado que ele certamente pretende eliminar.

Vanderlei Luxemburgo durante treino do Palmeiras
Vanderlei Luxemburgo durante treino do Palmeiras Cesar Greco/Ag Palmeiras

É curioso porque todas essas declarações descabidas, entre outras, parecem ter uma única intenção: exaltar seu passado, seus feitos que já não carecem de exaltação e reconhecimento. O passado de Vanderlei Luxemburgo como técnico é brilhante e está ali, imutável. Ninguém poderá lhe tirar essas conquistas.

Se quer olhar para o futuro, Vanderlei Luxemburgo deveria se preocupar apenas com o presente.


 

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Por que não é cedo para exaltar o incrível Napoli

Gian Oddi
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É preciso fazer justiça ao Napoli antes da provável derrota que o time virá a sofrer na Champions League. Probabilidade, vale esclarecer, devida somente ao fato de que, com outros sete postulantes no torneio, a chance de título inédito dos napolitanos é consideravelmente menor do que a possibilidade de perder a taça.

Do ponto de vista do futebol, aí não, o Napoli não deve nada aos clubes mais ricos ou renomados da competição – seu futebol está no mais alto patamar do continente, como já atestaram a facilidade nas oitavas diante do Eintracht Frankfurt (agregado de 5 a 0) e a liderança na fase de grupos com direito a goleadas sobre Liverpool e Ajax.

A surpresa fica ainda maior quando resolvemos dar uma espiada nos investimentos feitos pelos oito quadrifinalistas da competição para esta temporada.

Exemplo: enquanto o eterno-novo-rico Chelsea torrou nada menos que 611 milhões de euros (!) em reforços, contratando 9 entre os 15 jogadores mais caros negociados nas duas últimas janelas de mercado, o Napoli gastou apenas 76 milhões.

Dos oitos times entre os melhores da Europa, apenas os outros dois italianos, Milan e Inter de Milão, gastaram menos que o Napoli. E isso porque precisavam menos: enquanto o Rossonero tem o elenco campeão italiano, a Inter tem um dos dois melhores grupos de jogadores do país, ao lado da Juventus, com nomes como Lukaku, Lautaro, Brozovic, Barella, Dumfries e Skriniar.

O Napoli? Precisaria reformular consideravelmente seu elenco após a saída de nomes históricos e/ou essenciais como o capitão Insigne, o holandês Dries Mertens, o ótimo zagueiro senegalês Koulibaly ou o meia espanhol Fabián Ruiz.

A missão, além de ingrata, parecia improvável de ser cumprida quando a direção napolitana, para substituir Insigne, buscou na Geórgia, no desconhecido Dinamo Batumi, um meia-atacante de nome complicado: Khvicha Kvaratskhelia, pelo qual pagou 11 milhões de euros. Para a vaga de Koulibaly, a aposta foi um pouco menos ousada, mas não muito: o sul-coreano Min-Jae Kim, do Fenerbahçe, por um custo de 18 milhões de euros.

Resultados financeiros: hoje, é difícil imaginar que Kvara (foi ele quem disse que podemos chamá-lo assim) e Kim deixem o Napoli por valores inferiores a, respectivamente, 80 e 30 milhões de euros – isso se ele saírem, porque o presidente Aurélio de Laurentiis, que assumiu o comando do clube na terceira divisão em 2004, costuma ser duro nas negociações.   

Osimhen e Kvaratskhelia comemoram gol do Napoli sobre o Eintracht Frankfurt
Osimhen e Kvaratskhelia comemoram gol do Napoli sobre o Eintracht Frankfurt EFE/EPA/CIRO FUSCO

Resultados esportivos: ao lado de jogadores que já estavam no elenco e cresceram de rendimento (como Osimhen) e outros reforços que também se encaixaram rapidamente à equipe (como Anguissa), o Napoli já alcançou sua melhor marca na história da Champions League/Copa dos Campeões, superando o inesquecível time de Maradona e Careca.

O que não teria o mesmo significado se o time não estivesse prestes a conquistar o terceiro título nacional de sua história, seu primeiro sem Maradona: com 18 pontos de vantagem sobre a vice-líder Inter, faltando 12 rodadas e jogando a bola que joga, a espera pelo scudetto que encerrará um jejum de 33 anos e encherá as ruas Nápoles de alegria parece mera formalidade.

Mérito, em enorme parte, de Luciano Spalletti, o técnico que potencializou o elenco, que soube utilizar como ninguém os seus reforços, que criou variações de jogo e que, não custa lembrar, chegou a ter seu carro roubado por ladrões que lhe mandaram o seguinte recado: se ele deixasse o clube, o automóvel seria devolvido.

Para sorte da torcida napolitana, aquele carro nunca reapareceu.


(Fonte dos valores de negociações: Transfermrkt)

 
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VP no Flamengo poderia virar curso em faculdade de comunicação

Gian Oddi
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O português Vítor Pereira, técnico do Flamengo
O português Vítor Pereira, técnico do Flamengo Marcio Machado/Eurasia Sport Images/Gett


Preciso confessar: após mais de duas décadas trabalhando como jornalista no futebol brasileiro, cansei. Cansei das mesmas eternas mazelas, do inconformismo padronizado, da briga brancaleônica contra aquilo que – perdão pelo pessimismo - não mudará, pelo menos enquanto tivermos saúde para ler estas linhas.

Mesmo resignado com nossos dias da marmota, admito que existe um ponto interessante, porque pelo menos dinâmico, nos últimos anos do futebol brasileiro: a comunicação. É um aspecto no qual, admitamos, tudo mudou e segue mudando - embora não necessariamente para melhor.

E se alguém, por oportunismo ou sede de docência, resolver lecionar sobre o tema em alguma faculdade de jornalismo (ou, mais provável, num desses infindáveis cursos on-line de influenciadores), os pouco mais de dois meses de Vítor Pereira no Flamengo poderiam ser usados como base do conteúdo programático.

São, afinal de contas, meses que têm um pouco de quase todas essas novidades (e não só) que temos visto nos últimos anos.

Tem a potencialização dos erros pelas redes sociais: alimentadas por criativos memes e um sem-fim de contundentes e lucrativas opiniões recriminatórias, uma frase infeliz ou até mesmo uma mentira inescrupulosa ganham repercussão e relevância. Assim, em certos casos, esquecê-las pode levar bem mais tempo.

Tem a mudança na conduta dos clubes, que hoje, com salas de imprensa recheadas de influenciadores amigos (em certos casos até remunerados), não sentem qualquer constrangimento para censurar de antemão mesmo as perguntas mais óbvias e necessárias.

Tem o surgimento dos batalhões de torcidas virtuais, mercenários ou não, prontos a defender os dirigentes mesmo diante das decisões mais esdrúxulas e nocivas ao clube – sentem-se assim, ingenuamente, defendendo seu time.

Tem a omissão desses mesmos dirigentes em momentos de crise: o uso da mídia, afinal tornou-se apenas ferramenta de marketing, não mais de transparência. Dirigentes preferem falar em ambiente amigo – nos seus cercadinhos.

Tem a proliferação do “jornalismo informal”, às vezes (nem sempre) feito sem o devido preparo, mas que com jogadores de futebol tem eficiência inegável: o percentual de frases relevantes – como as críticas a técnicos – é bem maior nesses novos ambientes do que naqueles da mídia tradicional.

Tem a distinção na comunicação de treinadores a depender do ambiente: um técnico estrangeiro habituado a falar de forma mais direta chega ao Brasil mantendo a linha “pé na porta” para depois, num outro contexto de clube (mas talvez, também, por ter assimilado as diferenças culturais), passar a “pisar em ovos”.   

Tem a confusão entre jornalistas x influenciadores de clubes, influenciadores-jornalistas, jornalistas-influenciadores. O limite entre eles é sempre mais tênue e, para novas gerações,  perceber e até entender quais são ou deveriam (deveriam?) ser as distinções entre suas funções fica a cada dia mais complicado.

Tem, por fim, o surgimento de teses que nascem pouco fundamentadas, baseadas em opiniões esparsas, e aos poucos, por cair no gosto popular, chegam aos batalhões das torcidas virtuais; dali não tardam a alcançar as grandes empresas de mídia: pauta boa, hoje, é a que gera audiência.

Interessados no eventual curso? Prometo 20% com o meu cupom, #ODDI20. 
: )


 
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Doce, simples e falível: o lado mortal do Rei Pelé

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Sempre me impressionou alguém chamado de Rei e tratado como divindade se comportar, durante seu reinado, como um ser humano tão comum.

Talvez por ser de outra época, quando estrelas do futebol não se levavam em tão alta conta, o Rei não costumava agir como tal. Em eventos, com a imprensa, fazendo propagandas, Pelé era o oposto da figura especial, excêntrica e excessiva que foi nos gramados: era um sujeito geralmente educado, simples e atencioso, dentro do que pode ser atencioso o maior nome do esporte mais popular do planeta.

Talvez por isso, mesmo inconscientemente, Edson falasse de Pelé na terceira pessoa. Eles eram, de fato, dois. Pelé se tornou um mito, uma lenda, um herói inalcançável; mas não foi, jamais, um personagem forjado em busca de visibilidade. Tudo que se tornou, a fama e o dinheiro que conquistou foram reflexos daquilo que fez em campo – seus gols, dribles e passes.

Fora de campo, mesmo sendo uma figura doce, Edson recebeu por vezes, além das ovações, duras críticas. Ora porque as pessoas queriam que ele levasse para fora das quatro linhas toda perfeição que mostrara dentro delas, ora porque, de fato, merecia essas críticas. Afinal, como ficou comprovado nesta triste quinta-feira (29), Edson era mortal. Ao contrário de Pelé.


Pelé comemorando pelo Santos em 1969
Pelé comemorando pelo Santos em 1969 Getty Images


 
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A pior “melhor Copa da história”

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Dois dias antes daquela que seria a final mais espetacular da história das Copas do Mundo, o presidente da Fifa, o suíço-italiano Gianni Infantino, não teve dúvidas em afirmar: “Esta é a melhor Copa entre todas já disputadas".

A frase pouco tinha a ver com o futebol jogado no Mundial, como em geral pouco têm a ver com o esporte as declarações dos mandatários da Fifa. Frases do tipo se tornaram parte de um protocolo, uma espécie de formalidade diplomática a cada grande evento esportivo no planeta.

Mas se focarmos exclusivamente no que houve dentro do campo, embora seja possível discordar da frase, ela está longe de ser absurda.

Pode-se defender a tese, por exemplo, utilizando o recorde de gols na história de um Mundial (172) ou apontando a eletrizante última rodada da fase de grupos, que fez até a Fifa desistir da ideia de mudar o formato desta etapa da competição para a Copa de 2026.  

Os deuses do futebol não poderiam ter sido mais generosos com o evento encerrado no último domingo também por terem lhe concedido uma final com o ápice que qualquer campeonato pode almejar: um empate por 3 a 3 entre duas seleções fortes, tradicionais, brigando pelo mesmo objetivo (tricampeonato), com dois astros enormes, um por time.

