Meu sonho era ser Kobe Bryant
Kobe foi draftado em 1996. Eu nasci no ano seguinte, e dez anos depois comecei a jogar basquete competitivamente. Antes disso, me apaixonei pelo esporte de tanto assistir partidas com meu pai. De 2007 a 2012, joguei campeonatos estaduais e sul-americanos, e meu sonho era ser Kobe Bryant!
Toda criança e adolescente tem isso: imitar um movimento, uma comemoração, passar noites e noites vendo lances - ao vivo e melhores momentos. Com toda a minha geração, este espelho foi ele.
Sozinho, em qualquer quadra que fosse, puxava a camisa pela entrada da manga regata como ele fazia. Me imaginava ganhando um título da NBA e subindo na mesa ao centro da quadra e abrindo meus braços do jeito que ele eternizou em 2010. A grande maioria das cestas que fiz durante minha 'carreira', comemorei com o braço dobrado e o punho, fechado, em frente ao meu rosto, como tanto o vi fazer. Sonhava com o dia em que ia jogar contra ele.
Sequer cheguei perto de ser jogador profissional, mas Kobe ainda definiu meu futuro. Decidi trabalhar com esporte por causa da NBA. E muito do meu amor pela NBA veio por causa dele. O basquete é uma bússola na minha vida, assim como na de tantas outras pessoas, e foi ele que me fez escolher o Jornalismo.
Mas muito além disso, esse esporte criou meus círculos de amizade e colocou inúmeras pessoas tão importantes na minha vida. Me fez mais próximo do meu pai e me ensinou as principais coisas que sei. E falando em ser pai, Kobe foi com P maiúsculo - e se como jogador não fui como ele, que eu seja para meus filhos que algum dia virão o que ele foi para Gigi, Bianka, Natalia e a bebê Capri.
Se sonhei em ser Kobe quando mais novo, atualmente sonhava em um dia entrevistá-lo.
Em sua aposentadoria, chorei. Com sua carta, 'Dear Basketball', chorei mais ainda. Ontem, sequer consegui digerir o que aconteceu.
Como disse André Kfouri, Kobe foi o Jordan de quem não viu Jordan. Além disso, foi o Jordan da era digital. A carreira inteira de Bryant, do primeiro ao último dia, está documentada, viralizada e compartilhada nas redes sociais.
No Brasil, Kobe é um dos esportistas mais amados da história. Seu auge correu lado a lado com a globalização da NBA, muito por causa de David Stern, que também nos deixou há pouco tempo. Jogou a carreira inteira em uma franquia popular e vencedora, e por lá venceu. O brasileiro ovaciona Kobe Bryant, e sua camisa é marca registrada em parques, rachões e praias por todo nosso país.
Seu legado como jogador, personalidade e pai é imensurável, e seguir exaltando seus feitos é chover no molhado. Ele podia ser amado ou odiado por jogar nos Lakers, por sua mentalidade, por seus erros ou acertos dentro de quadra... Mas ele sempre foi respeitado e reconhecido como o que é: uma lenda. Kobe rompeu as barreiras do esporte e do clubismo e se tornou um astro além de seu nicho - coisa que pouquíssimos conseguem. Resta agradecer por tanto.
Então, obrigado por toda noite mal dormida por causa do fuso horário da Califórnia. Obrigado por todo arremesso completamente irracional que caiu e que me fez tomar broncas em quadra ao tentar imitá-los. Obrigado pelos títulos, pelas marcas e pelas frases. Obrigado por ter moldado toda uma geração. Obrigado por ter me ajudado a escolher o meu futuro.
Obrigado, do fundo do meu coração, Kobe!
Meu sonho era ser Kobe Bryant
COMENTÁRIOS
Use a Conta do Facebook para adicionar um comentário no Facebook Termos de usoe Politica de Privacidade. Seu nome no Facebook, foto e outras informações que você tornou públicas no Facebook aparecerão em seu cometário e poderão ser usadas em uma das plataformas da ESPN. Saiba Mais.