James Harden nunca será campeão da NBA jogando dessa forma
Veja bem, não sou eu que estou falando isso.
Kobe Bryant, menos de um ano antes de nos deixar, em entrevista à ESPN em fevereiro de 2019, já cantou essa bola. "Eu não acho que esse estilo (de James Harden) jamais vai ganhar títulos", disse.
Kobe sabia porque, afinal, passou por isso. Ele teve suas temporadas mais monstruosas em termos de estatísticas individuais entre 2004 e 2007. Era o melhor jogador do planeta à época. Em 05-06, teve o famoso jogo de 81 pontos, maior número de pontos por um atleta da NBA até hoje tirando os 100 pontos de Wilt Chamberlain. Bryant era imparável. Assim, como Harden, tinha as estatísticas, recordes diários, mas e o time? Os Lakers nesse período não foram além da primeira rodada dos playoffs.
Mas no caso de Harden é até diferente. O estilo aplicado pelo Houston Rockets, que em alguns momentos você tem dúvidas se de fato é o esporte de bola ao cesto mesmo, é fadado ao fracasso. O barbudo pode fazer lances maravilhosos, flertar com números de Michael Jordan e Wilt Chamberlain, mas enquanto ele bate bola por 20s na frente do garrafão e seus quatro companheiros de equipe ficam estáticos no perímetro olhando, os Rockets serão presa fácil para qualquer bom time com um bom técnico na NBA. Ao optar por abrir mão, literalmente, dos pivôs, Houston causou incômodo para algumas equipes, mas para ficar entre as grandes, ficou com um jogo "manjado".
Afinal, é mais fácil armar uma defesa quando você sabe que não terá nenhum atleta sequer fazendo presença no garrafão, com quatro parados e a bola só sendo passada de um único ponto, não?
A exceção foi em 2018, quando abriu 3 a 2 na final do Oeste contra os Warriors. Não fosse a lesão de Chris Paul, poderíamos ter visto um cenário diferente. Mas era justamente Paul que dava um equilíbrio maior para Houston em termos de achar espaços, criar jogadas e não centralizar tudo em Harden.
Frank Vogel conseguiu conter (apesar das médias de 29,3 pontos, 4,3 rebotes e 7,3 assistências de Harden na série) o astro dos Rockets com dobras inteligentíssimas, forçando a bola longe do camisa 13, para fazer a redonda girar entre o restante dos jogadores de Houston, sem tempo de voltar para Harden antes do fim dos 24 segundos.
É claro, as estatísticas avançadas diziam para os Rockets que essa era a melhor forma de jogar. E Harden não é "culpado" por esse estilo. Mike D'Antoni ofereceu a chance de em toda santa posse uma superestrela fazer o que quiser, literalmente, com a bola, sem medo de errar ou preocupações de fazer a bola rodar. Quem diria não?
A legião de fãs nas redes sociais que colocam Harden no patamar de Jordan, ou até Kobe Bryant, como pontuador certamente curtiu esse período. Mas já imaginaram se Jordan e Kobe, criados no sistema do triângulo de Phil Jackson, que tinha como premissa fazer a bola girar no ataque e ter mais do que um ponto focal, tivessem tal liberdade de em 100 posses simplesmente fazerem o que quisessem? Seria covardia.
Harden é um gênio, já vai para 31 anos. E a melhor chance dele ganhar um título está agora, com Mike D'Antonio chegando ao fim de seu contrato com os Rockets e não renovando. O próximo que vier, se conseguir fazer Houston ter outras opções de jogada, movimentar a bola e ter Harden como um facilitador, se movimentando mais e matando bolas decisivas, é certeza de sucesso.
Por mais que nós sejamos apegados às estatísticas e história sendo feito diante de nossos olhos, o basquete é um esporte coletivo. E sozinho, por mais monstruoso que alguém seja, não irá ganhar.
Michael Jordan teve suas melhores temporadas individuais em termos estatísticos nos anos 80, passou longe dos títulos. Se tornou a lenda Jordan quando veio um técnico que o obrigou a jogar num sistema coletivo. MJ continuou sendo cestinha, MVP, mas colecionou taças.
Kobe Bryant passou pelo mesmo processo. Precisou de companheiros melhores e a volta de Phil Jackson para voltar a ganhar títulos. LeBron James, idem, suas melhores temporadas e sucesso vieram quando tinham outros caras na quadra para atrair marcações, conseguirem criar espaços, chutes.
James Harden ainda é um talento subaproveitado. Mas isso pode mudar com a saída de Mike D'Antoni.
James Harden nunca será campeão da NBA jogando dessa forma
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