O campo foi benevolente sobretudo porque permitiu a esta Copa do Mundo premiar com a inédita glória máxima do futebol o argentino Lionel Messi, um dos maiores jogadores de todos os tempos.

Mas não foi só. O campo permitiu uma história incrível e também inédita como a de Marrocos, primeira seleção africana a chegar às semifinais da competição (e desta vez não foi “arrastada” até ali, como a Coréia em 2002). O campo nos trouxe vitórias tão emocionantes quanto inesperadas de seleções guerreiras como Arábia Saudita, Irã e Japão, com aqueles jogos que fazem uma Copa valer a pena.

Por alegria ou por tristeza, mas sempre traçando grandes roteiros e registrando assim a História do Futebol, os campos do Qatar foram regados por lágrimas de campeões como Lewandowski, Cristiano Ronaldo e Di María.

O ápice da Copa: uma final com 3 a 3, duas estrelas, e a melhor delas consagrada com um título histórico
O ápice da Copa: uma final com 3 a 3, duas estrelas, e a melhor delas consagrada com um título histórico Getty Images

Houve mais. Mas, em resumo, não poderíamos exigir mais do campo, até porque o que se quer de uma Copa não é o melhor futebol do mundo, não são "as variações táticas, os extremos desequilibrantes ou o jogo apoiado". O que se quer de uma Copa são grandes roteiros, a emoção e, acima de tudo, diferenças culturais e esportivas convivendo, interagindo e competindo de forma saudável num mesmo ambiente.

Pois é justamente aí, nos aspectos culturais, no respeito ao ser humano, ao outro, que a Copa do Mundo do Qatar jamais poderá ser considerada a melhor Copa de todos os tempos, como afirmou Infantino.

Uma Copa que, para começar, houvesse o mínimo de decência e constrangimento por parte de quem a organizou, não teria acontecido onde aconteceu após virem à tona os detalhes sórdidos sobre o processo de escolha do Qatar como sede. E não sou eu quem diz, foi Joseph Blatter, ex-presidente da Fifa, que, claro, só se manifestou assim quando o poder de decidir (e de faturar) já não estava mais em suas mãos.

Uma Copa na qual toda e qualquer manifestação de seleções e jogadores a favor dos direitos humanos mais básicos, a favor do direito de as pessoas viverem livremente, foi duramente condenada e ameaçada com sanções pela própria Fifa – a mesma entidade que manteve seus olhos fechados aos abusos das autoridades catarianas nos anos que passaram.

Uma Copa na qual, dias antes do primeiro jogo, jornalistas foram impedidos de trabalhar, como costuma ocorrer no país – mas isso foi logo resolvido porque, afinal, não pegaria bem com a imprensa do mundo todo presente por lá.

Uma Copa que, por pouca transparência,  gerou forte desconfiança não apenas em relação ao número divulgado de torcedores nos estádios, mas também em relação à natureza e origem de certos grupos de torcedores que praticamente decoravam as ruas do país.  

Uma Copa na qual ao menos centenas de pessoas morreram construindo seus fugazes estádios – porque também é assim que as coisas geralmente funcionam por ali, e obviamente não seria diferente para um Mundial cujos prazos de construção eram curtos.

Este é, aliás, um aspecto curioso: o Qatar não é o primeiro país-sede de um grande evento esportivo onde direitos humanos e dos trabalhadores não são ou não eram respeitados. Mas desta vez, ao contrário do usual, não pareceu haver nem mesmo preocupação para encobrir, disfarçar, fingir que “não, as coisas não são como vocês dizem. Vejam, está tudo bem”.

A conivência da Fifa com tudo que ocorreu durante os processos de escolha, de construção da infraestrutura e de disputa dos jogos da Copa foi, também, inédita.

Sem demonstrar revolta ou fazer ameaças, desta vez a entidade permitiu que fosse desrespeitado até mesmo um acordo firmado com um de seus valiosos patrocinadores, a cervejaria que teria o direito de vender seus produtos na entrada dos jogos. Por que será?

Em certo aspecto, a última Copa do Mundo foi, de fato, um sucesso. Mas está claro que esse sucesso pouco tem a ver com a Fifa ou com o governo do Qatar. Ele tem a ver, exclusivamente, com a magia e o fascínio deste incrível esporte chamado futebol.


 
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Por Carlo Ancelotti na seleção, seria piada não esperar seis meses

Gian Oddi
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A informação surgiu nesta segunda-feira (12), publicada pelos colegas do UOL Esporte: em outubro passado, Carlo Ancelotti, técnico do Real Madrid, foi sondado sobre a possibilidade de dirigir a seleção brasileira a partir do ano que vem. O italiano teria demonstrado interesse em iniciar conversas, contanto que pudesse começar seu trabalho após o final da atual temporada europeia (meio de 2023).

Que Ancelotti se interesse pela possibilidade, hoje, não nos surpreende como nos surpreenderia há alguns anos. Ele já ganhou tudo (inclusive financeiramente) com clubes de futebol e buscará uma rotina mais leve, talvez até aposentado, para o pós-Real Madrid. Pois a rotina de trabalho em seleções, sabemos, é bem mais leve, e a chance de trabalhar numa Copa do Mundo, vencê-la e encerrar o jejum de 24 anos da seleção mais prestigiada do planeta parece tentadora como marco final de carreira.  

Quanto à escolha de Ancelotti por parte da CBF, não caberia nem mesmo discussão: trata-se de um dos maiores técnicos da história, o maior vencedor da Champions League – torneio similar à Copa – e único campeão nas cinco maiores ligas europeias, competente tanto na parte tática quando na gestão de grupo,  e de quebra com um ótimo histórico na relação com jogadores brasileiros, muitos dos quais desenvolveu profundamente sob sua batuta (vide Vinicius Jr., um dos astros da seleção neste próximo ciclo).  

Portanto, mesmo aqueles que ainda se opõem à contratação de um técnico estrangeiro, sob o capenga argumento de que “um país com a tradição futebolística do Brasil precisa de um técnico brasileiro”, terão enormes dificuldades para apresentar um candidato nascido por aqui que possa fazer frente a alguém como Carlo Ancelotti.

Carlo Ancelotti: um dos cotados para assumir a seleção
Carlo Ancelotti: um dos cotados para assumir a seleção EFC

Surge, então, uma teoria ainda mais surpreendente: a de que o Brasil não estaria disposto a esperar mais seis ou sete meses para que Ancelotti terminasse a temporada com o Real Madrid, encerrasse antecipadamente seu vínculo com o clube espanhol (que vai até o meio de 2024) e assumisse, enfim, a seleção brasileira.

Essa versão – não confirmada pela CBF, que nega inclusive ter feito qualquer contato com o treinador – ecoaria como absurda num país que inúmeras vezes encerrou o trabalho de técnicos no meio do ciclo de Copa, por tropeços em eliminatórias ou Copa América; um país que tantas vezes, por conta de seu calendário insano, pede para que o técnico da seleção nem convoque os melhores jogadores disponíveis; um país que, acima de tudo, avaliará o trabalho do seu futuro treinador baseando-se apenas na próxima Copa e nos seus três, quatro, cinco, seis ou sete jogos. É isso que vai contar.

Imaginar a possibilidade de abrir mão de Carlo Ancelotti porque ele não assumiria pessoalmente a seleção brasileira em tempo de comandá-la em uma ou, no máximo, duas datas-Fifa de 2023 soaria como piada. Mas uma piada que, infelizmente, não nos surpreenderia. 

 
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Tite cometeu erros, um deles claro, mas classificar todo seu trabalho como fraco soa oportunismo

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O Brasil não havia sofrido sequer um chute a gol no momento em que a bola desviada em Marquinhos morreu no gol de Alisson, levando o jogo para a disputa de pênaltis que terminaria com o Brasil eliminado e a Croácia classificada às semifinais da Copa do Mundo.

As 21 finalizações da seleção brasileira (11 no gol) foram em vão, muito também pela excepcional atuação do goleiro Livakovic, eleito corretamente o melhor em campo no confronto desta sexta-feira (9).

CROÁCIA 1 (4) x (2) 1 BRASIL: ASSISTA PELA ESPN NO STAR+ AO COMPACTO DO JOGO COM NARRAÇÃO DE NIVALDO PRIETO E COMENTÁRIOS DE LEONARDO BERTOZZI

Dito assim, o resultado poderia aparentar ser reflexo de uma injustiça que não houve, considerando-se a atuação impecável da Croácia, dentro das suas possibilidades, e a execução de um plano de jogo quase à perfeição (o seria mesmo com derrota).

Mas se não serve para classificar o resultado como “injusto”, o roteiro dos 120 minutos serve, sim, para mostrar que o trabalho de Tite neste último ciclo não é o desastre que agora se pinta no calor da eliminação. Afinal, sabemos, não foi à toa que o Brasil chegou favorito como chegou ao Qatar.

Hoje foram cometidos erros.  Alguns discutíveis e outros, não.

Tite, técnico da seleção brasileira, durante a Copa do Mundo
Tite, técnico da seleção brasileira, durante a Copa do Mundo Lucas Figueiredo/CBF

Nada explica o fato de Neymar não cobrar, se não o primeiro pênalti da série de cinco, pelo menos a penalidade decisiva – aquela que, se perdida (como foi, por Marquinhos), eliminaria a seleção brasileira. Deveria tê-lo feito, por iniciativa própria ou cumprindo ordens de Tite, e não o fez.

Também é difícil entender a saída de Vinícius Júnior tão cedo, mesmo que para a entrada de Rodrygo. A postura da equipe a três minutos do final, vencendo a prorrogação por 1 a 0, contra um time de qualidade, é de compreensão ainda mais nebulosa, sobretudo para uma seleção habituada a se defender tão bem quanto a brasileira.

Mas o quanto esses (eventuais) erros de hoje podem e devem pesar numa avaliação ponderada e acima de tudo honesta do trabalho de Tite?

Vale pensar o que estaríamos dizendo agora no caso de a bola do gol croata não ter desviado em Marquinho. As críticas mais duras estariam mantidas, apesar da vitória? Difícil crer nisso. Então, o quanto é justo esses poucos centímetros mudarem tanto uma análise?

Este texto pode soar repetitivo, eu sei, porque é também repetitivo o hábito de mudar radicalmente uma avaliação baseada em um único placar, de um único jogo, muitas vezes definido por um detalhe – como aconteceu nesta terça-feira.


 
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A Copa do Mundo e a força de cada continente

Gian Oddi
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Talvez não haja um segmento da sociedade onde conclusões costumam nascer (e morrer) tão rapidamente quanto no futebol. Basta um campeonato, às vezes uma fase, em certos casos poucos jogos, para que se chegue a ideias definitivas sobre forças ou fragilidades de equipes, jogadores e técnicos.

No futebol brasileiro, especialmente, estamos acostumados a isso: times e profissionais “fracassam” antes mesmo de chegar à metade de um torneio, enquanto os sucessos, também meteóricos, costumam ter prazo de validade igualmente acelerado.

É normal, portanto, que esse tipo de conclusão seja agora transposto à Copa do Mundo, que hoje atrai todas as atenções de quem acompanha (e até de quem não acompanha) futebol diariamente.

