Arbitragem paulista exclui mulheres de orientações para o Brasileiro
As polêmicas envolvendo o diretor de arbitragem da Federação Paulista de Futebol, Dionísio Domingues, acusado de ter interferido externamente na final do Paulista, começou um pouco antes. Desde a última quinta-feira, CBF e corpo de arbitragem do estado questionam uma decisão do diretor de não convocar árbitras e assistentes, mulheres, para a reunião de instrução do campeonato Brasileiro, realizada na sede da entidade nesta data.
Na teoria, uma mulher foi convidada, Tatiane Sacilotti (FIFA), mas a assistente estava fora do país, no Chile, atuando na Copa América Feminina e não poderia comparecer. As outras 11 profissionais, que fazem parte do atual quadro da CBF foram descartadas da reunião. Esta é a primeira vez que as mulheres deixam de participar da reunião instrutiva do campeonato, desde que começaram atuar em competições da CBF, no início dos anos 2000.
O caso provocou questionamentos por parte das profissionais e de seus colegas homens, também. No dia da reunião, a comissão não conseguiu explicar porque elas não haviam sido convocadas. Temendo que a decisão pudesse ter sido da CBF, profissionais questionaram a entidade nacional, que negou qualquer orientação nesse sentido.
"A CBF não deu qualquer orientação nesse sentido. Em todos os estados, as mulheres participaram. A FPF nos informou que não fez a reunião com as mulheres porque algumas estavam escaladas para jogos do sub-20 no mesmo dia", informou a CBF ao blog.
A alegação, no entanto, contradiz alguns fatos, entre eles o de que havia no curso homens que também estavam escalados para o dia e conseguiram conciliar, além do fato de a única mulher convidada, Sacilotti, sabidamente não estar no Brasil, de forma que a reunião não era exclusiva para quem não estava na escala naquele dia.
Falta de espaço
A reportagem também falou com a FPF, na última terça-feira, já com o caso tendo provocado discussões internas. A entidade negou que a comissão esteja promovendo qualquer tipo de boicote às mulheres. Disse que elas apenas foram deixadas para um segundo momento, por falta de espaço para a realização de todos os profissionais conjuntamente.
Árbitros ouvidos pela reportagem disseram que a sala onde foi realizado o curso tinha lugares vazios. E, além disso, rebateram a falta de espaço, uma vez que outas reuniões da arbitragem paulista costumam ocorrer no salão nobre da entidade, onde cabem cerca de 100 pessoas.
A FPF respondeu ainda que uma segunda data seria marcada, mas ainda não informou quando. Também na última terça, foi criado um grupo no WhatsApp por onde elas vêm recebendo as orientações para atuarem na competição.
O curso em questão visa passar ao corpo de arbitragem as instruções e normas técnicas que estarão válidas para o Brasileiro.
Veja quem são as árbitras e assistentes CBF e FIFA em São Paulo:
Árbitras: Regildenia Moura (FIFA), Katiucia Lima, Adeli Monteiro, Fernanda Ignacio
Assistentes: Tatiane Sacilotti (FIFA), Renata Ruel, Fabrini Costa, Marcela Almeida, Leandra Aires, Patrícia de Oliveira, Amanda Matias, Veridiana Bisco
Confira a íntegra da resposta da FPF:
- Por que a FPF não chamou as mulheres?
Devido à limitação de espaço físico na FPF, e ao pouco tempo hábil para organizar o encontro a partir do comunicado enviado pela CBF, optou-se por, em um primeiro momento, reunir os 20 árbitros, 20 assistentes e 12 avaliadores de arbitragem mais bem avaliados na última temporada. Importante frisar que o teste físico da CBF aos árbitros paulistas foi adiado por uma semana, a pedido da FPF, por conta das finais do Estadual, e será realizado nesta sexta (13). Portanto, apenas os árbitros e assistentes Fifa do quadro paulista, por terem realizado testes físicos na Conmebol, têm atualmente a aprovação para atuarem nas competições profissionais do Campeonato Brasileiro. Por conta disso, nenhum árbitro ou assistente do quadro paulista está escalado para a rodada inicial do Campeonato Brasileiro. A FPF já entrou em contato com a CBF, que respaldou a aplicação do mesmo conteúdo, nos próximos dias, ao quadro masculino e feminino que não participou do primeiro encontro. Não houve nenhum tipo de discriminação.
- O trabalho dessas profissionais será comprometido no Brasileiro? Isto é, elas não poderão ser escaladas para atuar no campeonato?
Nenhum trabalho será comprometido. Somente após o teste físico da CBF será conhecido o quadro paulista completo, masculino e feminino, apto a atuar nas competições profissionais de 2018.
- No ano passado, a reunião se deu no mesmo lugar (hotel) e não haveria problema de serem todos juntos. O que mudou neste ano?
Devido ao pouco tempo hábil para a reserva do espaço, optou-se, sempre em contato com a CBF, utilizar um espaço na própria FPF, evitando despesas extras, dividindo em dias separados, sem qualquer prejuízo à preparação paulista para a arbitragem no Brasileiro.
Arbitragem paulista exclui mulheres de orientações para o Brasileiro
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