De Cristiane às ginastas dos EUA: na retrospectiva das mulheres no esporte, a palavra-chave é 'coragem'
UFA! Chegamos aos últimos dias desse intenso 2017. E enquanto vamos nos aproximando de um novo ano, iniciamos os planos, traçamos nossas metas e fazemos as nossas reflexões. Gosto da definição de Ano Novo dada no texto creditado a Carlos Drummond de Andrade, em que ele fala que “os doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos.
Então, entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez com outro número e outra vontade de acreditar que daqui pra adiante vai ser diferente”. É uma boa maneira de dizer: avante! Na retrospectiva das mulheres no esporte, a melhor palavra que encontrei para definir esses doze meses foi CORAGEM.
Coragem da tenista que finalmente realizou o sonho de ser mãe, a super atleta, que iniciou o ano numa performance incrível no Australian Open, alcançando o título de número 23 em Grand Slam. Mal sabíamos que Serena Williams fez o que fez grávida de oito semanas! E a norte-americana retorna às quadras neste sábado, num torneio de exibição que até pouco tempo era disputado apenas por homens. Como sempre, ela, rainha!
Começou em Hollywood, passou pela política e chegou ao esporte a forte corrente mundial que tem denunciado os abusos de monstros que cruzaram os caminhos de vítimas de assédio sexual. O “#MeToo” ('eu também', em inglês) deu força e voz às denúncias nas redes sociais para que as histórias fossem levadas a sério. Dor de muitas e dor dourada, como a das ginastas e estrelas norte-americanas que contaram sobre o ex-médico da seleção de ginástica dos EUA, Larry Nassar. Viva as corajosas McKayla Maroney, Aly Raisman, Gabby Douglas e tantas outras.
Coragem, aliás, não tem faltado a Pamela Chen, juíza responsável pelo maior caso de corrupção da história do futebol. Num ambiente fortemente dominado por homens, tem sido papel de uma mulher conduzir o julgamento de cartolas relacionados à Fifa e envolvidos num esquema milionário.
Chen, a primeira lésbica de origem asiática a ocupar a função na Justiça federal dos Estados Unidos, é filha de imigrantes chineses, foi nomeada por Barack Obama e tem demonstrado ao longo do extenso julgamento na corte do Brooklyn ser muito competente e rígida. É ela quem vai definir a pena para José Maria Marin, ex presidente da CBF, acusado de receber propina.
Coragem para recomeços também marcou 2017. A russa Maria Sharapova retornou às quadras depois de cumprir suspensão por doping. Para quem achava que era a hora de a tenista sair do circuito, ela se esforçou por uma nova oportunidade, apesar das críticas e do ano difícil que teve.
O futebol feminino foi super destaque em números neste 2017. Recordes de audiência em África, Europa, Ásia... momento único! Mas foi o que aconteceu fora das quatro linhas que chamou mais atenção.
Em setembro, nos emocionamos com a Cristiane, ao anunciar sua aposentadoria da seleção brasileira. A jogadora manifestou também sua insatisfação com a demissão de Emily Lima, primeira mulher a comandar o time no Brasil. Nasceu um manifesto, veio a tentativa de uma comissão especial na CBF e os percalços de sempre dessa luta que segue. Não desistam meninas!
Na Argentina, as corajosas jogadoras do país se posicionaram sobre as condições de trabalho e os 150 pesos recebidos, cerca de R$27,00 por um dia de treino. Servir a seleção é, no caso das mulheres, ter que conciliar a rotina com outro emprego.
Mundialmente, declarações e debate similares foram os passos dados em 2017 para uma jornada importante e contínua. Que a coragem de vocês siga expondo as federações que não apoiam as mulheres; que o diálogo seja aberto, franco, direto, nessa batalha, que como frisou Cristiane, pode não mudar a vida agora, mas mudará no futuro.
Teve mais coragem! Anna Muzychuk, a bicampeã mundial de xadrez que se recusou a disputar o mundial na Arábia Saudita por não querer ser tratada como “objeto”, nem ter que vestir a abaya, a túnica tradicional que as sauditas são obrigadas a usar quando se apresentam em público. Com a desistência, a croata perdeu dois títulos mundiais conquistados anteriormente e chance de embolsar um prêmio de R$ 6 milhões.
Que em 2018 continuemos com a nossa mesma coragem. Que se multipliquem as nossas conquistas, as nossas superações, os nossos exemplos! Um novo ano se aproxima, cheio de páginas em branco...vamos colorir?!
De Cristiane às ginastas dos EUA: na retrospectiva das mulheres no esporte, a palavra-chave é 'coragem'
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