A conclusão da vez pelo que tem ocorrido no Mundial é a seguinte: as seleções europeias, há poucos meses apontadas como as principais forças do planeta por causa das últimas quatro Copas do Mundo vencidas, estão enfraquecidas; não havia por que apontá-las como tão temidas, ao lado de Brasil e Argentina.

 Alemanha, de Havertz e Götze, está fora da Copa: o que isso diz sobre o futebol europeu?
Alemanha, de Havertz e Götze, está fora da Copa: o que isso diz sobre o futebol europeu? Getty Images

É verdade que o surgimento da Nations League, um campeonato de seleções que praticamente impede o enfrentamento dos europeus contra selecionados de outros continentes durante um ciclo de Copa, aguçou a curiosidade de todos nós: será que isso prejudicará os sul-americanos, que agora enfrentam equipes mais fracas em sua preparação? Ou será que isso vai desgastar mais os europeus, quase sempre submetidos a jogos oficiais e valendo título, sem tempo para amistosos? A falta de intercâmbio ajuda quem? Prejudica quem?

É um fato, e não uma impressão: temos nas oitavas de final desta Copa do Mundo representantes de todos os continentes do planeta, algo inédito (e muito legal). Alemanha e Itália, os dois maiores gigantes europeus, estão fora delas, e potências de segundo nível como Bélgica e Dinamarca caíram mais cedo do que se imaginava. Holanda e Polônia avançaram, mas com futebol medíocre.

São todos fatos, incontestáveis. Mas parece contestável a tese de que “o futebol europeu de seleções ficou mais fraco”, de que não havia por que temer essas equipes.

Num Mundial de tantas zebras, com classificações determinadas em seis jogos por grupo, jogos que frequentemente nem refletiram o que houve em campo, qualquer conclusão nesse sentido é precipitada. Pode até ser que isso um dia venha a se confirmar, mas, hoje, não dá pra dizer que é assim.

Se tivermos, por exemplo, as próximas semifinais de Champions League sem equipes inglesas, será que ousaremos discutir a superioridade dos times da Inglaterra de forma geral, considerando não só a qualidade como a quantidade dessas equipes, e não olhando só para um ou dois times especificos (“o Real Madrid é o melhor”)?

Provavelmente, não. No futebol de seleções, deveria valer o mesmo. 

Se Espanha ou França ficarem com o título da Copa do Mundo, voltaremos a salientar o fato de que “a Europa ganhou cinco Copas seguidas” e passaremos a clamar por alguma solução para o futebol sul-americano? Também não faria sentido.

Uma fase de grupos de Copa do Mundo, ainda incompleta, diz pouco sobre as potências de cada continente, as tendências ou os motivos de evoluções e retrocessos. Para chegar a conclusões do gênero, precisamos de recortes maiores, com muito mais jogos e campeonatos, em períodos de vários anos.

Assim como (ainda) ocorre nesta Copa, a Europa provavelmente continuará tendo um número maior de sérios candidatos ao título. Mas, por sorte, dificilmente deixará de ter ao seu lado pelo menos duas seleções sul-americanas, entre elas a principal favorita para este ano – a seleção brasileira. 


 
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Se ganhar, se perder, se empatar: a matemática de todas as seleções para a última rodada da fase de grupos da Copa do Mundo

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Alemanha x Espanha neste domingo: alemães seguem vivos; espanhóis estão perto de garantir liderança
Alemanha x Espanha neste domingo: alemães seguem vivos; espanhóis estão perto de garantir liderança Getty Images

Após 9 dias de disputa, temos apenas três seleções já classificadas, a França, o Brasil e Portugal, e duas já eliminadas, o anfitrião Catar e o Canadá, na Copa do Mundo de 2022. Todas as outras ainda fazem contas para entender do que vão precisar na última rodada da fase de grupos para avançar às oitavas de final da competição. Confira abaixo a situação de todas essas equipes.

 

** GRUPO A **
Últimos jogos: Holanda x Catar e Equador x Senegal

HOLANDA (4 pontos)
Se vencer – está classificada, mas para ficar em 1º não pode vencer por uma diferença de gols menor do que uma eventual vitória do Equador (se ambos vencerem pela mesma diferença e com o mesmo número de gols feitos, a decisão do 1º lugar vai para o critério disciplinar, de cartões recebidos).

Se empatar – garante a classificação, mas para ficar em 1º vai precisar que Equador e Senegal também empatem, por menos ou pelo mesmo número de gols que o seu empate (no segundo caso, a decisão vai para os cartões).

Se perder – no caso de uma vitória do Equador, se classifica do mesmo jeito. Caso haja empate ou vitória de Senegal, aí dependeria do saldo de gols ou dos gols marcados para desempate do 2º lugar com senegaleses ou equatorianos.


EQUADOR (4)

Se vencer – está classificado, e pode ser 1º caso a Holanda não ganhe seu jogo ou, com vitórias de ambos, consiga superar os holandeses no saldo, nos gols pró ou nos cartões recebidos (hoje o desempate é favorável à Holanda apenas nos cartões).

Se empatar – está classificado, e ainda pode ser primeiro caso a Holanda perca ou empate com o Catar com menos gols marcados (ou tomando cartões suficientes para colocar os sul-americanos na frente neste critério).

Se perder – só se classifica caso a Holanda também perca do Catar, por uma diferença maior de gols ou, em caso de diferença igual, marcando menos gols ou tomando muitos cartões.  


SENEGAL (3)
Se vencer – está classificado e pode ser 1º caso a Holanda não vença.

Se empatar – só se classifica caso a Holanda perca por mais de 1 gol do Catar (se seriam 2 ou 3 os gols de diferença necessários depende dos gols marcados na última rodada).

Se perder – está eliminado.


CATAR (0, já está eliminado)


------------------------------------------------------

** GRUPO B **
Últimos jogos: Irã x EUA e Gales x Inglaterra

INGLATERRA (4)
Se vencer – está classificada e garante a liderança.

Se empatar – está classificada e será líder caso o Irã não ganhe dos EUA.

Se perder – só seria eliminada perdendo por 4 ou mais gols de diferença. Perdendo por menos pode inclusive se manter na liderança, caso EUA e Irã empatem.


IRÃ (3)
Se vencer – está classificado e pode ser líder caso a Inglaterra não vença.

Se empatar – está classificado, contanto que Gales não vença os ingleses.

Se perder – está eliminado.


EUA (2)
Se vencer – está classificado, e ainda pode ser líder caso a Inglaterra perca seu jogo.

Se empatar ou perder – Está eliminado.


PAÍS DE GALES (1)
Se vencer – aplicando uma goleada por ao menos 4 gols na Inglaterra, se classifica sem depender do outro jogo. Em caso de vitória por menos gols, depende do empate entre EUA e Irã para avançar.

Se empatar ou perder – está eliminado.


------------------------------------------------------

** GRUPO C **
Últimos jogos: Polônia x Argentina e Arábia Saudita x México

POLÔNIA (4)
Se vencer – está classificada e garante a liderança.

Se empatar – está classificada e será líder caso a Arábia não vença.

Se perder – ainda assim tem chances de avançar, dependendo de saldos e gols marcados. Por exemplo: perdendo por menos de dois gols, avançaria às oitavas com empate ou com vitória do México por apenas 1 gol de diferença no outro jogo.


ARGENTINA (3)
Se vencer – está classificada. E ainda será líder se a Arábia não vencer o México por uma diferença de gols consideravelmente maior que a da sua própria vitória (o quanto, se 3 ou 4, depende dos gols marcados).

Se empatar – ainda assim pode se classificar, contato que haja empate no outro jogo, ou que o México vença os árabes por menos de 3 ou 4 gols de diferença (o número exato depende dos gols marcados).

Se perder – está eliminada.


ARÁBIA SAUDITA (3)
Se vencer – está classificada e ainda pode ser líder, dependendo para isso de um empate no outro jogo (ou até mesmo de uma vitória argentina, mas neste caso precisaria tirar desvantagem no saldo ou gols marcados).

Se empatar – ainda tem chances de classificar, mas para isso precisará que haja um vitorioso com boa margem de gols (provavelmente pelo menos 3, vai depender dos gols marcados) no confronto entre Polônia e Argentina.

Se perder – está eliminada.


MÉXICO (1)
Se vencer – se classifica caso a Polônia derrote a Argentina. Se houver empate no outro jogo, a vitória mexicana precisará ser por pelo menos 3 ou 4 gols de diferença (depende dos gols marcados). Já se a Argentina ganhar, será preciso o México tirar a vantagem dos poloneses no saldo (hoje 2 contra -2).   

Se empatar ou perder – está eliminado.

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** GRUPO D ** 
Últimos jogos: Tunísia x França e Austrália x Dinamarca

FRANÇA (6, já classificada)
Se vencer ou empatar – garante a liderança.

Se perder – só deixa de ser líder caso a Austrália goleie a Dinamarca por 6 ou mais gols.


AUSTRÁLIA (3)
Se vencer – está classificada.

Se empatar – só perde a vaga caso a Tunísia derrote a França.

Se perder – está eliminada.


DINAMARCA (1)
Se vencer – está classificada, contato que a Tunísia não vença a França por uma diferença maior ou então marcando 1 ou 2 (depende dos cartões) gols a mais que os dinamarqueses.

Se empatar ou perder – está eliminada.


TUNÍSIA (1)
Se vencer – se classifica caso Austrália e Dinamarca empatem. Na possibilidade de uma vitória dos dinamarqueses também tem chances, contato que consiga superá-los no saldo de gols (hoje empatado), nos gols marcados (hoje +1 para a Dinamarca) ou até nos cartões.

Se empatar ou perder – está eliminada

 

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** GRUPO E **
Últimos jogos: Japão x Espanha e Costa Rica x Alemanha

ESPANHA (4)
Se vencer – está classificada e garante a liderança.

Se empatar – também se classifica. E ainda será líder caso nenhuma das duas coisas ocorra: a Costa Rica vencer os alemães, e a Alemanha aplicar uma goleada de ao menos 8 gols de diferença.

Se perder – se classifica caso a Costa Rica não vença; e a Alemanha também não pode aplicar uma goleada suficiente para superar os espanhóis nos critérios de desempate (hoje a vantagem da Espanha no saldo é de +8).


JAPÃO (3)
Se vencer – está classificado e será líder.

Se empatar – só se classifica em caso de empate no outro jogo, ou caso a vitória da Alemanha não seja por mais de 1 gol de diferença (neste caso, o empate do Japão teria que ser marcando pelo menos o mesmo número de gols que os alemães na sua vitória).

Se perder – está eliminado.


COSTA RICA (3)
Se vencer – está classificada. E ainda será líder caso Espanha e Japão empatem (ou no caso de uma impossível goleada descomunal sobre a Alemanha).

Se empatar – se classifica caso a Espanha derrote o Japão.

Se perder – está eliminada.


