Ronda, o presente e o futuro em questão de segundos
No fim, talvez fosse apropriado que o retorno de Ronda Rousey e que, talvez, sua carreira no UFC terminasse em questão de segundos.
Afinal, foi Ronda quem construiu sua reputação no primeiro round, diante de oponentes inconscientes que ela tinha nocauteado. Antes de sua primeira derrota na carreira para Holly Holm, em novembro de 2015, ela tinha finalizado cada uma das suas quatro adversárias em 66s ou menos; 11 de suas 15 vitórias no MMA, contando profissional e amador, aconteceram no primeiro minuto do primeiro round.
Na noite desta sexta-feira, os papéis foram invertidos, com Amanda Nunes partindo para cima de Ronda assim que a luta começou, soltando um golpe atrás do outro com a poderosa antes de o árbitro Herb Dean entrar em cena e parar o combate após 48s.
Foi uma espécie de fim triste a uma carreira surpreendente de uma lutadora que pode se aposentar como uma das maiores estrelas na história de MMA e a figura mais transformadora da luta feminina.
Ronda parecia não estar familiarizada com o octógono nesta sexta-feira, seguindo o roteiro que ela desenhou durante a semana que antecedeu a luta, quando continuou seu boicote aos meios de comunicação e se recusou a conversar com repórteres de MMA que a cobriam quando ninguém sabia quem ela era. A atitude de Ronda durante a semana da luta, no entanto, parecia mais fabricado do que focado. Ela não parecia ser ela mesma, parecia estar agindo como os badass esperavam que ela fosse, muito mais do que a pessoa que viemos a conhecer e amar nos últimos cinco anos.
Fama, pressão e altas expectativas podem mudar as pessoas, e a transformação de Ronda de campeã invencível a perdedora dolorida foi talvez o aspecto mais triste, naquele que pode ser o capítulo final de sua carreira no MMA. Derrotas são inevitáveis no UFC, mas como um campeão lida com essa perda é muitas vezes mais revelador do que como lidar com vitórias.
Será que eles encaram as mesmas câmeras e microfones que ajudaram a espalhar sua mensagem e construir sua marca quando eles estavam vencendo após uma derrota? Ou eles correm e se escondem?
Será que eles aproveitam a oportunidade para mostrar como um campeão pode perder graciosamente e rapidamente se preparar para uma revanche? Ou eles desaparecem?
Não era assim que os sonhos de Ronda (ou os nossos sonhos para ela) deveriam ser cumpridos. Mas, novamente, o que Ronda se tornou não era realmente um sonho, era um subproduto do sucesso que ela sonhava em ter no octógono. Tornar-se uma marca global, ganhando patrocínios de todos os lados, de Reebok a Pantene, estar em grandes filmes e ser a host do "Saturday Night Live" não estavam realmente no seu radar quando ela estava morando em um carro há oito anos.
O objetivo de Rousey no ano passado era se aposentar invicta e fazer uma transição perfeita para o próximo capítulo de sua vida, onde ela se tornaria uma atriz que renderia as maiores bilheterias do mundo.
Claro, ela nunca chegou a se aposentar invicta. Esse sonho terminou há um pouco mais de 13 meses, quando Holm chocou o mundo com um nocaute no segundo round na Austrália. A derrota foi tão devastadora e embaraçosa para Ronda que ela revelou ter até pensado até em suicídio. Ela pensou que não era nada. Ela pensou que ninguém se importaria com ela porque ela perdeu. Ela pensou que era um fracasso.
Ela estava errada.
É natural sentir que sua autoestima está ligada ao seu sucesso no octógono quando você é chamada de "a mulher mais malvada do planeta". Você acha que a única razão pela qual alguém quer trabalhar com você ou falar com você é porque você está demolindo seus oponentes em questão de segundos. Mas a verdade é que, quando ela sofreu sua primeira derrota, a Ronda celebridade já havia transcendido o que ela fazia dentro do ringue. Ela não era mais definida por ser campeã feminina de peso galo do UFC.
Isso é quase impossível de imaginar, mas ela apresentou o "Saturday Night Live", foi em "Ellen" e "Conan" e estava na capa de revistas, tudo isso depois que ela perdeu. Isso provavelmente não vai mudar após a derrota de sexta-feira. A carreira de Ronda no octógono pode parecer ter acabado, mas ela não vai desaparecer do centro das atenções se ela optar por se aposentar. Ela fará a transição para uma carreira de atriz. E pode até mesmo tentar reavivar sua personagem invencível na WWE e ser a grande manchete da franquia, como ela fez no WrestleMania, ao invés de seguir nos pay-per-views do UFC. Mas ela ainda é uma atração. O UFC 207 atraiu uma multidão de 18.533 pessoas na Arena T-Mobile nesta sexta, o maior público que já testemunhou um card do evento em Las Vegas.
O próximo capítulo da carreira de Ronda está esperando para ser escrito, mas provavelmente teremos que esperar até sua próxima aparição em um talk show para descobrir se ela está finalmente pronta para passar para esse próximo capítulo.
Após a derrota, Ronda deixou a arena como ela entrou na sexta: rápida e calada.
*Tradução livre de Ricardo Zanei. O conteúdo original, em inglês, pode ser encontrado em "Rousey's handling of defeat was telling as future remains in doubt".
Fonte: Arash Markazi, para o ESPN.com*
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