ALEMANHA (1)
Se vencer – está classificada caso a Espanha vença o Japão. Se houver empate no outro jogo, precisará vencer por ao menos 2 gols de diferença (vencendo por 1, a decisão iria para o critério dos gols marcados - hoje empatado - com o Japão). Se os japoneses vencerem, precisará golear a Costa Rica por uma enorme margem de gols a ponto de superar os espanhóis nos critérios desempate (hoje o saldo da Espanha é 7 e o dos alemães, -1).  

Se empatar ou perder – está eliminada.

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** GRUPO F **
Últimos jogos: Croácia x Bélgica e Canadá x Marrocos

CROÁCIA (4)
Se vencer – está classificada, e garante a liderança caso Marrocos não vença por margens maiores, conseguindo assim tirar sua desvantagem nos critérios de desempate (-1 no saldo, -2 dos gols marcados).

Se empatar – garante a vaga, e ainda permanece na liderança se Marrocos não vencer.

Se perder – só se classifica caso Marrocos seja derrotado pelo Canadá.


MARROCOS (4)
Se vencer – está classificado, e ainda será líder caso a Croácia não vença ou caso consiga superá-los nos critérios de desempate como saldo de gols (hoje a -1) ou gols feitos (-2).

Se empatar – está classificado no 2º lugar do grupo.

Se perder – ainda assim avança, caso a Croácia vença ou empate com os belgas (no caso do empate, a derrota marroquina não poderá ser por mais de 2 ou 3 gols, a depender dos gols marcados). Se a Bélgica ganhar, aí a disputa com os croatas pela 2º vaga se daria nos critérios de desempate hoje desfavoráveis a Marrocos como saldo (-1) ou gols feitos (-2).  


BÉLGICA (3)
Se vencer – está classificada e pode até ser 1ª, caso Marrocos não derrote o Canadá.

Se empatar – para se classificar vai precisar de uma vitória do Canadá sobre Marrocos por pelo menos 3 ou 4 gols (a depender dos gols feitos na última rodada).

Se perder – está eliminada.

CANADÁ (0, já eliminado)

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** GRUPO G **
Últimos jogos: Brasil x Camarões e Sérvia x Suíça

BRASIL (6, já classificado)
Se vencer ou empatar – se classifica como líder do grupo. 

Se perder – ainda assim se classifica, e mantém o 1º lugar caso a Suíça não vença por uma diferença de gols capaz de fazê-la superar os brasileiros nos critérios de desempate (hoje a vantagem é de +3 para o Brasil no saldo, o primeiro critério).


SUÍÇA (3)
Se vencer – se classifica. Para ser líder, precisaria vencer por a Sérvia por vários gols de diferença e ainda torcer por derrota do Brasil, de modo a superar os brasileiros no saldo (hoje está a -3) ou gols marcados (hoje a -2).

Se empatar – se classifica, contanto que Camarões não derrote o Brasil (no caso de um empate por 3 ou mais gols ainda teria uma possibilidade de avançar mesmo com uma vitória camaronesa, a depender dos gols marcados).

Se perder –está eliminada.


CAMARÕES (1)

Se vencer – se classifica caso a Suíça não derrote a Sérvia (embora um empate por 3 ou mais gols dos suíços poderia obrigar Camarões a vencer por mais de um gol de diferença).     

Se empatar ou perder – está eliminado.


SÉRVIA (1)

Se vencer – se classifica caso Camarões não vença o Brasil. Em caso de vitória camaronesa, a vitória dos sérvios precisaria ser por um placar que lhe permita superar Camarões no saldo de gols (hoje está a -1) ou, em caso de empate no saldo, em número de gols marcados (hoje há empate).  

Se empatar ou perder – está eliminada.


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** GRUPO H ** 
Últimos jogos: Coréia do Sul x Portugal e Gana x Uruguai

PORTUGAL (6, já classificado)
Se vencer ou empatar – garante a liderança.

Se perder – ainda assim se classifica, mas só mantém o 1º lugar caso Gana não derrote o Uruguai por uma diferença de gols capaz de fazê-la superar os portugueses no saldo de gols (hoje +3 para Portugal) ou mesmo no segundo critério de desempate, o de gols marcados (hoje igual).


GANA

Se vencer – se classifica. Para ficar em primeiro, vai precisar torcer por derrota dos Portugueses e ainda tem que superá-los no saldo (hoje está em desvantagem de -3) ou, em caso de empate no saldo, no número de gols marcados (hoje empatado). 

Se empatar – fica com a vaga caso a Coréia não derrote Portugal por mais de um gol de diferença (em caso de vitória coreana por 1 gol apenas, os asiáticos não poderiam marcar gols suficientes para superar os ganeses em gols marcados - hoje a vantagem dos africanos é de +3).

Se perder – está eliminada.

URUGUAI
Se vencer – está classificado, contanto que a Coréia não vença Portugal pela mesma (ou por maior) diferença de gols. Se a Coréia derrotar Portugal por apenas 1 gol de vantagem a menos que a vitória dos uruguaios, aí a Celeste teria que marcar pelo menos 2 ou 3 gols a mais (depende dos cartões) que os coreanos na última rodada. 

Se empatar ou perder – está eliminado


CORÉIA DO SUL
Se vencer – se classifica caso o Uruguai não vença Gana por uma diferença de 2 gols a mais que a vitória coreana. Se os uruguaios vencerem por apenas 1 gol a mais que a vitória da Coréia, então os sul-coreanos torcem para que o Uruguai não faça 2 ou 3 gols a mais (depende dos cartões) na última rodada.  

Se empatar ou perder – está eliminada.



 
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Se ganhar, se perder, se empatar: a matemática de todas as seleções para a última rodada da fase de grupos da Copa do Mundo

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No Brasil, Argentina traz ares de futebol de clubes à Copa do Mundo

Gian Oddi
Gian Oddi

Há quem acredite que o verdadeiro apaixonado por futebol é aquele que se interessa pelo tema diariamente, em todos os anos durante o ano todo, e não quem se atrai pela modalidade a cada quadriênio, apenas na disputa de uma Copa do Mundo.

Pode até ser. Mas ainda que seja assim, vale fazer a ressalva do quanto é empolgante, para quem ama futebol, vê-lo atraindo para si todos os holofotes do noticiário mundial durante um mês inteiro a cada 1.500 dias.

Em quase qualquer país do planeta, uma das principais diferenças entre o futebol doméstico para a Copa do Mundo costuma ser a ausência da rivalidade, da tiração de sarro constante, aquele prazer de desfrutar da derrota de um rival tanto quanto da sua própria vitória.

Numa Copa do Mundo, o marcante costuma ser a união nacional em torno de uma única equipe, enquanto a preocupação com o outro, tão comum entre os torcedores de clubes, perde completamente espaço.

Não no Brasil.

Passadas pouco mais de 24 horas da derrota da Argentina para a Arábia Saudita em sua estreia da Copa do Mundo, a constatação se torna evidente.

Messi desapontado durante Argentina x Arábia Saudita: derrota argentina gerou euforia no Brasil
Messi desapontado durante Argentina x Arábia Saudita: derrota argentina gerou euforia no Brasil Juan Ignacio Roncoroni/EFE

Poucos minutos após o incrível gol da virada marcado por Al-Dawsari, o tema já dominava as redes sociais dos brasileiros, atingindo todos os trending topics e recheando de memes nosso universo virtual.

No mundo real, apesar do horário ingrato para um jogo de futebol, gritos, cornetas e até fogos de artifício puderam ser ouvidos em bairros das mais variadas cidades brasileiras.

Um brasileiro maluco se meteu no meio da fun fest em Buenos Aires para acompanhar ao jogo entre argentinos e árabes com uma camisa do Brasil escondida sob o casaco.

Galvão Bueno, o maior narrador de TV da história do país e talvez um dos principais responsáveis pela geração dessa rivalidade por aqui, divulgou vídeos nos quais vibrava com o resultado do jogo.

Veículos de comunicação, mesmo os supostamente jornalísticos, deixaram a compostura de lado (em alguns casos perdendo a mão nos termos utilizados) para comemorar a derrota dos vizinhos.  

Até mesmo uma propaganda de 'pipoca', já engatilhada para o caso de um eventual tropeço dos hermanos, pode ser vista no intervalo do Jornal Nacional, o telejornal de maior audiência do país.

É um caso único no mundo.

Peguemos, por exemplo, a rivalidade entre as duas maiores, mais tradicionais e mais vencedoras seleções europeias: Alemanha e Itália cansaram de se enfrentar em duelos decisivos e já fizeram até final de Copa do Mundo. A Alemanha já ganhou uma Copa jogando na Itália, a Itália já ganhou uma Copa jogando na Alemanha, mas não há paralelo possível com o que ocorre entre Brasil e Argentina, naquilo que uma derrota do rival pode gerar.

Há, sim, outras rivalidades muito significativas, casos em que o fracasso de uma seleção específica causará enorme satisfação, mas nesses casos encontraremos, em geral, razões históricas que extrapolam o futebol, como ocorre entre a mesma Argentina e a Inglaterra ou, eventualmente, entre franceses e ingleses.

Brasil e Argentina só precisaram do futebol para gerar a rivalidade da qual desfrutam. E, sim, apesar de alguns exageros eventuais, é esse mesmo o verbo: desfrutam. Como vimos na terça-feira.

 
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Convocação de Daniel Alves foi um alívio para muita gente

Gian Oddi
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Daniel Alves foi convocado, e aqueles que não conseguem passar por uma convocação de seleção brasileira sem tocar a corneta podem até agradecer pela chamada do veterano lateral-direito. Não fosse seu nome, praticamente não haveria margens para críticas na lista dos 26 chamados para a Copa do Qatar.

Tudo que Dani Alves não fez nos últimos tempos, além da condição física discutível de um jogador de 39 anos, tornam compreensíveis as críticas ao seu chamado. Mas é inevitável ponderar que o principal motivo de sua convocação – por mais que Tite jamais vá admitir – é a falta de bons concorrentes para a posição. A alternativa ao seu nome, portanto, seria o chamado de um outro zagueiro, provavelmente Gabriel Magalhães, o que transformaria Eder Militão na primeira opção para a lateral-direita, depois do titular Danilo.

Valeria a mudança na lista? Talvez, até pelo altíssimo nível que Gabriel vem demonstrando no Arsenal. Mas também não se pode classificar como absurda a opção por um jogador de características mais distintas das do elenco convocado, para não falar de sua experiência descomunal.

Entre as demais escolhas sobre as dúvidas que ainda pairavam, quem acompanhou os últimos anos do zagueiro Bremer no futebol italiano, sobretudo no Torino, sabe que não é possível fazer qualquer ressalva ao seu chamado para ser o quarto zagueiro da relação para o Mundial.

Gabriel Martinelli talvez tenha sido a maior surpresa da lista, e possivelmente nem estaria na relação se Phillippe Coutinho não estivesse machucado (também não saberemos). A "surpresa", entretanto, não ocorre pelo nível do seu futebol, que tem sido alto, e sim pelo fato de que, além dele, foram convocados vários outros jogadores para posições iguais às suas.

Sendo assim, é possível questionar se não faria sentido chamar um jogador para atuar mais centralizado, como faz Roberto Firmino ou mesmo um atleta que tenha jogado uma  boa temporada no Brasil. É possível questionar, mas é pouco para se contestar com contundência.

Na convocação de uma seleção como a brasileira, boas opções sempre ficarão de fora da lista final, e inevitavelmente caberá alguma discussão sobre uma ou outra escolha do treinador. É preciso admitir, contudo, que a convocação desta segunda-feira (7) deu o mínimo de margem possível para questionamentos ou inconformismos.

Para quem não resistir, haverá sempre Daniel Alves.

Tite orienta Daniel Alves na seleção
Tite orienta Daniel Alves na seleção Getty Images
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Da previsão de caos ao envolvimento local: os últimos dias antes da final da Libertadores entre Flamengo e Athletico

Gian Oddi
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Estádio da final da Libertadores, em Guayaquil
Estádio da final da Libertadores, em Guayaquil Gian Oddi

Violência urbana, erupções vulcânicas, terremotos, atentados? Exceções feitas a casos pontuais, os últimos dias antes da disputa da final da Conmebol Libertadores 2022 em Guayaquil, no Equador, não confirmaram algumas previsões de caos e confusão para a semana do aguardado confronto entre Flamengo e Athletico-PR.

Na última terça-feira, dois vídeos que circularam nas redes sociais mostrando equipes de televisão locais sofrendo assaltos ou tentativas de assaltos ao vivo alarmaram quem chegava à cidade para torcer ou trabalhar. O fato, contudo, não se repetiu, até porque, desde quarta-feira, o que se vê nas cercanias do estádio Monumental é um policiamento muito reforçado. Neste sábado, dia da final, o reforço, claro, será ainda maior, com utilização inclusive de forças do exército, até aqui não empregadas.

Jornais locais como o diário Expresso alertam, porém, para o fato de que o emprego da maior parte do efetivo policial de Guayaquil na decisão deixará em alerta outras partes da cidade. É o caso de Alborada, a cerca de quatro quilômetros do estádio da final. Cecilia Cevallos, moradora do bairro, explicou ao Expresso: “Ninguém estará seguro fora. Como vão nos proteger se todos os policiais estarão no estádio? O melhor é ficar fechado em casa até o final de semana”.  

A preocupação dos moradores se justifica porque Guayaquil vive um momento conturbado, de crescente número de assassinatos, assaltos e até atentados a bomba devido a disputas entre grupos de narcotraficantes. De agosto até o meio deste mês, inclusive, a cidade teve decretado Estado de Exceção pelo presidente do Equador, Guillermo Lasso – de janeiro a agosto, mais de 850 pessoas foram assassinadas na cidade.

Fan Fest em Guayaquil, palco da final da Libertadores de 2023
Fan Fest em Guayaquil, palco da final da Libertadores de 2023 Gian Oddi

Vulcão Cotopaxi

Além da violência urbana, havia alguma preocupação com eventuais problemas de ordem natural, como as possibilidades de um terremoto de maior proporção e de erupção do vulcão Cotopaxi, perto de Quito, a cerca de 400 quilômetros de Guaiquil. Nenhum dos fatos, entretanto, ocorreu na semana da decisão.

O vulcão segue sendo monitorado pelas Forças Armadas e pelo Instituto Geofísico equatoriano, inclusive com sobrevoos de helicóptero realizados na últimas quinta-feira, mas não foram constatadas quaisquer mudanças significativas nas atividades vulcânicas.

Embora no Brasil a agência de turismo Outsiders Tour tenha chegado a citar o vulcão como parte das causas do adiamento de voos que trariam torcedores para Guaiaquil, a última vez que um voo foi cancelado ou adiado por conta de atividades vulcânicas no Equador foi em agosto deste ano.

 

Polícia reforçada em Guayaquil
Polícia reforçada em Guayaquil Gian Oddi

Torcida local

Problemas logísticos à parte, nas ruas de Guayaquil, a presença de torcedores com as camisas dos times brasileiros – especialmente do Flamengo, em proporção bem maior – se tornou mais comum a partir da quinta-feira, até quando, segundo levantamento das autoridades equatorianas, três mil brasileiros já tinham chegado à cidade.

O maior fluxo de torcedores vindos do Brasil, porém, ocorrerá nesta sexta-feira e no próprio sábado, dia do jogo: a expectativa, segundo as autoridades, é de que, no total, cerca de 30 mil brasileiros cheguem a Guayaquil – cerca de 12 mil deles por via terrestre.

Enquanto a maior parte dos brasileiros não chega, os próprios equatorianos tratam de se envolver com a decisão, como fica claro nas lojas esportivas na cidade, cujas fachadas exibem camisas do Flamengo nas vitrines, ou mesmo pelos jornais locais, que já dedicam boas partes de suas edições – incluindo as capas – para a final deste sábado.

Mas talvez seja na Embaixada dos Torcedores, localizada no Palácio de Cristal, um ponto turístico da cidade, que o envolvimento dos equatorianos com a festa da decisão fica mais clara: em qualquer horário, pelo menos até a última quinta-feira, mais do que camisas rubro-negras, impressionava o número de camisas amarelas, tanto as da seleção equatoriana como, principalmente, as do Barcelona, o time com mais torcida no país.

Guayaquil abraçou a decisão. E pelo menos até esta sexta-feira, sem maiores confusões.

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Brasil virou o principal favorito à Copa, mas qual a relevância disso?

Gian Oddi
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Encerrada nesta terça-feira a última Data Fifa antes do início da Copa do Mundo, não sou eu quem diz, mas sim uma pesquisa pelas principais casas de apostas do planeta: a seleção brasileira é, hoje, a principal favorita a conquistar o Mundial que começa em pouco menos de dois meses, no Qatar.

Mas qual a relevância disso, se é que ela existe?

À exceção do que ocorre quando tratamos de campeonatos por pontos corridos, discussões sobre favoritismo no futebol já não costumam significar muito. No caso de uma Copa, em que jogos únicos, de 90 ou 120 minutos, definem quem avança, o valor desse favoritismo é ainda menor.

Para esta Copa, a irregularidade das principais forças da Europa (que levaram os últimos 4 Mundiais) embaraça ainda mais qualquer perspectiva, o que está bem simbolizado pelo fato da atual campeã continental, a Itália, estar fora da Copa – embora após sua eliminação já tenha superado Alemanha e Inglaterra na busca por uma vaga nas semifinais da Nations League.

Nesta mesma competição, a vice-campeã europeia Inglaterra, esta sim classificada ao Mundial, ficou na última colocação do grupo e acabou rebaixada para a segunda divisão do torneio. Após uma sequência de jogos ruins, seu técnico, Gareth Southgate, tem tido o trabalho questionado, como parecia inimaginável um ano atrás.

É quase consenso que, dentre as seleções da Europa, a França é a principal candidata ao título. Reflexo da qualidade de seu elenco, talvez o melhor do mundo, e não do futebol jogado – a atual campeã mundial caiu nas 8ªs da Euro, diante da Suíça, e na Nations deste ano ficou só em 3º lugar de seu grupo, atrás das competentes Croácia e Dinamarca.


Tite sorri: se Brasil virou o principal favorito, o mérito é dele
Tite sorri: se Brasil virou o principal favorito, o mérito é dele Lucas Figueiredo/CBF

A inquestionável força da Alemanha, vivendo um período de recuperação técnica, parece estar mais ligada à sua gigantesca tradição. A Espanha, um dos melhores times da última Euro, eliminado nos pênaltis pelos italianos numa partida em que jogou até melhor, classificou-se novamente às semifinais da Nations, mas não tem mostrado o mesmo nível da Euro.

Portugal, que viveu um duro golpe ao perder em casa sua vaga na semifinal da Nations por não conseguir arrancar um empate da Espanha, vive situação semelhante à francesa: suas chances de ir longe nesta próxima Copa são até boas, mas têm mais a ver com seu ótimo elenco do que com futebol que costuma jogar sob o comando de Fernando Santos.

Em contrapartida, seleções como Holanda, Croácia e Dinamarca – as duas primeiras também asseguradas nas semifinais da Nations League – chegam mais consistentes para tentar atrapalhar a vida dos gigantes na Copa.

Se os resultados forem os mais lógicos na fase de grupos, Holanda, França e Inglaterra terão vantagens de caminhos teoricamente mais simples até as quartas-de-final do Mundial, algo que não se aplica a Alemanha, Espanha, Croácia e Bélgica, todas com boas chances de se enfrentar já nas oitavas.

 

Força sul-americana

Diante deste cenário nebuloso das seleções europeias, é normal que as duas principais seleções sul-americanas, Brasil e Argentina, despontem entre as favoritas do Mundial. Se o Brasil surge na 1ª colocação entre apostadores, os argentinos, atuais campeões sul-americanos, aparecem em 3º lugar, atrás também da França.

Nesse contexto, porém, é importante ressaltar que, desde a criação da Nations League, as seleções sul-americanas não têm conseguido fazer enfrentamentos em alto nível como as grandes da Europa são obrigadas a fazer em toda data Fifa. Tite já reclamou do fato, embora seja provável que os treinadores europeus também não desejassem fazer sua preparação quase sem amistosos, apenas em jogos complicados e valendo pontos.

Seja como for, esteja a vantagem do lado que estiver, o fato indiscutível é que o período de preparação das seleções europeias e sul-americanas para esta Copa do Mundo foi completamente diferente, como nunca havia ocorrido. Qual o reflexo disso, se é que haverá algum, constataremos até meados de dezembro, no Mundial.

De qualquer forma, é difícil discutir que, dentro das possibilidades que tinha, Tite fez um trabalho de alto nível para levar o Brasil a figurar na primeira colocação entre os favoritos ao Mundial. Não só pelo ótimo aproveitamento de pontos que teve, mas pela montagem de um forte e equilibrado elenco, por um jogo sólido e competitivo e, hoje, com variações que pareciam improváveis no meio deste último ciclo.  

O valor do favoritismo do Brasil, convenhamos, é quase nulo no sentido de aumentar as chances na busca pelo hexa. Ganhar ou perder uma Copa pode inclusive se definir nos detalhes, na sorte ou no azar, no imponderável. O valor do favoritismo de hoje está exclusivamente ligado ao passado, ao trabalho muito bem feito nos últimos quatro anos.


 
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Brasileiros, voltas para casa, nomes consagrados e uma promessa: quais são as 10 principais contratações da Série A italiana para a temporada

Gian Oddi
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Muita coisa ainda deve acontecer até o fim da janela de mercado, no dia 1º de setembro: a Juventus pode contratar Depay e Paredes; Belotti tem boas chances de ir à Roma, que também procura um zagueiro, assim como a Inter; o Napoli quer Raspadori e outros nomes para compensar as pesadas saídas que teve; Gasperini espera que a Atalanta lhe dê reforços para brigar mais de perto com as principais forças do campeonato.

Apesar disso, ainda que o mercado se encerrasse agora, a chegada de reforços nesta temporada da Série A é significativa, sobretudo na comparação com o início do campeonato passado, quando o êxodo de jogadores como Lukaku e Cristiano Ronaldo acabou por tirar holofotes da competição. Ainda assim , foi uma temporada recheada de emoção com a disputa de título acirrada até a rodada final.

Para este campeonato, nomes importantes e mundialmente conhecidos chegaram à competição, boa parte deles para reforçar a Juventus, cujo mercado, na visão de boa parte da imprensa italiana, basta para transformar a 4ª colocada do último Italiano em favorita. A Roma é outra a mudar seu patamar com seus reforços. A Inter conseguiu o sonhado retorno de Lukaku, mas não só. O campeão Milan, por ora, foi mais modesto, mas contrata dois belgas para tentar se manter na ponta.  

Confira abaixo quais foram, na avaliação do blog, as 10 principais contratações dos times italianos para esta temporada até aqui.

Lukaku (Inter)
Graças também ao próprio desejo, o nome mais badalado da conquista do scudetto pela Inter na temporada retrasada está de volta após uma passagem frustrante pelo Chelsea. No campeonato passado, sem ele, o bi escapou por pouco. Por isso a reedição da ótima dupla do belga com Lautaro Martinez traz aos torcedores a esperança de reconquistar o scudetto.

Pogba (Juventus)
Principal reforço entre os vários e ótimos feitos pela Juve, o meio-campista francês vindo do Manchester United buscará reeditar nesta sua segunda passagem pelo clube italiano o mesmo futebol mostrado na primeira. Logo de cara, porém, um problema no menisco o impedirá de jogar as primeiras cinco ou seis partidas da temporada.

Pogba está de volta à Juventus após seis anos
Pogba está de volta à Juventus após seis anos Getty

Dybala (Roma)
Após muita especulação sobre sua ida da Juventus para a Inter, foi a Roma, também pelo poder de convencimento de José Mourinho, quem contratou o meia-atacante argentino de 28 anos. Sua incrível festa de recepção por parte dos torcedores (vídeo acima) dá uma dimensão da enorme expectativa criada em torno de seu nome.

Bremer (Juventus)
Foi a contratação mais cara da temporada, com cifras que devem chegar aos 48 milhões de euros se incluídos os prováveis bônus. Não é à toa: jogando pelo Torino, o brasileiro foi eleito o melhor defensor da última temporada do Campeonato Italiano e, com base no rendimento dos últimos anos, a Juve até ganha com a saída de De Ligt para o Bayern e a chegada do ex-atleticano.

De Ketelaere (Milan)
Enquanto seus rivais contratam nomes consagrados, o campeão Milan faz sua aposta na juventude, como tem sido nos últimos anos: o ótimo meia-atacante de 21 anos é uma das maiores esperanças do futebol belga e chega do Brugge, que receberá cerca de 35 milhões de euros e ainda manterá 12,5% dos direitos sobre uma negociação futura do jogador.

Ederson (Atalanta)
Considerado um dos principais responsáveis pela incrível recuperação e o não rebaixamento da Salernitana na última edição da Série A, o meio-campista brasileiro, ex-Corinthians, chega numa operação avaliada em torno de 25 milhões de euros e cheio de expectativa para reforçar o time de Giampiero Gasperini. Aos 23 anos, o sucesso em Bergamo poderia significar a ida para um gigante.       

Di Maria (Juventus)
Aos 34 anos de idade, após 7 temporadas no PSG e ainda jogando em alto nível, o titular da seleção argentina é um reforço importantíssimo para Massimiliano Allegri, também por sua capacidade de jogar em várias posições. Nos jogos de pré-temporada ele já mostrou que as questões físicas não devem ser um problema.  

Wijnaldum (Roma)
Ex-Liverpool e PSG, o meio-campista holandês chega à Roma depois de ter atuado em 31 dos 38 jogos do time francês no último campeonato nacional. Ao lado de Matic, Mourinho espera poder agregar qualidade e, principalmente, experiência a um meio-campo que pecou pela falta dela em momentos importantes do último Campeonato Italiano.  

Kostic (Juventus)
O melhor jogador do Eintrach Frankfurt na conquista da última Liga Europa chega como alternativa importante para o time de Allegri, seja para jogar como um externo ofensivo, seja para jogar no meio campo. Para tê-lo no elenco, a Juve pagou 15 milhões de euros pelo sérvio de 29 anos.  

Matic (Roma)
É possivelmente o nome menos badalado da lista das 10 principais novidades, mas o volante de 34 anos, que deixou o Manchester United sem custo, chega a pedido de Mourinho, cuja confiança no futebol do jogador é grande: após será a terceira vez que eles trabalhar juntos,
  

OUTRAS CONTRATAÇÕES MAIS IMPORTANTES ATÉ AQUI:
Origi (Milan), Sirigu (Napoli) Jovic e Dodô (Fiorentina), Onana, Mkhitaryan e Asllani (Inter), Çelik (Roma) Romagnoli e Marcos Antônio (Lazio), Cragno, Pablo Marí, Marlon, Pessina e Sensi (Monza), Daniel Maldini (Spezia), Pinamonti e Álvarez (Sassuolo). 

 
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Jornalismo Esportivo x jornalismo esportivo

Gian Oddi
Gian Oddi

Faixa em BH: ofensas a Rodrigo Capelo após denúncias feitas pelo jornalista em 2019
Faixa em BH: ofensas a Rodrigo Capelo após denúncias feitas pelo jornalista em 2019 []

Poucos segmentos do jornalismo profissional merecem um percentual tão alto das críticas recebidas como o jornalismo dedicado ao futebol brasileiro.

A manchete em busca do clique fácil, a polêmica artificial, o clubismo institucionalizado porque rentável, o jornalismo-parça, o despreparo sob a aura da informalidade acessível, o post populista, as falsas notícias de mercado...

São inúmeras as mazelas, existem tantas outras, e para cada uma delas caberiam abordagens específicas sobre suas razões e mecanismos.

Grosso modo, porém, estamos quase sempre tratando da busca por engajamento, essa palavra do novo milênio que não só superou a relevância do conteúdo como tomou seu lugar: são os índices de engajamento, e não mais o teor de conteúdo, a determinar a relevância de uma reportagem ou análise.

Não falta nesse meio quem busque declaradamente e acima de tudo, com táticas conhecidas tão discutíveis quanto eficientes, um aumento no número de seguidores para faturar mais com #publis. A relação mercantilista é agora direta, e o valor do engajamento tornou-se bem maior que o do bom conteúdo.

Ficam assim liberadas e até estimuladas, inclusive por grandes empresas que não precisariam disso, as frases de efeito sem nexo ou embasamento, as acusações tão tolas quanto irresponsáveis a profissionais de futebol, as manchetes que omitem ou fazem charada com o sujeito, a ditadura da contundência, a burrice, as perguntas infantilizadas elevadas à categoria de “conteúdo”.

“Atlético ou Flamengo, qual clube é maior?”; “Ex-Corinthians vai jogar em gigante europeu graças a palmeirense”. “Fulano afinou, beltrano pipocou”. E dá-lhe informação chutada, perguntas que só pretendem provocar, festivais de clichês e bordões vazios, perdigotos e socos na mesa, veias saltadas e adjetivos duros aplicados a temas irrelevantes.

Está ruim na média, apesar de muita gente boa por aí.

É isso que torna ainda mais lamentável a opção de muitos torcedores supostamente interessados no nível do jornalismo esportivo em depreciar conteúdo produzido de forma séria por se incomodar com seu teor – mesmo que verdadeiro.

Foi assim com a recente reportagem de Danilo Lavieri, do portal UOL, ao noticiar recente consulta do Palmeiras à Adidas e apontar a falta de profissionais no reformulado departamento de marketing do clube. As cifradas, vagas e indiretas respostas do Palmeiras deveriam fazer pensar os que resolveram atacar o portador da informação que o clube nem sequer negou.

A mídia segmentada, muitas vezes apontada como vilã por trabalhar para um público específico e precisar atender aos seus anseios e preferências acima de tudo, também sofre com o problema quando faz jornalismo sério: as críticas ao portal Meu Timão por publicar informações sobre lesões ou escalações omitidas pelo clube são um bom exemplo.

Num panorama em que Canais de Fulanos (alguns remunerados por clubes importantes e abonados) se prestam a fazer perguntas amigas em coletivas de imprensa e serviço sujo atacando profissionais nas redes sociais, o trabalho do Meu Timão deveria ser exaltado, e não condenado por divulgar fatos.

Talvez mais absurda seja a agressividade voltada a competentes comentaristas táticos por fazer seu trabalho, ou seja, ilustrar de maneira didática ao grande público as virtudes e fragilidades dos principais times do país. Há quem se incomode com a função, acreditando que ela possa facilitar a vida de adversários dotados de profissionais e departamentos criados exclusivamente para fazer esse mesmo trabalho.

Mas o melhor exemplo de conteúdo relevante tratado com sanha e animosidade é o que faz rotineiramente o jornalista Rodrigo Capelo, do GE, ao abordar as finanças dos clubes brasileiros. Quando ele e Gabriela Moreira publicaram, em 2019, a série de reportagens denunciando as falcatruas e irresponsabilidade da antiga gestão do Cruzeiro, não faltou quem os colocasse no mesmo balaio dos sensacionalistas, irresponsáveis e clubistas. O resultado do que foi escancarado está aí, na situação do clube mineiro.

Citei quatro exemplos positivos, poderia citar mais.

No Brasil de 2022, o ataque indiscriminado a jornalistas, ao jornalismo e aos seus veículos não chega a surpreender e não é exclusividade do esporte. Mas quem se preocupa verdadeiramente com a baixa qualidade do jornalismo esportivo precisa saber fazer distinção entre quem é sério e quem só busca engajamento. Porque quem faz críticas motivadas apenas por razões clubísticas está agindo exatamente como boa parte daqueles que critica.


 
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É tão cruel quanto forçado atribuir aos treinadores a incrível virada do Palmeiras sobre o São Paulo

Gian Oddi
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Rogério Ceni: apesar do placar, suas mudanças contra o Palmeiras faziam sentido
Rogério Ceni: apesar do placar, suas mudanças contra o Palmeiras faziam sentido Gazeta Press

Que o trabalho de Abel Ferreira em seu pouco mais de um ano e meio de Palmeiras tem sido quase irrepreensível parece óbvio.

A evolução do futebol jogado, as estratégias tão surpreendentes quanto determinantes nos títulos conquistados, a impecável gestão do elenco, a potencialização dos jogadores e até mesmo o legado de suas entrevistas e livro já forçam até mesmo seus críticos mais fervorosos a reconhecer suas inúmeras e consistentes qualidades.

Rogério Ceni, por outro lado, ainda desperta desconfiança sobre seu futuro como treinador.

Ainda que demonstre conhecimento sobre o jogo e capacidade de analisar e explicar o que se passa em campo, muitos discutem, baseando-se em sua personalidade e trabalhos recentes, a condição do treinador são-paulino gerir elencos, além de seu equilíbrio para lidar com as insanas pressões e críticas sempre direcionadas aos técnicos de futebol no Brasil.

São bons pontos. Talvez a desconfiança sobre Ceni faça tanto sentido quanto certamente fazem os elogios a Abel Ferreira.

Só não faz sentido atribuir o placar e o inusitado roteiro deste recente São Paulo 1 x 2 Palmeiras exclusivamente às escolhas dos treinadores, especialmente quando se busca culpar Rogério Ceni pela virada sofrida.

Ceni cita gritos de torcedores do São Paulo e é direto: 'Teu treinador não é burro'


Ainda que você possa discordar das substituições de Ceni contra o Palmeiras, é preciso reconhecer que havia boas explicações nas saídas dos pendurados e já sobrecarregados Igor Vinícius e Gabriel Neves, na entrada de um Rigoni que visava dar alguma capacidade de contra-atacar a um time que só se defendia e, também, na inclusão de um experiente zagueiro para minimizar o então intenso perigo das bolas aéreas palmeirenses.

Não deu certo, é verdade, porque assim é o futebol. Miranda entrou mal, Rigoni pouco fez. Mas havia lógica nas mudanças do treinador, que inclusive não parecia satisfeito com a postura excessivamente retraída do seu time no 2º tempo – uma consequência natural dos momentos dos dois clubes e do parcial 1 a 0 no placar.

Do lado vitorioso, curiosamente, as escolhas na escalação parecem estar entre as mais discutíveis do excepcional ano palmeirense.

Gustavo Gómez na lateral-direita, a exemplo do que já ocorrera contra o Atlético-GO, fez com que o time perdesse qualidade e eficiência no miolo da defesa, tornou o lado direito da equipe bem mais vulnerável e, talvez ainda mais prejudicial, diminuiu consideravelmente o poder de fogo do Palmeiras por onde ele mais costuma levar perigo aos adversários.

Ainda assim, deu tudo certo para a equipe, com gols aos 45 e 51 minutos do 2º tempo, um deles marcado justamente por Gustavo Gomez (então já atuando como zagueiro).

Ceni desabafa, diz que São Paulo foi 'massacrado nos últimos anos' e dispara: 'Pessoas não cuidaram como deveriam'


Durante os 90 minutos de um jogo de futebol, técnicos fazem escolhas para minimizar suas deficiências e a chance de perder, ao mesmo tempo que buscam potencializar suas qualidades e, claro, suas chances de vencer.

Certas vezes as escolhas fazem sentido e acabam dando errado. Em outras, ainda que pareçam equivocadas, podem dar certo. Atribuir todo e qualquer resultado aos treinadores de futebol é ignorar uma das principais magias do futebol, sua imprevisibilidade. Técnicos de futebol, afinal, não são jogadores de videogames com um controle remoto na mão.


 
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Onze anos depois, o Milan é campeão italiano: veja o peso de cada um dos 26 jogadores na conquista do scudetto

Gian Oddi
Gian Oddi

Após 11 anos de espera, o Milan enfim encerrou seu jejum e voltou a conquistar um scudetto: no último domingo, ao derrotar o Sassuolo por 3 a 0, a equipe terminou a competição com dois pontos de vantagem em relação à campeã anterior, a Internazionale.

Stefano Pioli foi merecidamente eleito o melhor técnico da Série A após levar um time que não estava entre os dois favoritos à conquista do título no início da competição. Entre os jogadores, foram 26 aqueles que entraram em campo em pelo menos um minuto dos 38 jogos disputados.

O blog faz abaixo uma avaliação sobre o peso da participação de cada um deles na conquista que impediu a Inter de estampar sua segunda estrela na camisa e ainda fez com que o Milan se igualasse à rival no número de scudetti conquistados. 

O Milan, campeão italiano 2021/22
O Milan, campeão italiano 2021/22 ESPN

***** (5 ESTRELAS)

Maignan – Atuações e defesas monstruosas, não tomou gol em 18 dos 32 jogos que disputou. Eleito, claro, o melhor goleiro do campeonato.

Tomori – Foi o jogador de linha que mais minutos esteve em campo. Primeiro com Kjaer, depois com Kalulu, foi fundamental para o Milan ostentar a melhor defesa do campeonato junto com o Napoli.

Theo Hernandez – Essencial tanto na defesa quanto no ataque, marcou 5 gols e fez 6 assistências. Infernizou as defesas adversária junto com Rafael Leão pelo lado esquerdo.

Tonali – Aos 22 anos, nesta temporada entregou tudo que se esperava dele: consistência, qualidade de passe e até, na reta final do campeonato, gols decisivos contra Lazio, Verona e Atalanta.

Rafael Leão – Um dos artilheiros (11 gols) e líder de assistências do time, sua eleição como melhor jogador da Série A fala por si. Sem ele, dificilmente haveria título.

**** (4 ESTRELAS)

Kalulu – Poderia estar na primeira prateleira pelas atuações, só não está porque jogou menos minutos. Aos 21 anos, tomou conta da defesa ao lado de Tomori logo após a lesão de Kjaer.

Giroud – Os problemas físicos de Ibra o obrigaram a jogar mais que o esperado. Entre os 11 gols que lhe deram a artilharia do time ao lado de Leão, estão aqueles da virada do derby do returno contra a Inter. Gols fundamentais para o scudetto, como Giroud.

Ibrahimovic – Com problemas físicos, jogou pouco mais de 1000 minutos e mesmo assim somou 8 gols e 3 assistências no campeonato. Mas está entre os 4 estrelas também por sua importância fora de campo: tornou-se, enfim, um cara de grupo.  

Kessié – Apesar das críticas sofridas por não renovar contrato, foi sempre profissional: esteve entre os top 5 jogadores de linha com mais minutos, jogando como volante ou, depois, meia avançado. E ainda marcou seis gols.

*** (3 ESTRELAS)

Calabria – Questões físicas o impediram de ter o mesmo rendimentos da temporada passada, mesmo assim foi importante: 26 jogos, 2 gols e 3 assistências.

Bennacer – Alternativa sólida no meio de campo sempre que Pioli não podia contar com Tonali ou Kessié. Foi titular em 15 jogos e uma opção sempre importante para entrar no decorrer dos jogos e manter o fôlego da equipe.

Brahim Diaz – Começo de temporada muito bom, entregava criatividade ao time. Depois da COVID não foi o mesmo, mas mesmo assim atuou em 31 dos 38 jogos. Marcou 3 gols e deu 3 assistências.

Saelemaekers – Passou a maior parte da temporada disputando a titularidade com Júnior Messias; no fim do campeonato levou a melhor, até por marcar mais que o brasileiro. Marcou 1 gol e deu 3 assistências.

Júnior Messias – Foram 26 jogos, dos quais 14 como titular. Marcou 5 gols e deu 2 assistências. Teve sua importância na conquista de um scudetto que há três ou quatro anos lhe pareceria um sonho inalcançável.

Krunic – Alternativa para Pioli na maior parte da temporada, ganhou a titularidade na reta final como meia central mais avançado, até pela consistência que acrescentava ao meio-campo.

Kjaer – Atuou em apenas 11 dos 38 jogos da campanha, mas num nível muito alto. Assim como Ibra, foi outro nome importante fora dos gramados, trazendo experiência e tranquilidade para um elenco jovem.

** (2 ESTRELAS)

Rebic – Apenas 805 minutos em campo no total, ainda assim fez 2 gols e deu 2 assistências. Na reta final jogou como falso 9. Tivesse atuado mais tempo, mereceria três estrelas.

Romagnoli – O capitão que ergueu a taça até participou de 19 jogos, mas Tomori, Kjaer e Kalulu estiveram sempre à sua frente.

Florenzi – Outro que sofreu muito com problemas físicos. Foi titular em 12 dos 38 jogos da temporada e marcou 2 gols.

* (1 ESTRELA)

Tatarusanu, Gabbia, Ballo-Touré, Stanga, Bakayoko, Daniel Maldini e Castillejo – Os setes jogadores variaram entre 2 minutos (caso de Stanga) e 540 minutos (caso de Tatarusanu) em campo. Seus nomes já estão, também, na história do Milan, mas é impossível dizer que se algum deles não estivesse no elenco as coisas poderiam ter sido diferentes para o time de Stefano Pioli.  


 
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Título, Champions, Liga Europa e permanência: o que cada time precisa na última rodada da Premier League (e onde ver cada jogo)

Gian Oddi
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Jürgen Klopp e Pep Guardiola: a disputa do título é entre eles
Jürgen Klopp e Pep Guardiola: a disputa do título é entre eles Getty Images


Chegou o momento da última rodada da Premier League, com todos os jogos sendo disputados às 12h (de Brasília) deste domingo e todas as brigas possíveis ainda abertas: falta definir quem será o campeão, quem ficará com a última vaga na Champions, quem serão os representantes ingleses na Europa e Conference League e, por fim, quem será o último dos três rebaixados à Championship.

O blog traz abaixo o que todos os times envolvidos nessas disputas necessitam na última rodada, além de informar onde serão transmitidas as oito partidas com importância em algumas dessas brigas.


BRIGA POR TÍTULO
MANCHESTER CITY, 1º, 90 pontos / LIVERPOOL, 2º, 89
Com vitória sobre o Aston Villa fora de casa, o City será mais uma vez campeão inglês. Se houver empate ou derrota do City, o Liverpool ficará com o título no caso de vitória em casa sobre o Wolverhampton.

Onde ver:
Aston Villa x Manchester City - domingo, ESPN e Star+, 12h
Liverpool x Wolverhampton - domingo, Star+, 12h


BRIGA POR CHAMPIONS
TOTTENHAM, 4º, 68 / ARSENAL, 5º, 66
Na prática (esqueça a matemática), o Tottenham só precisa empatar a partida contra o já rebaixado Norwich, fora de casa, para se garantir na Champions League. Ao Arsenal, que neste caso ficaria com a vaga na Liga Europa, a única possibilidade de chegar à Champions é vencer o Everton e torcer por uma derrota do Tottenham.  

Onde ver:
Norwich x Tottenham - domingo, ESPN3 e Star+, 12h
Arsenal x Everton - domingo, Star+, 12h


BRIGA POR LIGA EUROPA
MANCHESTER UNITED, 6º, 58 / WEST HAM, 7º, 56
Com uma vitória sobre o Crystal Palace, o Manchester United vai à Liga Europa e deixa o West Ham com a vaga na Conference League. Se o United não vencer, e ao mesmo tempo o West Ham derrotar o Brighton, as vagas se invertem: United na Conference e West Ham na Liga Europa.   

Onde ver:
Crystal Palace x Manchester United - domingo, Star+, 12h
Brighton x West Ham - domingo, Star+, 12h


BRIGA PARA NÃO CAIR
BURNLEY 17º, 35 / LEEDS 18º, 35
A conta é simples: o Leeds precisa conquistar ao menos um ponto a mais que o Burnley para conseguir se salvar. Ou seja: se o Burnley perder, o Leeds precisa ao menos empatar; se o Burnley empatar, o Leeds tem que ganhar. Uma vitória do Burnley rebaixa o Leeds, qualquer que seja seu resultado contra o Brentford.

Onde ver:
Brentford x Leeds - domingo, Star+, 12h
Burnley x Newcastle - domingo, Star+, 12h

 
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Título, Europa e rebaixamento: veja o que cada time precisa na última rodada do Italiano e onde assistir cada jogo

Gian Oddi
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Começa nesta sexta-feira, com o confronto entre Roma e Torino, a última rodada do Campeonato Italiano que pode definir o Milan como campeão nacional após 11 anos de espera. Já se sabe que Milan, Inter de Milão, Napoli e Juventus serão os times que representarão a Itália na próxima Champions League; a Lazio já tem um lugar na próxima Europa League assegurado, enquanto Venezia e Genoa estão matematicamente rebaixados para a Série B. 

Ibrahimovic: único jogador do Milan que estava no título de 11 anos atrás
Ibrahimovic: único jogador do Milan que estava no título de 11 anos atrás EFE

Destinos definidos à parte, além da disputa pelo scudetto entre Milan e Inter, ainda estão em jogo duas vagas europeias para serem disputadas entre Roma, Fiorentina e Atalanta, além da briga para escapar da última vaga do rebaixamento, entre Cagliari e Salernitana. Confira abaixo o que cada uma dessas equipes precisa fazer para alcançar seu objetivo na última rodada e onde assistir cada uma das sete partidas ainda relevantes nestas disputas.  

Lautaro Martinez, um dos destaques da Internazionale, atual campeã da Serie A
Lautaro Martinez, um dos destaques da Internazionale, atual campeã da Serie A Getty Images

BRIGA POR SCUDETTO
MILAN 1º, 83 pontos  /  INTER 2º, 81
O Milan precisa pelo menos empatar com o Sassuolo, fora de casa, para ficar com o título sem depender do jogo da Inter. Caso perca, torce para a Inter não derrotar a Sampdoria no San Siro.

Onde ver:
Sassuolo x Milan - domingo, ESPN4 e Star+, 13h
Inter x Sampdoria - domingo, Star+, 13h


         
     





BRIGA POR LIGA EUROPA/CONFERENCE
ROMA 6º, 60  /  FIORENTINA 7º, 59  /  ATALANTA 8º, 59

Desconsiderando a final da Conference League, a Roma precisa vencer o Torino nesta sexta para garantir sua vaga na Liga Europa sem depender dos placares de Fiorentina e Atalanta; o time de Florença, com uma vitória sobre a Juve, assegura ao menos o lugar na Conference, mas pode ser Liga Europa se a Roma não bater o Torino; já a Atalanta, que tem desvantagem em qualquer confronto direito e precisa de mais pontos que Roma e Fiorentina para superá-las, tem que vencer o Empoli e torcer por tropeços das rivais para assegurar vaga na Liga Europa (6º) ou Conference (7º). 

José Mourinho durante jogo da Roma no Campeonato Italiano
José Mourinho durante jogo da Roma no Campeonato Italiano Matteo Ciambelli / Getty Images

Importante destacar que, caso a Roma não vença o Torino e termine em 8º lugar (o que só ocorre caso Fiorentina e Atalanta vençam seus jogos), a Itália pode ter 8 representantes em copas europeias na próxima temporada, isso se a Roma seja campeã da Conference League contra o Feyenoord no próximo dia 25.

Onde ver:
Torino x Roma - sexta-feira, ESPN4 e Star+, 15h45
Fiorentina x Juventus - sábado, ESPN e Star+, 15h45
Atalanta x Empoli - sábado, Star+, 15h45        

Éderson e Ribéry, companheiros de Salernitana
Éderson e Ribéry, companheiros de Salernitana Getty Images



BRIGA PARA NÃO CAIR
SALERNITANA, 17º, 31 / CAGLIARI, 18º, 29
Aqui a conta é simples: jogando em casa, basta à Salernitana vencer a Udinese para se manter na Série A e rebaixar o Cagliari. Em caso de empate ou derrota da Salernitana, o Cagliari se salva do rebaixamento e rebaixa a Salernitana apenas se derrotar o Venezia fora de casa.

Onde ver:
Salernitana x Udinese - domingo, Star+, 16h
Venezia x Cagliari - domingo, Star+, 16h



 
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Ironizar a insatisfação de Pedro era tão irracional quanto é, agora, exagerar na relevância das suas manifestações

Gian Oddi
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Não foram polêmicas, não trazem um teor surpreendente e não parecem gerar consequências negativas as manifestações do centroavante Pedro, do Flamengo, após a vitória por 2 a 1 sobre o Altos pela Copa do Brasil, jogo no qual o atacante marcou um dos gols de sua equipe.

Em síntese, Pedro disse que gostaria de atuar mais, o que parece óbvio para um jogador da sua qualidade que é apenas o 20º mais utilizado do elenco se considerarmos as partidas do Flamengo no Brasileirão e na Libertadores.

Pedro em ação com a camisa do Flamengo
Pedro em ação com a camisa do Flamengo Gilvan de Souza/Flamengo

Por outro lado, apesar da sinalização pública a respeito desse desejo em um post no Instagram e na entrevista ao fim do jogo, Pedro fez questão de isentar nominalmente o treinador atual, falou a respeito de escolhas de “quem aqui estava”, prometeu manter empenho total para conquistar mais espaço e, o que talvez pudesse gerar mais turbulência, falou que, se for o caso, “no meio do ano”, quando ocorre a janela de mercado, “a gente conversa”.

Embora seja evidente que suas manifestações têm o intuito de colocar alguma pressão para que suas entradas em campo sejam mais constantes, a forma e o método utilizado não ultrapassam qualquer limite legal ou ético. A comunicação é parte de sua estratégia, e se as ações são feitas dentro desses limites não há problema algum, faz parte do jogo.

Copa do Brasil: veja os gols de Altos-PI 1 x 2 Flamengo

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Assim como não fazia sentido usar termos como “tristeza” ou (o insuportável) “mimimi” para ironizar as notícias divulgadas por repórteres que seguem o clube de perto, também não faz sentido, a partir de agora, imaginar um ambiente de turbulência, crise ou desconforto por causa das manifestações deste domingo.

Como muitas vezes costuma ocorrer no futebol, o episódio das declarações de Pedro parece gerar uma repercussão bem maior que o tamanho do fato, que a relevância da notícia.

Se for o caso, como disse o próprio Pedro, no meio do ano clube e jogador podem conversar. Sempre levando em consideração que sua eventual saída só poderá ocorrer com o consenso das duas partes, que têm contrato assinado válido até dezembro de 2025. E que essa saída, se viesse a acontecer, teria que ser para destino e por valor também acordado com todos os lados.

Qualquer especulação, incitação ou ironia que desconsidere a conjuntura acima não se baseia nos fatos, mas em desejos.

 
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Mesmo que por inveja, precisamos mudar

Gian Oddi
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Jürgen Klopp e Pep Guardiola: símbolos de uma ideia bem mais saudável do futebol
Jürgen Klopp e Pep Guardiola: símbolos de uma ideia bem mais saudável do futebol Getty Images

Quis o destino que o Campeonato Brasileiro deste ano começasse no mesmo fim de semana de um dos jogos mais brilhantes, se não o mais brilhante, da temporada europeia: o confronto entre Manchester City e Liverpool, líder e vice-líder da Premier League separados apenas por um ponto na liga nacional mais rica do planeta.

Enquanto as duas equipes inglesas jogavam o melhor futebol possível, os velhos e compreensíveis chavões sobre a tal “outra modalidade” em relação ao esporte que se disputa por aqui imediatamente tomaram conta das redes sociais.

É justo constatar que, por maiores que fossem os esforços e as boas intenções, existem aspectos diretamente relacionados ao dinheiro que tornam os patamares da Premier League inatingíveis para o cenário brasileiro e sul-americano – a compra dos melhores jogadores do planeta, claro, é o principal deles. 

Deveriam nos interessar, portanto, todos os outros aspectos, todos aqueles cuja quantidade de dinheiro não tem relação direta com um melhor espetáculo em campo.

O cumprimento eufórico de Pep Guardiola e Jurgen Klopp ao final do empate por 2 a 2, um resultado que não agradou plenamente a nenhum dos dois treinadores, diz muito sobre o jogo e o porquê dele ter sido o que foi. Diz muito sobre a intenção de ambos, sobre aquilo que os satisfaz, sobre o que e como seus jogadores são orientados a fazer quando pisam no gramado.

Em um jogo de futebol que na nossa visão habitual teria todos os ingredientes para ser “brigado, falado, pegado, pressionado e violento”, o que vimos foram 90 minutos de puro futebol. Foram 20 faltas no jogo, média de uma a cada 4,5 minutos (a média na rodada inaugural do Brasileirão foi de uma a cada 3 minutos). O VAR, quando necessário, agiu com agilidade e sem contestações. E o árbitro foi quase tão notado em campo quanto a bandeira de escanteio.

Não há avaliação de árbitro que resista àquilo que ocorre no Brasil: por melhor que seja uma arbitragem em campo, não há imagem que não saia destruída diante dos infindáveis bolos de atletas e técnicos protagonizando contestações na quantidade e intensidade que vemos por aqui, em quase qualquer partida.

Gabriel Jesus encerra jejum, e City e Liverpool empatam em Manchester; veja os melhores momentos


Essas cenas imediatamente costumam gerar, tanto em torcedores como em jornalistas e influenciadores de clubes, as avaliações de que o árbitro "não está sabendo conduzir a partida”, “está confuso”, “invertendo faltas”, “não teve pulso” e tantos outros clichês aos quais costumamos recorrer quando não há erro de arbitragem claro e inquestionável para apontar.

Nossa arbitragem merece inúmeras e contundentes críticas, mas isso não deveria nos impedir de perceber quantas vezes transferimos para ela um problema que está essencialmente no comportamento de técnicos e jogadores. A ideia de que futebol se ganha com gritos, peitadas e virilidade é onipresente por aqui e não traz benefício algum para o nosso futebol.   

O Campeonato Brasileiro pode ser espetacular. Em sua primeira rodada, dois dos três favoritos já tropeçaram. Pelo menos quatro times que não pertencem a esse trio fizeram excelentes jogos. Passamos a ter alguns clubes bem estruturados, e novos investimentos estão chegando para outros. Bons jogadores, jovens e veteranos, não faltam. As torcidas são numerosas. O clima ajuda, a grama prospera. Temos vários novos estádios e, acima de tudo, uma população com mais de 210 milhões de pessoas para a qual o futebol é o esporte nacional. Sem falar na (ainda) admiração dos estrangeiros por nossa capacidade técnica.

O potencial do futebol brasileiro, e sobretudo de seu campeonato nacional, é gigante.  

CBF, clubes e treinadores precisam agir, juntos, para mudar esse panorama de comportamento insano que predomina por aqui. Não é missão das mais complicadas e tampouco carece de grande investimento: bastam orientações, comunicação clara e punições. 

A compreensão de que tornar os jogos de futebol no Brasil mais atrativos trará um campeonato bem melhor e, portanto, mais interesse e mais dinheiro, parece não ser simples, mas precisa acontecer. Nem que a motivação parta da simples inveja do que vimos neste domingo em Manchester.


 
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